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Estado de Minas

Contra a gripe e as filas

Para evitar aglomerações, vacinação contra influenza será feita também em supermercados, escolas e farmácias. Campanha começa na segunda


postado em 21/03/2020 04:00

 Paciente recebe o imunizante na campanha de 2019. Neste ano, vacina ajudará ainda a evitar que sintomas da gripe sejam confundidos com os da COVID-19 (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press %u2013 23/4/19 )
Paciente recebe o imunizante na campanha de 2019. Neste ano, vacina ajudará ainda a evitar que sintomas da gripe sejam confundidos com os da COVID-19 (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press %u2013 23/4/19 )

Supermercados, escolas e farmácias vão ajudar na campanha de vacinação contra a gripe, que começa na segunda-feira, anunciou ontem a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). A medida foi tomada para evitar aglomerações e que o público-alvo, que são as pessoas de grupo de risco do coronavírus principalmente na primeira fase da vacinação, seja contaminado durante a campanha. Apesar de não imunizar contra o coronavírus, a vacina é considerada essencial neste momento de pandemia não só para barrar a propagação da influenza, mas também para evitar sobrecarga no sistema de saúde, já que as duas enfermidades têm sintomas parecidos.
 
Junto à rede de serviços de atenção primária à saúde/estratégia saúde da família, cada município mineiro deve estabelecer as parcerias com as entidades privadas e públicas locais para a aplicação da vacina. “Neste momento, é importante vacinar o maior número de pessoas entre o público-alvo e, ao mesmo tempo, evitar aglomerações”, ressalta nota da Secretaria de Saúde de Minas Gerais. A intenção é descentralizar as áreas em que a vacina vai ser disponibilizada para diminuir a propagação do coronavírus.
 
Segundo o vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de Minas Gerais (Sincofarma-MG), Rony Rezende, as farmácias devem disponibilizar, de forma voluntária, o espaço e os profissionais. Segundo Rezende, 60 drogarias vão aplicar a vacina contra a gripe na Grande BH.
Segundo a SES, as unidades básicas de saúde (UBS) vão trabalhar em horário estendido, ou seja, também no período de almoço, noturno e fins de semana para a imunização. Dessa forma, a vacina ficará disponível por mais tempo e, assim, menos pessoas estarão nesses locais ao mesmo tempo. “Teremos um maior número de profissionais envolvidos diretamente na vacinação a fim de tornar o atendimento o mais rápido possível”, completa a SES.
 
As equipes municipais de saúde poderão também contar com a ajuda de estudantes de farmácia. Segundo a SES, as instituições de ensino superior podem fazer uma parceria com os municípios e enviar alunos como reforço para as equipes de vacinação.
Com a finalidade de evitar aglomerações e uma possível contaminação em locais de espera, as UBS vão disponibilizar um local específico para vacinação dos grupos de risco. “Idosos, pessoas com comorbidades, gestantes e puérperas, vão ser separados do local de vacinação direcionado aos demais grupos; caso não seja possível, definir filas diferenciadas para a vacinação desses grupos”, orienta a secretaria. A autoridade de saúde observa ainda que as vacinas deverão ser aplicadas em áreas arejadas. Dessa forma, os locais de convivência social, com farmácias e supermercados, terão que separar uma área aberta e ventilada para as aplicações. As escolas que estão fechadas também poderão ser abertas para a campanha.
 
Para completar, as Secretarias de Saúde devem disponibilizar Unidades Móveis de Saúde e cada cidade vai definir onde o automóvel vai ser estabelecido. Já os cidadãos com dificuldade de locomoção, idosos, acamados entre outros poderão ser vacinados em casa.

ESCALA A estratégia do governo de Minas é dividir a campanha em três etapas: a primeira, que começa NA segunda-feira, dia 23, inclui idosos e profissionais da saúde. A segunda, que terá início em 16 de abril, é direcionada a professores das escolas públicas e privadas, profissionais das forças de segurança e salvamento e portadores de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais.
 
Já em 9 de maio, será iniciada a terceira, cujo público-alvo são crianças de seis meses a menores de 6 anos, gestantes, puérperas, povos indígenas, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas, população privada de liberdade, funcionários do sistema prisional e adultos de 55 a 59 anos.

*Estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz

Mulheres lideram casos em investigação em MG


Déborah Lima

O total de casos confirmados de infecção por coronavírus em Minas chegou a 38, um aumento de 31% em relação ao balanço de quinta-feira. O salto no número de casos investigados também foi notável: 4.193 nesse balanço, contra os 2.210 do último levantamento. Outros 114 casos notificados foram descartados após exames. A informação é da Secretaria de Estado de Minas Gerais, em boletim divulgado ontem. As mulheres são em maior número entre os casos notificados.
 
Neste último balanço, 12 cidades integram a lista dos casos confirmados. Em 24 horas, três novos municípios tiveram confirmação de pacientes infectados pela COVID-19: Mariana, na Região Central do estado, Poços de Caldas, no Sul de Minas, e Uberaba, no Triângulo Mineiro. Em Belo Horizonte, 20 casos foram confirmados. O segundo município com mais casos é Juiz de Fora, na Zona da Mata, com cinco. Nova Lima, na Região Metropolitana de BH teve registro de quatro pacientes. As outras cidades que constam no balanço, têm um caso confirmado cada: Coronel Fabriciano, Divinópolis, Ipatinga, Mariana, Patrocínio, Poços de Caldas, Sete Lagoas, Uberaba e Uberlândia.
 
A capital mineira é também a cidade com maior número de notificações: 2.037. Contagem, na região metropolitana, apesar de não ter diagnóstico confirmado, é a segunda colocada, com 232 casos suspeitos. Em seguida vem Ipatinga (228 casos), Uberlândia (127) e Betim (117).
 
A nova modalidade de divulgação dos casos de coronavírus adotada pela SES-MG permite ainda uma análise sobre o perfil das vítimas infectadas. Segundo a pasta, as mulheres são maioria entre os casos de infecção notificados. Elas são 1.307. Dessas, 10,6% têm acima de 60 anos – considerado grupo de risco. Os homens formam grupo de 947 casos notificados em todo o estado. Desses, 4,08% estão acima de 60. Nos dois grupos, a maior incidência de sintomas da doença ocorre nas idades entre 20 e 39 anos.
 
Há três perfis de transmissão da doença. Os casos importados são de pessoas que se infectaram em outro país. Estes são responsáveis pela maioria das confirmações: 25 (65,79%). Em sete pacientes houve episódio de transmissão local – a identificação do caso suspeito ou confirmado em que a fonte de infecção seja conhecida ou até a 4ª geração de transmissão.
 
Belo Horizonte teve os únicos dois casos de transmissão comunitária até o momento no estado, notificados nos últimos dias 14 e 16. Esse é o tipo de transmissão que mais preocupa as autoridades por sua incapacidade de identificar a origem do vírus, ou seja, a sua cadeia de proliferação. O primeiro paciente notificado, por exemplo, não teve contato com pessoas que estiveram em países com registro da enfermidade.

Fake news com efeitos colaterais


Iracema Amaral e Larissa Ricci

Na falta de uma vacina e de antivirais específicos para tratar o novo coronavírus, pesquisadores em todo o mundo têm investigado drogas já existentes para atuar contra a COVID-19. Uma das candidatas é a hidroxicloroquina. Entretanto, médicos infectologistas ouvidos pela reportagem do Estado de Minas foram unânimes em afirmar que não existe no mundo nenhum estudo científico comprovando a eficácia do uso do medicamento para combater o coronavírus. O remédio é usado para combater malária, lúpus e outras doenças importantes. E o resultado dessa especulação é que pessoas que realmente precisam do remédio não têm encontrado o medicamento para comprar nas farmácias. Há quem já esteja fazendo estoque sem nem mesmo uma comprovação para o uso do remédio, que provoca efeitos colaterais.
 
A assistente em administração Cynthia Santos Menezes, de 30 anos, é filha de Maria Elizabeth Santos Menezes, de 65, portadora de lúpus – uma doença autoimune que pode afetar a pele, os rins, o cérebro e outros órgãos – e usa medicamento com sulfato de hidroxicloroquina diariamente. Ontem, se surpreendeu quando procurou o remédio em diversas farmácias e se deparou com a informação: produto esgotado. "Minha mãe me procurou muito feliz contando que o medicamento que ela usa poderia curar o coronavírus. Na hora que ouvi isso, já senti um frio na espinha. Nós, que somos de uma geração mais nova, já estamos mais acostumados com os efeitos de notícias falsas pelas redes sociais. Na hora imaginei que haveria uma corrida às farmácias pelo medicamento. Quando ligamos para as farmácias onde estamos acostumadas a comprá-lo, já foi tarde", contou.
 
Foi quando ela divulgou um áudio por WhatsApp e recebeu retorno de várias pessoas informando que estavam na mesma situação. Tanto pessoas com lúpus quanto pacientes com outras doenças crônicas, como artrite. Pelo Instagram, a engenheira ambiental Cecília Abreu, de 30, também se manifestou sobre o esgotamento do remédio, que também é indispensável para ela: "Galera, o medicamento que 'tá rolando' que trata o coronavírus é o mesmo que tomo para minha doença autoimune, lúpus. Quando recebi a notícia, já era tarde. Compraram todos os remédios de todas as farmácias", lamentou. A jovem pediu ajuda para alguém que comprou pudesse vendê-lo. "Tenho remédio até domingo. Não posso ficar sem tomar."
 
Ela conta que faz uso do medicamento desde os 18 anos, diariamente. "Recebi a notícia logo que o medicamento tinha sido aprovado como cura e tratamento da pandemia. Pesquisei e percebi que não tinha nada conclusivo. Sabia que o remédio seria varrido das prateleiras das farmácias então logo corri, mas já era tarde. Os estoques zerados em toda a capital."  Ela conta que tenta criar uma rede de apoio de pessoas que precisam da medicação. "Recebi pedido de uma senhora com artrite reumatoide, uma grávida portadora de lúpus. Muitas pessoas desesperadas sem medicação, como eu, pegas desprevenidas", complementou.
 
Cynthia explica que o lúpus é uma doença que precisa ser muito bem controlada, pois pode atingir formas muito agressivas. "É uma doença que pode deixar a pessoa cega, com insuficiência renal aguda ou crônica, problemas hepáticos (no fígado), nos ossos, na pele, nos pulmões, enfim, é uma doença que ataca de forma sistêmica. Isso, por si só, já é extremamente problemático, mas em um contexto de pandemia por covid-19 torna-se mais um fator de risco. Basicamente uma pessoa sem tratamento nesse contexto pode piorar muito rápido", informou ela.

ALTO RISCO Médicos infectologistas ouvidos pela reportagem do Estado de Minas foram unânimes em afirmar que não existe no mundo nenhum estudo científico comprovando a eficácia do uso do medicamento Hidroxicloroquina para combater o coronavírus. Os especialistas afirmaram ainda que o medicamento tem efeitos colaterais severos – hepatite, pancreatite e alterações da pigmentação da pele, entre os mais comuns –,  e só pode ser usado, portanto, com aprovação médica.
 
O professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Unaí Tupinambás, infectologista e integrante da frente de combate ao coronavírus criada pelas secretarias de Minas e de Belo Horizonte da Saúde (SEEs), junto com a UFMG, disse ainda que a população deve evitar comprar o remédio tendo em vista também que a droga será objeto de pesquisa, na capital,  por essa força-tarefa de especialistas da universidade e SEEs."Não pode ficar em falta nas farmácias para a pesquisa", advertiu o médico.


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