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Estado de Minas COVID-19

Como mães jornalistas lidam com a quarentena do coronavírus

Nossas colegas da redação do EM, em home office, contam


postado em 10/05/2020 04:00 / atualizado em 10/05/2020 17:59


Ser mãe, mulher, profissional – eis a questão. Essa é uma equação que precisa ser resolvida e, em época de coronavírus, ganha um sentido diferente. No Estado de Minas, a maior parte da equipe está trabalhando de modo remoto desde o fim de março. A urgência da notícia não cessa e, para as mães que estão em home office, um dos desafios é conciliar a atividade profissional em casa com o dia a dia com os filhos, que também estão mais tempo no lar, com as aulas suspensas. Há também quem tenha filhos adultos, mas o afastamento gera o mesmo sentimento desconfortável da ausência. Sem considerar todos os pontos negativos com a pandemia, essa acaba sendo uma oportunidade para experimentar coisas novas – novos modelos para a profissão, novas formas de se relacionar com os herdeiros, novas maneiras de usufruir a morada. E tudo é válido. A seguir, as mães da Redação dão depoimentos sobre como tem sido essa rotina, desde que tudo começou.

 

Vera Schmitz, editora-assistente de Política, mãe de Otávio, de 27 anos

 

"Meu filho Otávio não mora comigo, há um ano vive com o pai. Costumamos sempre nos encontrar, para almoçar, passar os fins de semana juntos. Agora estou preocupada. A cunhada do pai está infectada com o coronavírus, então eles estão totalmente isolados, por ordem médica – o pai, a madrasta, Otávio e a irmã. Já tem 50 dias que não encontro meu filho. Para amenizar a distância, nos falamos por vídeo. Para o Dia das Mães, havíamos combinado de nos ver de longe, mas descartamos essa ideia. A saudade é sem tamanho e, mesmo com as chamadas de vídeo, a tecnologia não consegue suprir essa falta" 

 

Teresa Caram, editora de Suplementos, mãe de Camila, de 26 anos, e Jorge, de 21

 

"Com mais de 30 anos de redação, o home office é mais um desafio a ser enfrentado, principalmente neste momento de pandemia. Ser mãe e profissional nesta hora não é fácil. É preciso organizar a rotina para equilibrar os dois lados e não deixar a angústia tomar conta. Tenho dois filhos, Camila e Jorge, e os cuidados em casa são redobrados. Até porque minha filha é médica e trabalha em hospital. A atenção com a limpeza de casa e das roupas é maior. E os afetos e carinhos ficam nas palavras e no olhar. Meu mantra diário, que repito sempre, pra mim e pra eles, é: calma, isto vai passar!"

 

Tetê Monteiro, subeditora de Cultura, mãe de Rafael, de 11 anos, e Luca, de 8

 

"Já tem 15 dias que o Rafael e o Luca estão na fazenda com o pai, mas vieram passar o Dia das Mães comigo. Tudo isso foi uma descoberta para todos. Quando os meninos ainda estavam comigo, e sem aula, deu um certo nó na cabeça. Não sabiam se estavam de férias. Montei um canto para trabalhar em casa, e para mim o home office é uma nova experiência. Primeiro eles não entendiam que era o meu trabalho, chamavam para brincar e eu respondia estar em horário de trabalho. Aos poucos começaram a entender, ver como era meu processo de produção e, curiosos, sempre perguntando sobre o coronavírus"

 

Ellen Cristie, subeditora dos portais Uai e EM, mãe de Gabriela, de 7 anos

 

"A Gabi me surpreendeu. Adora ficar em casa. Tudo tranquilo no confinamento. Costumava ter muitas atividades. Agora, quando os professores perguntam como está, fala que está 'feliz, com a mamãe e curtindo a casa'. Tem feito pulseiras, pintura. Uma das únicas coisas que fazemos é ir à casa da minha mãe – ela cuida do jardim, anda de patins, bicicleta, ajuda na cozinha. Nesses tempos, precisei exercer a paciência, a boa relação com ela, já que estamos 24 horas juntas. Estou em home office, mas ainda ligada com a notícia. Quando vejo foto da redação do jornal vazia, sinto saudades"

 

Stael de Paula, operadora de computação gráfica, mãe de Gabriel, de 22 anos, e Ana Clara, de 20

 

"Essa está sendo também uma boa experiência. Costumávamos passar muito tempo fora de casa, com a correria de todo dia, e agora é um momento de resgate. Conversar mais com eles, estreitar o contato, coisas que muitas vezes se perdem. Mas o Gabriel e a Ana Clara também estão um pouco assustados com tudo isso, com as perspectivas sobre o que vem pela frente, nesse tempo de incertezas, de inseguranças. Meu papel é dar suporte, incentivar, dizer que vai ser difícil, mas vai passar. Por outro lado, a rotina é às vezes desgastante, ter que administrar as vontades e necessidades de cada um"

 

Heliane Souza, diagramadora, mãe de Carolina (c), de 23 anos, e Isabella, de 21

 

"Essa é uma situação que gera um estado de ansiedade generalizada. Estamos com medo de sair de casa, inseguros. Mas, diante de todo o caos, tem coisas boas também. Estou bem mais próxima da Isabella e da Carolina. Continuo trabalhando em casa, mas presente com elas o tempo todo. É uma convivência muito prazerosa. Antes, com a correria do dia a dia, isso quase não acontecia. E agora criamos novos laços. Elaboramos receitas, assistimos a bons filmes, é uma parte afetiva à qual era mais difícil me dedicar. Sempre no emprego, no trânsito, elas estudando. Agora o foco se volta para a família"

 

Cybelle Fornero, diagramadora, mãe de Alysson, de 38 anos, e Kelly, de 36, e avó de Henrique, de 5, e de Fernando, de 1

 

"Tem três meses que comprei meu apartamento, e agora moro na mesma rua da minha filha, Kelly. Tenho dois netos, Henrique e Fernando. Não estamos saindo, a não ser uma para a casa da outra. Meu neto mais velho vem muito à minha casa. Tem momentos que o Henrique acha bom estar em casa com o irmão, e em outros não gosta de não poder ir ao parquinho. Entende que o coronavírus é algo ruim. Tenho outro filho, Alysson, que vive em Dublin. Em janeiro, estive lá com ele e toda a família. Ainda bem, porque foi justamente antes da pandemia e, desde que se mudou, há nove anos, não o tinha visto ainda"

 

Soraia Piva, infografista, mãe de Samuel, de 18 anos

 

"No começo, o Samuel não acreditava muito nessa coisa do coronavírus. Continuou saindo com os amigos. Agora, o máximo que faz é dar uma volta de bicicleta. Moro com ele, meu marido e minha enteada vêm nos ver algumas vezes. Acho que estou mal acostumada com a quarentena. É uma chance de estar em casa com o Samuel, cozinhar juntos, ver filmes, conversar. Adaptei-me bem ao home office. Perdemos muito tempo com a correria diária, muito tempo fora de casa, perdendo o próprio tempo dos filhos, de vê-los crescer. Acho que as pessoas terão uma visão diferente sobre a família depois que isso tudo passar"

 

Larissa Kümpell, repórter multimídia, mãe de Maria Tereza, de dois meses

 

"Sou mãe de primeira viagem. Ainda não sei como é trabalhar e cuidar de um filho. Maria Tereza está com dois meses. Estou de licença-maternidade, mas, quando tentei desenvolver um trabalho freelancer em casa foi muito complicado. Coloco ela do meu lado no escritório, mas não posso usar o fone de ouvido, por exemplo, senão não vou ver se ela chorar, engasgar. Não consigo me concentrar no trabalho. Fico o tempo todo em cima dela, vendo se está respirando (risos). Não concebo a ideia de estar longe dela em nenhum momento. Preocupo-me muito sobre como vai ser quando essa pandemia acabar"

 

Renata Neves, editora-executiva, mãe de Helena, de 13 anos, e Pedro, de 10

 

“Quando estava para voltar ao trabalho depois do nascimento da minha filha, hesitei em seguir em frente, mas meu marido discordou. Disse que meus filhos teriam orgulho de mim, também como profissional. Hoje, mais do que nunca, tenho certeza disso. Eles acompanham a minha rotina, veem o meu trabalho acontecendo. Às vezes, no meio de uma reunião remota ou enquanto estou envolvida com edição, um deles passa e me manda um beijo ou me traz um lanche. Cuidam de mim. Vê-los crescer, estando agora tão perto, o tempo inteiro, me traz enorme prazer – e alívio. Não preciso ligar para saber se estão bem, se estão seguros. Sei que estão”

 

Maria Irenilda Pereira, repórter do núcleo multimídia, mãe de Matheus, de 2 anos e 11 meses

 

"Tem sido um desafio diário, mas o pior já passou. No início foi bem difícil. Divido a guarda do Matheus com o pai dele e, quando a escolinha parou, foi um problema. Matheus é pequeno, não entende por que não pode sair, ficou agitado. Ser profissional, mãe e dona de casa é o maior desafio. Estar em home office, ao lado do filho e com as tarefas domésticas. Por outro lado, me descobri uma profissional que não imaginava. É um aprendizado enorme. E agora, com este tempo de confinamento, as coisas já estão mais leves, vamos aos poucos internalizando a nova rotina"

 

Liliane Corrêa, editora de conteúdos digitais, mãe de Rafael, de 25 anos

 

"Estou passando esses tempos na casa do meu namorado em um condomínio em Nova Lima. Meu filho, com quem eu vivo desde que era criança, agora está sozinho no apartamento que dividia com ele, no Buritis. Penso no Rafa todo o tempo. Quando faço uma comida gostosa, me pergunto se ele está comendo bem. Se está dormindo bem, se a casa está em ordem. Ele já falava em se mudar, em ser independente. É uma fase de desafios para os dois. Quando precisa, faço as compras de supermercado, levo para ele. Graças a Deus o Rafa já é, naturalmente, caseiro"

 

Rachel Botelho, subeditora do Gerais, mãe de Otávio, de 28 anos

 

"Meu filho, Otávio, mora em São Paulo há três anos. É economista. Tem uma companheira e eu agradeço, porque assim ele não fica sozinho neste momento, ainda mais que lá é o epicentro da doença no Brasil. Tenho vivido os dias de home office com meu marido, que também trabalha em casa. Transformei o quarto do Otávio no meu escritório. Ele vinha a BH a cada duas semanas, e agora parou. Não nos vemos desde o início de março e sinto sua falta. Com o coronavírus, está tudo mais tenso, incerto. Fico pensando se ele está se cuidando bem"

 

Crislaine Neves, editora do jornal Aqui, mãe de João Henrique, de 6 anos

 

"Tenho encarado este momento como uma nova tarefa. João costumava ter muitas atividades – escola, natação, judô... Eu ficava muito com essas funções, e agora a nova tarefa é dar-lhe suporte para que fique bem dentro de casa. Tem sido tranquilo. Ele já entendeu a hora que preciso trabalhar, e até viu mais de perto esse processo do meu trabalho, tem uma dimensão maior sobre o que significa isso. Tem sido um bom parceiro. Também se ocupa de algumas atividades da escola. Sobre o coronavírus, nós explicamos, ele compreende, mas às vezes diz que está com raiva do coronavírus, que quer que vá embora"

 

Bertha Maakaroun, cientista política e repórter multimídia, mãe de Barbara, de 15 anos

 

"A quarentena é necessária. Não desejada. A falta do burburinho da redação, do encontro físico com familiares e amigos... Mas, por outro lado, a quarentena se torna também um ponto de inflexão. Agora, estou mais presente e envolvida junto ao meu núcleo familiar mais íntimo, recuperando prazeres simples, trocando menos obrigações e mais sonhos e piadas. Minha filha está crescida, me renovo aprendendo muito com ela. Acho que trabalho mais na quarentena, o tempo passa sem a distinção dos dias: todos são de trabalho, mas de leveza, de trabalho entrecortado por pequenos e grandes prazeres"

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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