Jornal Estado de Minas

MINERAÇÃO

Muro é última barreira para proteger moradores de rompimentos de barragens em Minas

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Muralhas altas de pedras, terra e concreto armado com aço, algumas com mais de 30 metros de altura, são a última defesa das comunidades de Macacos, em Nova Lima, Barão de Cocais, Santa Bárbara, São Gonçalo do Rio Abaixo e Ouro Preto caso se rompam as quatro barragens que a Vale luta para estabilizar desde 2019, mas sofreram degradação, podendo ruir, de acordo com Agência Nacional de Mineração (ANM). Ao todo foram 189 famílias evacuadas das Zonas de Autossalvamento (ZAS) das barragens em nível 3 de emergência, que é o mais crítico, sendo 160 delas em Barão de Cocais, 17 em Macacos, 10 em Itabirito e duas em Raposos. Em fevereiro, a agência informou, por meio de relatório de seu gerente de segurança de barragens de mineração, Luiz Paniago Neves, em audiência na Justiça Federal, que a situação dos barramentos se degradou após um ano, mesmo com as intervenções que a mineradora vem fazendo e que caso atitudes mais efetivas não sejam tomadas esses reservatórios poderão se romper.





A contenção que pode impedir que parte de Macacos seja destruída por uma avalanche de rejeitos fica a 8 quilômetros da Barragem B3/B4, da Mina de Mar Azul, em Nova Lima, na Grande BH. De acordo com o projeto, essa muralha de pedras e terra compactada terá 190 metros de comprimento e 30 metros de altura. Essa construção está situada à margem esquerda da estrada que desce da BR-040 para a comunidade.

Já a muralha que visa barrar uma avalanche desprendida pelo rompimento das barragens de Forquilha 1 e 3 fica a 11 quilômetros dessas estruturas, que pertencem à Mina de Fábrica. Uma construção de grande porte com 315 metros de comprimento de 60 metros de altura. Por sorte, a rota desses rejeitos é a que menos preocupa por questões humanas, uma vez que o vale que desce dos barramentos não chega a nenhuma comunidade mais densamente povoada, mas os estragos ambientais e possíveis impactos de abastecimento na Bacia do Rio das Velhas não são descartados.

A contenção projetada para barrar os rejeitos da Barragem Sul Superior foi a primeira a ficar pronta, no início deste ano, com o objetivo de conter a lama proveniente de eventual um rompimento do reservatório de rejeitos da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, que fica a 6 quilômetros do muro. A defesa já foi concluída, na bacia do Rio São João, tendo 306 metros de comprimento de 36 metros de altura. caso um rompimento ocorresse, várias áreas de Barão de Cocais seriam atingidas e inundadas, incluindo o Centro, bem como regiões dos municípios abaixo, como Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.



Veja a situação em Barrão de Cocais:

Prontidão

Desde fevereiro do ano passado a estrutura de Sul Superior está em nível 3, que é risco iminente de rompimento, obrigando 160 famílias de comunidades das Zonas de Autossalvamento a deixar suas casas. Para piorar, em maio, um talude que consiste nos degraus do paredão que restou após a exploração de minério de ferro. Caso o talude não caia por inteiro, a atenção e toda estrutura de alertas e prontidão montados para alertar sobre uma possível inundação com o rompimento continuam. Se a estrutura ceder e isso não ocasionar uma ruptura do reservatório, a situação também se mantém, com os alertas e prontidões das equipes de resgate da Vale, bombeiros, defesas civil estadual e municipal, pois a estrutura ainda está em nível mais crítico de estabilidade.

Se a barragem se desmantelar, as quatro sirenes soam, carros de alertas começam a circular em Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo. Funcionários da Vale serão enviados aos bairros mais baixos, que a lama pode soterrar, para ajudar na evacuação das pessoas até os pontos seguros. Sem a defesa da muralha, a estimativa era de que a lama e os rejeitos de minério de ferro que porventura venham a escoar do barramento atingissem Barão de Cocais em cerca de 1 hora e 30 minutos, se movendo a 10km/h, no máximo.

Redução de impactos

A Vale informou que as três contenções têm o objetivo de reter os rejeitos das quatro barragens em nível 3 de emergência (B3/B4 em Macacos, Sul Superior em Barão de Cocais e Forquilhas I e III em Itabirito) em caso extremo de rompimento, “minimizando os impactos às comunidades e ao meio ambiente”.




 
A contenção de pedras em Macacos já atingiu 32 de um total de 34 metros de altura por 190 metros de extensão. A previsão é de que as obras, localizadas oito quilômetros a jusante da barragem B3/B4, terminem este mês e protejam o Rio das Velhas e a Estação de Tratamento de Água de Bela Fama, além de toda a Zona de Segurança Secundária (Honório Bicalho, Rio Acima, Raposos, Nova Lima).

A Vale concluiu as obras da estrutura de contenção de rejeitos localizada a seis quilômetros da barragem Sul Superior da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG). A estrutura tem 36 metros de altura por 330 metros de extensão e, segundo a empresa, “seguiu critérios técnicos internacionais e evitará que os rejeitos alcancem a Zona de Segurança Secundária dos municípios de Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo”. Ainda de acordo com a mineradora, “a Vale segue analisando junto à consultoria técnica do Ministério Público de Minas Gerais eventuais necessidades de ações complementares”.

No caso da contenção das barragens de Forquilhas a previsão é que a obra seja “fundamental para proteger a Zona de Segurança Secundária, que inclui, além de Itabirito, os municípios de Raposos, Rio Acima, Nova Lima e três bairros de Belo Horizonte ( Jardim Vitória III, Beija-Flor e Maria Tereza). A previsão é que a obra seja concluída no primeiro semestre deste ano. Essa data está vinculada ao porte da estrutura, à complexidade das atividades de fundação e à evolução do detalhamento da engenharia”, informou a Vale.