Jornal Estado de Minas

FLEXIBILIZAÇÃO

COVID-19: Reabertura do turismo na Serra do Cipó divide opiniões

Minas Gerais. Santana do Riacha. Pandemia COVID 19. Decreto Municipal que determina abertura parcial do Turismo na Serra do Cipó divide opiniões. Na foto, Júlio Barroso dono da pousada Carumbe e presidente da associação comercial da serra do cipo. (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press. Brasil. )
Enquanto alguns empresários e trabalhadores comemoram a volta parcial das atividades turísticas a partir desta quinta-feira (11), moradores e associações comunitárias da Serra do Cipó, com roupas pretas, máscaras, luvas e álcool em gel,  protestaram na ponte que liga os municípios de Jaboticatubas e Santana do Riacho nesta quarta-feira (10) contra a abertura parcial do turismo e do comércio no local.


A partir do feriado de Corpus Christi, entra em vigor o Decreto nº 041/PM511/2020, que autoriza a retomada de bares, restaurantes, pousadas e outras atividades econômicas não essenciais. Mesmo com uma série de regras de segurança impostas, moradores manifestaram repúdio à medida na ponte onde começa o distrito de Cardeal Motta.
Os contrários à flexibilização denunciam a falta de condições sanitárias do município para cuidar de pacientes com suspeita do novo coronavírus. Por outro lado, apoiadores da volta às atividades defendem a retomada com cautela, uma vez que não há casos de COVID-19 confirmados na região. 

Apesar dos cuidados, como o uso constante de máscaras e capacidade máxima de 50% de ocupação nas pousadas, todas as cachoeiras e atrativos naturais permanecem fechados, assim como o Parque Nacional da Serra do Cipó.


Empresários e comerciantes que estão há meses sem abrir as portas e anseiam por um respiro nas contas, alegam que estão com reservas lotadas até julho. Enquanto isso, outros donos de pousadas, moradores e a comunidade em geral questionam a medida e alegam que, no caso de uma disparada da doença na região, não há estrutura necessária nem para primeiros-socorros. Um ofício pedindo o cancelamento da reabertura foi enviado pela Câmara dos Vereadores ao prefeito.
 
 
 
Apesar da flexibilização, pelo menos duas pousadas contatadas pela reportagem nesta quarta-feira informaram que não vão abrir. O dono de uma pousada e morador, que preferiu não se identificar, conta que recusou quatro reservas em um dia e que, em uma delas, ao cancelar, o cliente chegou a abrir reclamação em um site de hospedagem. “Os turistas vêm se divertir e desanuviar neste momento de pandemia aqui na Serra, mas não estão preocupados com saúde das pessoas do lugar”, conta.

Em outra pousada, o relato é de insistência constante por parte dos hóspedes. “Querem fazer reservas sem café da manhã, sem troca de roupa de cama, o que é proibido. Propõem condições absurdas, só para que aceitemos a reserva, sendo que a pousada é também a minha casa e de minha família, e, portanto, não dá para arriscar a vida deles, mesmo necessitando muito do dinheiro”, desabafa o dono. 


 
 
 
Para Júlio Barroso, empresário e  presidente da Associação Comercial da Serra do Cipó, a flexibilização chega em hora certa e está seguindo todos os trâmites necessários para acontecer. Representante de 45 associados, entre bares, pousadas, restaurantes, atrativos e prestadores de serviço, lembra que as regras de higiene e de não aglomeração serão seguidas à risca.

Barroso, que é dono da pousada Carumbé, diz que está com seus 11 quartos (metade da capacidade) reservados até o terceiro fina de semana de julho. “Mantive os 30 funcionários da pousada por conta das reservas e da ajuda do governo, com a suspensão temporária dos contratos. Empregamos muitos moradores locais e estamos seguindos as regras. Aos poucos, todos vamos nos readequando”.

Nada de shows

O decreto mantém ainda, por tempo indeterminado, a suspensão de casas de shows e eventos, salões de festas e centros comunitários, clubes, praças esportivas públicas e privadas. O uso das máscaras faciais é obrigatório para entrar em quaisquer dos estabelecimentos autorizados nesta fase. 


No ofício enviado ao prefeito contra a flexibilização, os vereadores lembram a falta de estrutura da região e alegam que a abertura traz insegurança à população. “Diante de todo o exposto venho através deste dar conhecimento da situação expressar a preocupação surgida após a edição do último decreto”. O oficio é assinado pelo presidente da Câmara, vereador Neilton da Paz Marques, que informou que, somente em suas redes sociais, “mais de 500 pessoas expressaram discordância com a medida”.

Veja como está hoje a estrutura da Serra do Cipó:

Não estão abertos:


Poderão retomar ao funcionamento, de forma monitorada e em escala reduzida, as atividades comerciais dos estabelecimentos abaixo:

Horário de funcionamento

Os estabelecimentos flexibilizados para funcionamento aberto ao público também deverão cumprir o seguinte horário nos períodos:

Lapinha da Serra

A liberação não se aplica ao povoado de Lapinha da Serra, sede e demais comunidades rurais. O decreto manteve a suspensão até o próximo dia 24 para as atividades comerciais e prestação de serviço não essenciais nessas localidades.


Próxima etapa


O decreto de flexibilização informou ainda as próximas etapas de liberação das atividades. A partir do próximo dia 25, poderão retornar ao funcionamento, de forma monitorada e em escala reduzida, pousadas, bares, restaurantes e lanchonetes em todas as localidades do município.

Atrativos turísticos no distrito da Serra do Cipó também serão permitidos, desde que possuam mecanismos de controle de entrada e saída de pessoas de forma mecanizada/automatizada, com portaria de controle de acesso.

Somente a partir do dia 25 serão permitidas áreas de camping e outros meios de hospedagem localizados no distrito da Serra do Cipó. Receptivos turísticos, guias de turismo, condutores locais, operadores de atividades e transportadoras turísticas também só retomam a partir da segunda fase.


Coronavírus na cidade


Para evitar a propagação do coronavírus, a cidade estava com as atividades turísticas suspensas desde 27 de março deste ano.

Santana do Riacho não teve, oficialmente, nenhum caso de coronavírus registrado até o momento. Foram 33 casos notificados e nove casos descartados para COVID-19. Segundo a prefeitura, um caso é monitorado (paciente que não se enquadra para realização de teste); 23 pacientes estão em alta do isolamento domiciliar (apresentaram melhora 14 dias após o início dos sintomas), mas não foram testados, o que não permite contabilizá-los como positivos para a doença.