Um investigador da Polícia Civil foi preso suspeito de envolvimento em fraudes no credenciamento de fábricas e estampadoras de placas veiculares em Itaúna, região Centro-Oeste.
Ele foi detido durante a operação One Way, desencadeada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Corregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais, que investiga também crimes de cartel, associação criminosa, prevaricação, lavagem de dinheiro, dentre outras práticas criminosas.
A investigação conjunta do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Regional Divinópolis, da Promotoria de Justiça de Controle Externo da Atividade Policial de Divinópolis e da Corregedoria da Polícia Civil vem sendo realizada há sete meses.
Foram cumpridos um mandado de prisão, 29 mandados de busca e apreensão, além de medidas de bloqueio de valores, sequestro de bens e suspensão das atividades das empresas investigadas. Os mandados foram cumpridos em Divinópolis, Belo Horizonte, Itaúna, Formiga, Pará de Minas, Bom Despacho, Lagoa da Prata, Santo Antônio do Monte, Itapecerica, Itatiaiuçu e Itaguara.
São alvos da operação policiais civis, fábricas de placas veiculares, empresários e “laranjas”, que emprestavam os nomes para figurar nos quadros societários da empresa de forma a escamotear os reais proprietários dos empreendimentos. “Há indícios fortes e robustos de que eles (policiais) figuram como proprietários dessas fábricas”, afirma o promotor Leandro Willi. Essa seria a razão da interlocução e participação da corregedoria da Polícia Civil.
Durante as investigações foi identificada a participação de empresários e laranjas. “Eles emprestavam o nome para figurar como proprietários de direto dessas fábricas que na verdade eram titularizadas ou comandadas por outras pessoas que não poderiam figurar neste quadro societário”, explica o promotor. Detalhes da operação não foram divulgadas pela promotoria.
Os promotores afirmam que o objetivo foi colher materiais para provas. “A operação frisou apenas regimentar provas, outras, além daquelas que já estão produzidas, a respeito destes fatos”, afirma o promotor, Gilberto Osório. Foram apreendidos documentos, celulares que serão examinados.
A Operação One Way contou com a participação de seis promotores de Justiça, cinco servidores do MPMG e 70 policiais civis.
Os nomes dos policiais, empresários envolvidos não foram divulgados pelos órgãos. Entretanto, duas exonerações forma publicadas no Diário Oficial do Estado de Minas Gerais deste sábado (06).
O delegado regional da Polícia Civil de Divinópolis, Leonardo Pio, e o delegado-geral da superintendência de informações e Inteligência Policial, Ivan Lopes, foram afastados dos cargos. Ambos alegam que foi a pedido e dizem estar tranquilos.
Leonardo Pio afirmou que ele e equipe estão prontos para esclarecer tudo. Já Ivan Lopes diz ter achado prudente se afastar para dar mais transparência às investigações. “Vai concluir demonstrando a verdade e a verdade é uma só. Não pratiquei nada de imoral ou ilegal. A investigação será isenta e a justiça mostrará isso”, afirmou. Ambos continuam nos cargos de efetivos.
Afastamentos A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) disse que as exonerações publicadas hoje (06) são “atos da administração pública, garantidos pela legislação, demonstrando que a instituição tem como objetivo principal garantir lisura aos procedimentos investigativos e administrativos”.
Confirmou que os delegados são alvo da Operação One Way. Eles foram desvinculados dos cargos em comissão que exerciam e não dos cargos efetivos, “visto que é necessário aguardar o desfecho das investigações e/ou conclusão do processos respectivos, conforme art. 41 da Constituição Federal”.
“A PCMG reforça que não admite desvios de conduta e a chefia da instituição destaca, ainda, que sempre garantiu e assegura a total independência nos trabalhos correicionais”, afirmou em nota.
Em nota anterior, o órgão também disse estar “consternado com o envolvimento de policiais que se encontravam em exercício de cargos de chefia”.
Leia na íntegra:
“A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) manifesta que, por meio da Corregedoria Geral da Instituição, participa das investigações com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que culminaram, sexta-feira (05/06), na Operação One Way e está adotando todas as medidas administrativas pertinentes. O único policial preso, investigador, foi encaminhado à casa de Custódia da PCMG, após concluídos os procedimentos atinentes ao cumprimento do mandado de prisão temporária. A Polícia Civil reforça que não admite desvios de conduta e a Chefia da PCMG destaca que sempre garantiu e assegura a total independência nos trabalhos correicionais. Diante da ação desenvolvida, a Chefia da PCMG ressalta que já procedeu ao afastamento dos alvos da operação de suas atuais funções. Registra, ainda, estar consternada com o envolvimento de policiais que se encontravam em exercício de cargos de chefia. Outras informações serão divulgadas em momento oportuno”.