Jornal Estado de Minas

COVID-19

Decisão de abrir shopping populares foi difícil, diz infectologista

 

O médico infectologista Estevão Urbano, que integra o comitê científico que aconselha o prefeito Alexandre Kalil (PSD), afirmou que, na próxima sexta-feira (5), será possível saber qual foi o impacto da reabertura dos shoppings populares no avanço do novo coronavírus em Belo Horizonte. "Às vezes a gente erra, pensa se cometeu uma injustiça abrindo um e não outro. Faz parte do processo de aprendizado de lidar com essa situação. Se notar que erramos, vamos corrigir", afirmou.



 

Estevão Urbano afirmou que a decisão de abrir os shoppings populares foi a mais difícil que o comitê tomou, "uma balança difícil de decidir". O comitê levou em conta, ao liberar o funcionamento, o fato de que 500 a 600 vendedores, que estão nos shoppings populares, poderiam ir para as ruas para trabalhar como ambulantes, uma forma de obter renda.

 

Com a abertura dos shoppings populares, a prefeitura consegue ter formas de controlar melhor, mais do que teria se eles estivessem nas ruas. "Cerca de 500 a 600 ambulantes estariam nas ruas. Isso seria pior do que abrir. Estariam em falência e iriam para rua. E, na rua, é mais difícil fazer o controle.  É uma decisão muito difícil que pode abrir sentimento de injustiça", ponderou.

 

Na próxima sexta-feira, já terão se passado duas semanas da abertura, o que corresponde ao tempo de que as pessoas infectadas apresentam os sintomas, cerca de 15 dias. Ele lembra que o isolamento social é uma "situação dificílima" tanto para quem tem recursos para ficar em casa guardando a quarentena, quanto para quem não dispõe de recursos e precisa sair para trabalhar. "As decisões visam preservar a vida", argumentou.

 

Estevão Urbano disse que cabe aos cientistas lidar com os aspectos médicos de enfrentamento da doença e cabe aos governos, principalmente o federal, apresentarem políticas públicas econômicas para ajudar as pessoas atravessarem este momento.