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Estado de Minas ENQUANTO O CORAçãO ARDE...

Jornalista que trabalhou no Estado de Minas, Alfredo Durães morre aos 56 anos

Com mais de 30 anos na profissão, repórter veterano sofreu um AVC


postado em 23/05/2020 07:45 / atualizado em 23/05/2020 07:56

O jornalista Alfredo Durães teve boa parte da vida profissional dedicada ao Estado de Minas(foto: BETO MAGALHÃES/EM/D.A PRESS)
O jornalista Alfredo Durães teve boa parte da vida profissional dedicada ao Estado de Minas (foto: BETO MAGALHÃES/EM/D.A PRESS)
Enquanto o coração arde, é tempo sofrido de fazer obituário – palavra que dói – do veterano repórter Alfredo Durães, o colega de redação que acaba de deixar esta vida aos 56 anos, levado por um AVC. Trinta anos e um pouco mais de jornalismo rendem lembranças e histórias muito além do belo horizonte e que não cabem todas aqui, mas basta perguntar a cada repórter fotográfico que com ele viajou Brasil afora. É preciso lembrar, antes de tudo, o permanente espírito de repórter que pautou a vida de Alfredo, do foca ao sênior. A generosidade com que recebia os novatos na redação é a primeira lição, sem a empáfia de veterano sabe-tudo e com a curiosidade e a “beleza de ser um eterno aprendiz”, como ele fazia também como leitor insaciável da biblioteca da redação do Estado de Minas, de onde já estava afastado.

Nas palavras da então repórter Ingrid Furtado: “Ele me ensinou que dó era palavra masculina e me corrigia com muita indignação quando eu falava 'mas dá uma dó''. 'Ingrid, uma dó não existe, é substantivo masculino'. Era assim, cheio de cultura, carisma e honestidade”. Essencial ensinar e aprender ao mesmo tempo.

E também do Fred Bottrel: “Com o bloquinho na mão, lá foi o Alfredo saracotear pelas mesas da redação. Marlyana (a editora) tinha lhe passado a tarefa de escrever uma matéria sobre um festival de cachaça para o caderno de Turismo. Ele rodou e conversou com todo mundo, em todas as editorias. Retornou com aquele risinho no canto da boca – aquele com a sacanice própria dos moleques bons de coração que ele nunca deixou de ser. Desceu, pitou um cigarro e sentou-se para escrever o texto. Compartilhou o processo comigo, estagiário: ele estava à caça de sinônimos, a partir das referências dos colegas, vindos de tantas diferentes partes de Minas. O resultado foi um texto em que a palavra cachaça só aparecia uma vez. Dengosa, malvada, fogo, manguaça, engasga-gato, brasa, remédio, veneno, branquinha, água-benta, birita tomavam a cena e geravam, no leitor, o mesmo risinho sacana que o autor manteve ao escrever. Era um texto brilhante, cheio de vida. Uma ponte de afeto entre quem escreve e quem lê. Assim, na página de um jornal diário”.

E ainda a doce lembrança de Flávia Ayer sobre uma reportagem do Alfredo com o título “Mil estrelas no céu”: “Tinha dois meses de Estado de Minas, quando Alfredo entrevistou meu pai, apaixonado por camping, numa reportagem sobre o tema no caderno de Turismo, 11 anos atrás. Ainda não o conhecia muito bem e a coincidência fez com que nos aproximássemos. Dias depois do encontro, fui a emissária de uma garrafa de cachaça que papai endereçou a "Durães", que sempre perguntava pelo "Noronha", numa intimidade de velhos conhecidos. As entrevistas do Alfredo eram aquela boa prosa de amigos. Seu texto traduzia a alma das pessoas e a beleza dos lugares, com humor sagaz. Essa reportagem é especial pra mim, porque reconheço em cada linha os trejeitos de meu pai, que apareceu no Grande Jornal dos Mineiros de camisa de malha e sunga, como se sente à vontade em seu trailer. Só podia ser mesmo coisa do Alfredo. Meu coração hoje está um pouco apagado com a despedida desse grande jornalista. Mas com a certeza de que no céu haverá 1.001 estrelas.”

HUMOR SEMPRE

Assim era o Alfredo, sempre bem-humorado, por mais que a vida de vez em quando lhe fizesse cara feia. Dos melhores companheiros nas rodas da vida. Diversão garantida, muitas histórias se grandes risadas. “Falar bem do Alfredo era chover no molhado”, lembra o colega Serginho Xavier. Então, resumimos, nós da redação, nosso sentimento de saudade antecipada de quem conviveu com ele, nas palavras da Janaína, sua companheira: 'Ficam a dor da ausência e a gratidão da presença de Alfredo.' Vá em paz, grande amigo”.



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