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Estado de Minas VISUAL

Barbeiros socorrem homens desesperados por corte de cabelo e barba feita durante a pandemia de COVID-19

Com uso de material descartável, higienização, máscara e nada de conversa, profissionais atendem a clientela masculina. Preocupação de quem busca o serviço vai além da estética


postado em 19/04/2020 14:29 / atualizado em 19/04/2020 19:14

A higienização do espaço é fundamental para a segurança de todos(foto: Mynor Bejarano/Pixabay)
A higienização do espaço é fundamental para a segurança de todos (foto: Mynor Bejarano/Pixabay)


Não é estética. É necessidade.
Muitos homens de BH estão, literalmente, desesperados para cortar o cabelo e fazer a barba. Desde o decreto emitido pelo prefeito Alexandre Kalil, em 20 de março, suspendendo por tempo indetermindado atividades com potencial de aglomeração de pessoas para o enfrentamento da situação de emergência pública causada pelo agente coronavírus - COVID-19, muitos serviços, entre eles os salões de beleza e barbearias, foram obrigados a fechar.

 

Diante da demanda e da pressão dos clientes, alguns profissionais procuram se ajustar, sem abrir mão da segurança e sendo ainda mais rígidos com as regras ao lidar com o atendimento. Luiz Fernando de Melo, com 37 anos de profissão, e o irmão, Hélio Resende de Melo, com 58, comandam a tradicional barbearia Nossa Senhora Aparecida, no Bairro Caiçara, há nada menos do que 58 anos. 

 

Luiz Fernando conta que manteve o negócio fechado por um mês e, no sábado 18, atendeu pela primeira vez a um cliente com hora marcada: "É raro um homem ficar 40 dias sem cortar o cabelo. Não é estética, o pior é o incômodo. Bate o desespero porque o cabelo grande provoca coceira e irritação no couro cabeludo dos homens, chega a ser insuportável".

 

Assim, Luiz Fernando conta que pretende passar a atender a "um cliente por vez, com horário marcado, intervalo de 15 a 20 minutos para completa higienização. A porta fica fechada, usamos máscaras e luvas descartáveis e todas as ferramentas são higienizadas com álcool. O espaço também é todo limpo a cada cliente, que só entra usando máscara".

 

Luiz Fernando avisa que, com tais medidas, um ajuda o outro: "E também decidimos que não tem conversa, só o essencial. Só fazemos corte e barba, nenhum outro serviço, tratamento ou química. É o básico para que o tempo de permanência seja o menor possível. Assim, todos se sentem mais seguros. Sem conversa, serviço rápido para liberar rápido".

O cozinheiro de cerveja José Eduardo Miranda Costa, de 31 anos, não teve a mesma sorte: "Corto meu cabelo na mesma barbearia e sempre com o mesmo profissional há três anos. Faço a barba também. É no Bairro Floresta, mas está fechada. A rotina era a cada 15 dias. Agora, já passa de um mês. Meu cabelo está horrível, a autoestima fica baixa, estou parecendo um homem das cavernas. A barba até aparo com a máquina, tiro toda, já que não dá para modelar. O cabelo, infelizmente, tento disfarçar com uma pomada modeladora, mas a aparência fica largada".

 

José Eduardo conta que é difícil até procurar por outro barbeiro: "Já estou acostumado, chego, sento na cadeira e não tenho de falar nada. Ele já sabe o tipo de corte, o padrão que gosto. Então, não consigo arriscar com outro profissional. Vai que erra? Será pior. Por enquanto, vou suportando."  

 

Marcelo Ferreira da Silva, da Barbearia Marcelo, em Ribeirão das Neves, também tem atendido com hora marcada: "Um cliente por vez, uso máscara, luva e capa descartáveis, o cliente só entra de máscara, ofereço álcool em gel e o espaço é todo higienizado de um cliente para outro".

 

Dono do negócio há seis anos e com muitos clientes, Marcelo destaca que a maioria dos homens corta cabelo a cada 15 dias, mas há quem procure pelo serviço toda semana: "Tanto preciso trabalhar quanto o cliente do meu serviço. Então, tomando todos os cuidados, sendo rigoroso, atendo para fazer o básico. Todos estão conscientes de como agir".


Marcelo chama a atenção que "muitos homens, na verdade, precisam cortar o cabelo e fazer a barba porque as empresas não aceitam uma imagem diferente, precisam estar alinhados", destaca. 

Cuidado com a aparência

 

 

Já a cabeleireira Jane Barbosa, depois de anos trabalhando em salão, agora, afetada pela pandemia, faz atendimento domiciliar. Ela não faz corte masculino, mas faz barba, sobrancelha, hidratação e escova progressiva porque os homens estão cada vez mais vaidosos: "Tenho atendido a homens, todos mais jovens. A barba é uma preocupação porque fazem toda semana ou a cada 15 dias e vão aparando. Se não cuidam com frequência, o fio fica crespo, ressecado, embola e coça muito. Tenho clientes que trabalham em banco e empresários. Eles têm de cuidar da aparência para atender aos clientes, cabelo grande e barba malfeita não passam um bom aspecto".

 

Como vai até os clientes, Jane conta que usa máscara e luvas descartáveis e sempre tem álcool por perto: "O atendimento é sempre ao ar livre, seja na garagem, na varanda ou no quintal. E não tenho contato com mais ninguém da casa, somente com o cliente".
 

O GetNinjas, aplicativo de contratação de serviços, fez um levantamento mostrando que a demanda por cabeleireiros aumentou 160% na semana passada (5/4 a 11/4). No mesmo período, a busca por manicures teve 30% de acréscimo, enquanto a solicitação por depilações cresceu 59%.

 

 

 

 

 

 

 

 


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