Jornal Estado de Minas

Decisão de Detran afeta cortejo de bloco de 10 mil foliões nesta quinta em BH

Luiza Alana, do bloco A Roda de Timbau, e advogada Laura Diniz (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA PRESS)

As determinações do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran) e da Polícia Militar sobre a regularização de 50% dos trios elétricos do carnaval de Belo Horizonte impactam no cortejo do bloco A Roda de Timbau, nesta quinta (20) no Bairro Floresta, a partir das 17h,  na Região Leste. Representantes dos blocos afetados pelas cobranças, anunciadas a menos de uma semana da folia, foram até o Detran na Avenida João Pinheiro, onde concederam entrevista coletiva. Ao todo a determinação afeta 60 blocos, entre os maiores da folia. A Roda de Timbau tinha expectativa de 10 mil foliões no desfile de hoje.



 

A representante do bloco A Roda de Timbau, Luiza Alana, informou que o bloco teve que mudar, às pressas, o itinerário. "Sairíamos com um trio que está apreendido no pátio do Detran. Tivemos que mudar o trajeto inteiro. Esse trio cabia na Rua Itajuba, de onde a gente sai há três anos. A gente teve que contratar um novo trio, porque não temos tempo hábil para esperar o resultado da liminar", informou.

 

O novo trio contratado pelo A Roda de Timbau é maior e, por isso, não cabe no trajeto anteriormente acordado com a Belotur. "A via não suporta. Além disse tivemos que pagar muito mais caro. Um custo extra de R$ 3 mil. O bloco não tem essa verba", afirmou. O primeiro trio alugado, o bloco pagou com edital de subvenção da Belotur. "Estamos aguardando a devolução do dinheiro que pagamos para o primeiro fornecedor para pagar o novo trio."

 

Sem verba para arcar com a mudança de trio, o bloco tenta arrecadar dinheiro por meio de uma vaquinha entre os integrantes. "Provavelmente, vamos passar um chapéu no cortejo para pagar todos os custos". No trajeto anterior o bloco faria o cortejo em oito quarteirões. "Pensamos todo trajeto, um roteiro. A gente tem cortejo muito teatral e performático, mas a gente não vai poder fazer as intervenções que  gostaríamos, porque vamos andar apenas dois quarteirões." O novo trajeto foi definido pela Belotur e BHTrans na quarta (19) à noite, a menos de 24 horas do cortejo. "Conseguiram manter no mesmo bairro, mas somente dois quarteirões. É quase produzir um novo cortejo em um dia"

 

Outros blocos ainda tentam alternativas. A produtora do Magnólia, Joyce Cordeiro Silva, disse que o bloco tenta um plano B para o cortejo na terça-feira (25) de carnaval. "A gente ainda não tem muito ideia de como vai ser. Estamos tentando traçar plano B, mas como é um bloco que é de instrumentos de sopro, a gente precisa muito do carro de som. De qualquer forma, a gente precisa resistir e vamos tentar sair mesmo sem microfonar. Difícil é fazer com que essa música chegue a todos os foliões que acompanham o Magnólia", diz. O bloco fará o sétimo cortejo. "A gente começou com um carro menor, mas com aumento do carnaval de BH foi necessário adaptarmos a esse crescimento. A gente já usa esse carro há muitos anos e nunca tivemos problemas", afirma. Ela lembra que Belo Horizonte é o segundo destino mais procurado pelos foliões.  "O sentimento que a gente tem é de boicote", afirmou.



 

O bloco Garotas Solteiras pode não sair. O produtor e integrante da ala de coreografia  Matheus Ribeiro Brizola, disse que o bloco tenta conseguir um novo trio. "Corre o risco de a gente não conseguir sair esse ano. A gente é um bloco que depende muito do carro de som. Para que a gente consiga fazer o nosso trajeto, temos que ter carro de som que projete a voz dos cantores e da bateria para todo o público", diz. O bloco faz o cortejo na Avenida Brasil. "É um trajeto que não comporta trio maior. A gente está apreensivo  para conseguir resolver, organizar tudo e fazer as alterações necessárias para tentar sair. A vontade é colocar o bloco na rua na segunda-feira (24), à tarde."

 

O idealizador do bloco Volta Belchior, Kerison Lopes, informou que o bloco se juntou a outros três  (Lindo Bloco do Amô, Angola Janga e bloco do Pepino) para alugar um trio elétrico que vem de Campo Grande no Mato Grosso do Sul. "Não há trios na cidade para atender todo o carnaval. Os carros adaptados foram fundamentais para descentralizar a folia. Vamos gerar arrecadação em outro estado", disse. Ele ressalta que o bloco saiu no ano passado com o mesmo trio que agora está sendo barrado pelo Detran. "Nunca tivemos uma ocorrência de segurança com os trios nos carnavais de BH", ressaltou.

 

Autoridades de segurança do Estado dizem que os problemas com os trios elétricos vão desde falta de licenciamento do veículo ao não cumprimento da legislação federal, que determina a circulação de trios elétricos. "Não estamos aqui  para impedir o carnaval, mas para trazer segurança", disse o diretor do Detran, Kleverson Rezende. 



 

Segurança

 

A advogada Laura Diniz Mesquita afirmou que os trios elétricos estão seguros. "Os veículos possuem  laudo de segurança, inclusive esses laudos foram confeccionados por empresas credenciadas pelo Detran. Não há que se falar em falta de segurança desses caminhões. Os veículos cumprem todos os requisitos de segurança, assinados por engenheiros eletricistas, mecânicos. Foram vistoriados pelo Corpo de Bombeiros. Não há que se falar de ausência de segurança", reforçou. Ela espera que a resposta da ação liminar ingressada no Tribunal de Justiça saia nesta quinta (20).