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Estado de Minas MEIO AMBIENTE URBANO

Dez ações contra enchentes

Vinte e uma entidades listam propostas de mudanças para evitar inundações em BH. Entre elas, a descanalização de 200 quilômetros de cursos d'água, incluindo trechos do Arrudas


postado em 18/02/2020 04:00 / atualizado em 17/02/2020 22:55

Trecho canalizado do Arrudas, no bulevar que leva seu nome em BH: grupo quer ribeirão descoberto (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press %u2013 26/5/17)
Trecho canalizado do Arrudas, no bulevar que leva seu nome em BH: grupo quer ribeirão descoberto (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press %u2013 26/5/17)

Depois das chuvas históricas que deixaram rastro de destruição e a certeza de que é preciso repensar a gestão das águas na capital, 21 entidades da sociedade civil se reuniram para apresentar propostas para colocar um fim às enchentes em Belo Horizonte. Ambientalistas, arquitetos, ativistas da mobilidade urbana e em defesa das águas apresentaram ontem 10 propostas para lidar com as enchentes em Belo Horizonte, na Câmara Municipal.

As entidades defendem uma solução sistêmica que inclui ações desenvolvidas pelo poder público para absorver e drenar a água ao longo da cidade, tornando o solo permeável; devolver à água o papel de saúde e bem-estar; e mobilidade urbana eficiente, com investimento em transporte coletivo não poluente. Também propõem uma revisão na infraestrutura “rodoviarista”, em outras palavras, baseada na ideia de que toda a urbanização foi feita para atender aos automóveis. A lista inclui ainda ampliar a política de proteção em áreas de risco e garantir o direito à moradia.

Na prática, as entidades querem o Ribeirão Arrudas de volta à Praça da Estação, o Córrego do Leitão a céu aberto na Praça Marília de Dirceu, e a Avenida Vilarinho com curso limpo d'água. As propostas preveem a descanalização completa dos 200 quilômetros de cursos d'água que estão sob concreto na cidade.

As entidades entendem que o problema das enchentes é causado por múltiplos fatores, portanto, para solucioná-lo é necessário implementar um plano sistêmico com mudança na drenagem urbana; criação de parques ciliares, mudança no paradigma viário, com incentivo ao transporte coletivo, à mobilidade ativa, desestímulo aos automóveis, segurança nas encostas e política de moradia. Tudo isso a partir de uma gestão participativa.

A arquiteta e urbanista Elisa Marques, que é conselheira da Bacia Hidrográfica do Ribeirão do Onça, defende que as propostas precisam ser implementadas de imediato. "Passar a pensar de forma sistêmica é pra já, de imediato. Por mais que tenham muitos desafios pela frente, é necessário apontar para caminho favorável. Deixar de fazer coisas que são retrocessos", afirma.

Elisa diz que, de imediato, é preciso ser interrompida a canalização de cursos d'água. "Está instituído, mas temos que fazer valer", diz. Ela defende que a não-canalização prevê o leito e fundo de vales naturais, sem intervenções. "Rio aberto mas com caixa de concreto em suas laterais não é um leito natural", defendeu.

A ambientalista do Projeto Manuelzão Jeanine Oliveira destacou que todos os cursos d'água na Região Central estão canalizados. Estão nessa situação 200 dos 700 quilômetros de cursos d'água na capital. "Teria que ser 100% descanalizado. Por quê? Estamos em uma cidade muito alta. Isso quer dizer que a gente está na cabeça. Tem muita água. Não estamos próximos ao litoral. Temos que pensar uma cidade que dê conta disso", explicou. Jeanine lembra que não temos como "lutar contra a geologia".

As propostas ainda não foram orçadas, mas as entidades pretendem apresentá-las à Prefeitura de Belo Horizonte. "Temos que pensar o que é mais barato para o estado, o que é mais barato para o município. Não é só uma questão econômica de setor", afirma.

Margareth Ferraz Trindade, do Movimento Salve a Mata do Planalto e vice-presidente da Associação Comunitária do Planalto, que assistiu à apresentação, aprovou. “As propostas são avançadas”, afirmou. Ela defendeu também a preservação das áreas verdes da capital. “A Mata do Planalto é a última área de Mata Atlântica. São 300 mil metros quadrados de área verde, 98 espécies de árvores e 68 espécies de pássaros”, disse.

'SOLUÇÃO SISTÊMICA'

1 – Drenagem urbana: ações para fazer com que o solo se torne mais permeável
2– Cursos d'água: não canalizar nenhum curso d'água e descanalizar os 200 quilômetros que hoje estão nessa situação
3 – Parques ciliares: criar uma rede de conexões verdes e de fundos de vale
4 – Tratamento de esgoto: 100% de esgoto coletado, interceptado e tratado
5 – Transporte coletivo: investimento prioritário em transporte coletivo e tarifa zero
6 – Mobilidade ativa: garantir mobilidade para quem anda a pé e de bicicleta
7 – Desestímulo aos automóveis: ações que levem à redução drástica da utilização de transporte motorizado individual
8 – Segurança em encostas: implementar um programa amplo de proteção a encostas e áreas de risco
9 – Política de moradia: implementar política de moradia digna, segura e ambientalmente sustentável
10 – Gestão participativa: conversão do Comitê Municipal sobre Mudanças Climáticas e Ecoeficiência em Comitê de Emergência Climática





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