Jornal Estado de Minas

Pressão na Grande BH

Municípios do entorno de BH enfrentam escalada da COVID-19

Trânsito pesado na cidade industrial de Contagem, município mais atingido pela doença, com 389 infectados (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 27/4/20)


O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou ontem que a disseminação do coronavírus pelo interior do país é a maior preocupação no momento. Durante reunião ministerial no Palácio da Alvorada, o general disse que “nas grandes capitais já aconteceu a passagem e já diminuiu bastante o número de óbitos. Agora a pandemia está se espraiando (alastrando) pelo interior”. Mais tarde, em audiência na Câmara dos Deputados, Pazuello disse que o impacto da COVID-19 já ocorreu nas capitais e regiões metropolitanas. Na prática, a avaliação do general não se aplica à Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo os dados oficiais das prefeituras, o curso da doença está só começando nos municípios do entorno da capital mineira.



Boa parte das 34 cidades da RMBH viu aumento significativo no número de casos de infecção por coronavírus e mortes por COVID-19 desde o início deste mês. Ainda assim, em geral, os municípios menores da região têm registrado poucos casos e óbitos pela doença. Até ontem, as cidades da região, excluída a capital, tinham juntas 1.955 casos e 56 mortes, contabilizados desde o início da epidemia.



Os números estão concentrados nas maiores cidades: seis têm 64% dos casos, enquanto 27 dos 34 municípios registraram uma ou nenhuma morte. Já no boletim da Secretária de Estado de Saúde de ontem, atrasado em relação aos das prefeituras, a região contava com 1.748 casos e 48 óbitos da doença.

Enquanto isso, a disseminação da doença em Belo Horizonte continua, mesmo que a um ritmo menor do que já registrado. Segundo os boletins da prefeitura da capital, a média de novos casos diários caiu entre as semanas de 25 a 29 de maio e 1º a 5 de junho: de aproximadamente 224 para 105 casos por dia. Por outro lado, a média de mortes por dia passou de 1,5 para 2 entre os dois períodos. De acordo com o boletim de ontem, BH contabilizava 2.549 casos e 62 mortes no total.


(foto: Arte EM)


Depois da capital, Contagem é a cidade mais atingida pela COVID-19 na região, com 389 casos e 17 mortes. Desse total, 202 infecções e cinco óbitos foram confirmados desde o dia 1º. Já dos números acumulados de Betim, 163 casos e nove óbitos foram registrados em junho, do total de 284 infecções e 17 mortes. Em Nova Lima, ocorre o mesmo curso. Enquanto o boletim mais atualizado traz 255 casos e uma morte, o de 1º de junho informava 164 casos e nenhum óbito na cidade.

Outro município da RMBH que passa por uma escalada no número de casos é Jaboticatubas. Com menos habitantes que as maiores cidades da região, a prefeitura contabilizava ontem 116 casos e um óbito pela COVID-19. Em 28 de maio, eram 78 casos e em 1º de junho, 100. Desde o início do mês, Itatiaiuçu registrou 22 novos casos, chegando a um total de 32, além de uma morte. Em Esmeraldas, o número de casos dobrou entre 1º e 9 de junho: de 14 para 28. A cidade ainda não registrou nenhuma morte.

Comércio de Nova Lima: cidade viu alta de casos de contaminação de 164 para 255 no começo deste mês (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A PRESS %u2013 21/5/20 )
Taquaraçu de Minas é a única cidade que não reportou nenhum caso de COVID-19 na região metropolitana da capital mineira. Já em Baldim, a prefeitura divulgou que o vírus infectou duas pessoas no último dia 6. Nova União também conta com dois casos confirmados, registrados em 27 de maio e 2 de junho. Sem nenhuma morte, essas três cidades têm a situação mais controlada da região.



Cerco Em Minas Gerais, o coronavírus se propaga mais rápido no interior do que em Belo Horizonte. Segundo análise do Estado de Minas com base em dados da Secretária de Estado de Saúde (SES) referentes a maio, o vírus se disseminou 2,7 vezes mais no interior do que na capital. No mês, o número de casos cresceu 203% em BH, ante 549% nas demais cidades. Enquanto o número de óbitos teve alta de 226% no interior, na capital a variação foi de 145%.



O avanço da COVID-19 sobre as cidades menores é foco de atenção não só do governo federal, como também do estadual e municipal. Em coletiva de imprensa no dia 1º, o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, afirmou que faltam recursos nas cidades do interior. “O que precisamos fazer é isolar realmente onde está esse surto de forma que não venha propagar para toda a cidade. Precisamos cercar o surto para não sobrecarregar toda uma micro ou macrorregião”, propôs.

O prefeito de BH, Alexandre Kalil (PSD), também demonstrou preocupação com o assunto, em coletiva em 29 de maio. “As curvas (de propagação da doença) no interior estão exponenciais. Assustadoramente exponenciais. Nós aqui estamos no espírito de colaboração para avisar a todas as cidades, a Grande BH, o que está acontecendo. Cada um faz o que quer, mas nós temos obrigação de avisar o que está acontecendo no interior”, disse. *Estagiário sob supervisão da subeditora Marta Vieira