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Estado de Minas

Tiradentes às moscas e sem festa no 21 de abril

Sem receber visitantes na melhor época do turismo na cidade, pousadas e restaurantes suspendem contratos de trabalho durante a pandemia


postado em 21/04/2020 04:00 / atualizado em 21/04/2020 07:19

Tiradentes, no Campo das Vertentes, sente os efeitos da crise: de março a abril, a cidade costumava ter pelo menos 90% dos estabelecimentos ocupados(foto: LUIZ CÉSAR COSTA/DIVULGAÇÃO)
Tiradentes, no Campo das Vertentes, sente os efeitos da crise: de março a abril, a cidade costumava ter pelo menos 90% dos estabelecimentos ocupados (foto: LUIZ CÉSAR COSTA/DIVULGAÇÃO)

Uma cidade deserta, sem o característico turismo e com forte preocupação com a economia. Os efeitos da crise provocada pela expansão do coronavírus se tornarão ainda mais evidentes na cidade de Tiradentes neste 21 de abril, data em que o município celebra o aniversário de morte do mártir de mesmo nome, principal personagem da Inconfidência Mineira, no século 18. Com as barreiras sanitárias e os decretos impostos pela prefeitura para conter a aglomeração de pessoas, o turismo na cidade perdeu fôlego neste feriado prolongado, com o fechamento de restaurantes, hotéis e pousadas.

Para evitar mais prejuízos, muitos empresários já aderem à Medida Provisória 936 sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, que suspende temporariamente os contratos de trabalho durante o período de recessão econômica. De acordo com dados da Secretaria de Turismo local, o período de março e abril está entre os meses que Tiradentes mais recebe visitantes, com 90% da ocupação total dos estabelecimentos, muito impulsionado pela série de eventos, como a semana santa. O momento esperado hoje era semelhante, já que muitos turistas aproveitariam os quatro dias para conhecer as atrações do município, de pouco mais de 7 mil habitantes, que fica no Campo das Vertentes.

A pandemia tem afetado os pequenos e médios empresários. A presidente da Associação Empresarial de Tiradentes, Rejane Cunha, afirma que a cidade não tem outra opção senão a exploração da atividade turística: “Estamos contratando empresas de consultoria para avaliar o tamanho do impacto econômico para a cidade e ver a possibilidade de reabrir as atividades pouco a pouco. Essa perda é enorme, porque nossa cidade não possui indústrias que possam fomentar a economia. A situação é mais complexa do que de uma cidade que tem uma indústria têxtil, por exemplo”.

Atualmente, são cerca de 120 empresários cadastrados na associação, divididos entre os setores de restaurantes, hotelarias e serviços, como agências de turismo. Mas, estima-se que são mais de mil empreendedores na cidade que vivem exclusivamente do turismo na região.

A prefeitura também lançou um novo decreto recentemente que liberou a abertura dos lava-jatos, papelarias e salões de beleza, desde que evitassem aglomerações. Anteriormente, o município já tinha autorizado também o funcionamento das lojas de construção para minimizar os impactos da recessão. “Como temos muitos restaurantes e hotéis sem funcionar, seus donos podem aproveitar este momento para fazer reformas que antes eram inviáveis. Assim podemos aquecer a economia local”, ressalta o prefeito Zé Antônio do Pacu (PSDB), um dos muitos empresários afetados em Tiradentes, já que possui uma pousada que emprega oito funcionários.

FÉRIAS 

Dono de um restaurante na cidade, Francisco Rodrigues inicialmente deu férias aos 10 funcionários e posteriormente suspendeu os contratos por dois meses para tentar preservar os empregos. Enquanto isso, ele aproveita para fazer manutenção no espaço para ampliar o movimento de turistas no futuro. “O mundo todo está lidando com essa crise. Não temos muito o que fazer neste momento senão seguir as determinações no município. Estou hoje trabalhando praticamente sozinho, fazendo a limpeza e fazendo uma reforma na cozinha. Esperamos que esse período possa passar”, afirma o empresário.

A crise se tornou devastadora para todos os empresários, até mesmo quem possui pequenas empresas. Gilvânia Gonçalves é proprietária de uma pousada familiar, que emprega somente duas pessoas. Mas ela terá problemas para arcar com o aluguel, em torno de R$ 5 mil, do espaço, que fica na área central de Tiradentes. “A nossa situação é muito difícil. Outros setores da economia estão voltando aos poucos, mas nosso caso é particular. Trabalhamos para turistas, mas a cidade hoje não tem turistas. Fica difícil para honrar os compromissos, por isso temos que negociar, de repente pagando 50% do aluguel e dividindo o resto em parcelas. Ainda assim, mesmo com os gastos, acredito que ainda podemos segurar um pouco para evitar que a pandemia se espalhe pela cidade”, afirma a empresária.




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