O Banho Solidário começou suas atividades em outubro de 2016, atuando na Região da Pedreira Padro Lopes depois de constatarem que, apesar das diversas ações sociais feita em Belo Horizonte, a região apresentava ainda muitos problemas e pouco amparo."Devido a isso, convidamos voluntários para atuar nessa região. Nosso público são os usuários de crack. Na ação, oferecemos o atendimento com profissionais da área da saúde, além de café e almoço", explicou o coordenador do projeto Banho Solidário, Stephanio Gomes da Cunha.
O grupo se divide em dois turnos. O primeiro é responsável pelo banho masculino, higienização, oferecimento de roupas novas e cortes de cabelo. O segundo grupo trata do público feminino que, além de tudo que é feito no primeiro turno, ainda ganham um cantinho da beleza. Por ano, eles conseguem ajudar, direta e indiretamente, mais de 1 mil pessoas.
Porém, com o surgimento da circulação do novo coronavírus em Belo Horizonte, a dinâmica da organização precisou mudar. Ele conta que muitos moradores em situação de rua não sabem o que esta acontecendo. "Muitos estão perdidos, alguns nem sabem o que esse vírus pode fazer. Estão com medo e se sentido desamparados. Os albergues e abrigos não suportam o numero de pessoas em situação de rua", disse.
Ele ainda denuncia que os albergues e abrigos estão lotados com grande aglomeração e sem estrutura. "Os próprios moradores não estão querendo ficar dentro dos abrigos, a situação é caótica", completou. Ele contou que nesta semana ocorreu uma suspeita de coronavírus em um dos abrigos, o que desencadeou uma briga que acabou com uma pessoa machucada e levada para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Desde que começou a pandemia, o grupo se juntou com outros projetos sociais para ajudá-los. "Tem uma frente que esta fazendo açoes de entrega de alimentos e kits de higiene, tem outra equipe que esta captando doações materiais e financeiras. Centenas de voluntários - devidamente equipados e orientados por uma equipe de saúde - estão envolvidos e todos os dias estão fazendo algo para amenizar a situação das pessoas que estão em situação de rua", disse.
Eles também rodaram com um carro de som nas ruas avisando a todos da importância de se abrigar e falando sobre o coronavírus.
Entretanto, só o trabalho voluntário não é suficiente e o grupo afirma que precisa do apoio da prefeitura. "BH precisa urgentemente mais lugares para abrigar aqueles que não tem onde ficar e também para aliviar os lugares que já estão lotados", pontuou. Ele acredita que as medidas anunciadas não são suficientes.
O outro lado Mais cedo, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH)divulgou ações voltadas para a população em situação de rua. A partir da próxima semana, a adminitração municipal iniciará o serviço temporário para homens e mulheres em situação de rua que apresentem sintomas de gripe e que precisem permanecer em quarentena.
A administração ressaltou que não existem casos identificados na cidade neste público, mas já adotou ações preventivas em parceria com o Sesc, que suspendeu as atividades na unidade Venda Nova e a colocou à disposição do projeto. Inicialmente, o serviço contará com 300 vagas. No acolhimento, pessoas em situação de rua terão atendimentos de higiene pessoal e saúde, além de alimentação.
Os usuários terão acesso a quartos, alimentação, banheiros, roupas de cama e banho, produtos de higiene e cuidados pessoais. A prefeitura também anunciou que ampliará a rede da assistência social com uma unidade de acolhimento para mulheres em situação de rua, com mais 50 vagas.