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Estado de Minas

Circo em Minas ensaia projeto drive-in para superar pandemia do coronavírus

Há dois meses sem atividades, cerca de 60 circos espalhados no estado vivem situação de calamidade


postado em 13/05/2020 17:35 / atualizado em 14/05/2020 20:05

(foto: Circo Khronos/divulgação)
(foto: Circo Khronos/divulgação)


Sábado, 13 de março, noite de estreia do Circo Khronos, em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Trinta e cinco artista a postos para entrar no picadeiro. A expectativa era de casa cheia. Mas não foi o que ocorreu. Dos 800 lugares, apenas 60 estavam ocupados. Uma noite para ficar na memória. Aquela foi a última apresentação dos artistas antes da pandemia. De lá pra cá, são dois meses sem público, sem arte e sem dinheiro. Mas o show não pode parar e a reinvenção é o novo coelho da cartola. 



Seguindo um movimento que surgiu na Europa, o Circo Khronos desenhou um projeto para driblar a crise e continuar levando diversão ao “respeitável público”. O grupo vai  estrear um modelo de apresentação drive-in, onde o público acompanha o show de dentro do carro. “O circo vai ficar posicionado no centro, sem lona, onde os artistas vão se apresentar, e o carros ficam em volta, formando um círculo”, explica Luciano Rangel, gestor familiar do Khronos. “No formato que estamos montando, vai ser pioneiro aqui no Brasil”, comenta. 

(foto: Circo Khronos/divulgação)
(foto: Circo Khronos/divulgação)


Luciano garante que o modelo é seguro e a equipe vai seguir todas as recomendações dos órgãos de saúde. “Os carros vão manter uma distância de 1,5 metro. Nossos funcionários vão receber e direcionar o público devidamente equipados com máscaras e mantendo todo o rigor de higiene”, explicou. O projeto ainda precisa de liberação dos órgão de segurança de Uberaba, mas já foi aprovado na primeira fase. O circo drive-in vai ter capacidade de receber uma média de 30 carros por apresentação.

“Os circos estão parados no mundo todo. Não sabemos até quando vai isso. Temos que nos reinventar”, afirma o administrador do Circo Khronos Edilson Queiroz, de 67 anos, 60 deles dedicados à arte. Ele sabe que, agora, o malabarismo é pela sobrevivência. “O circo vive de bilheteria. Sem ela não temos de onde tirar o sustento. Se não é o povo de Uberaba, nós estávamos até passando fome”, comenta. 

A busca por novas formas de levar alegria ao público e também sobreviver tem mobilizado outros artistas que vivem do circo. As acrobacias dos Irmãos Power, circo do Rio Grande do Norte, montado em Ilicínea, no Sul Minas, vão trocar os palcos e festas de rodeio, onde costumavam se apresentar, pelas transmissões ao vivo na internet. “Estamos com um projeto de fazer lives para arrecadar algumas doações e continuar fazendo nossa arte”, conta Leandro Power, acrobata e palhaço, que nasceu no circo da família.

CIRCOS PEDEM SOCORRO

A pandemia do novo coronavírus deixou ao menos 60 circos espalhados por Minas em situação de calamidade, segundo dados da Rede de Apoio ao Circo de Minas (RAC-MG).  “A maioria das cidades está ignorando eles. Poucas prefeituras deixaram eles ficarem em local público com água e luz”, conta Sula Kyriacos Mavrudis, da RAC-MG. Ela explica que a situação das famílias circenses é ainda mais preocupante pelo fato de não terem um local fixo. “Eles são nômades. O circo é a casa e o sustento deles. Sem a bilheteria, eles não têm como sobreviver e nem onde morar”, diz Sula. 



Sem dinheiro e nem perspectiva de quando vão poder voltar a trabalhar, os donos de circos ainda precisam arcar com os prejuízos de contratos desfeitos. “Paguei R$ 18 mil no contrato de um mês no terreno aqui no parque de exposição, não trabalhei por causa da pandemia. Eles me devolveram só R$ 9 mil. Um prejuízo imenso”, lamenta o administrador do Circo Khronos, Edilson Queiroz. Ele explica que toda a estrutura usada pelo circo nas cidades onde se instalam é paga de forma adiantada. “Desde o aluguel do terreno, ligação de luz e água, tudo é pago com antecedência. Se não tem show, saímos no prejuízo”, comenta Edilson.  

(foto: Circo Casteli/divulgação)
(foto: Circo Casteli/divulgação)


Com mais de 60 anos de história, o Circo Casteli, montado no Bairro Riacho das Pedras, em Contagem, na Grande BH, também tem sofrido os impactos da pandemia. Há dois meses fechado, os 30 artistas e familiares que vivem do espetáculo estão sobrevivendo de doações. “Na questão de alimentação, até que a Prefeitura de Contagem tem ajudado e o pessoal doa muita coisa. Mas a gente precisa de uma posicionamento do governo na questão do financeiro, principalmente para a gente manter as contas”, comenta Maurílio Lincoln, responsável pelo coletivo. 

Ele reclama da falta de iniciativa pública para ajudar a categoria. “A gente não quer nenhum dinheiro de graça, a gente quer uma carta de crédito. Estamos fazendo um abaixo-assinado com outros artistas e donos de circos e parques para cobrar do governo”, afirma.

E nesse momento de incerteza, a mágica deu lugar à solidariedade. Para ajudar as famílias circenses, um grupo de artistas e donos de escolas de circos em Belo Horizonte criou uma campanha online para arrecadar doações. “Além de doação de alimentos, quem tiver interesse pode fazer contribuição financeira também”, diz Lucas de Castro, cofundador do Espaço CircoLar, e um dos organizadores da campanha. Em uma semana de mobilização, o grupo já arrecadou kits de higiene e 18 cestas básicas, que foram distribuídos em circos da Grande Belo Horizonte e de duas cidades do interior do estado. 


SERVIÇO
Locais de coleta de doações para os circos:

Espaço CircoLar
Travessa C-5, 521 Eldorado - Contagem 

Rede de Apoio ao Circo  
Rua Vital Brasil, 410, casa 03, Bairro    Liberdade. BH.

Casa Luzeiro 
Rua Dr. Argemiro Rezende Costa , 177 - Novo São Lucas. BH.

Doações online:
https://www.vakinha.com.br/vaquinha/apoie-o-circo-tradicional 


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