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Estado de Minas E AGORA, BH?

"Tenham paciência: vamos reconstruir esta cidade"

Durante entrevista coletiva ontem, o prefeito Alexandre Kalil disse que vai solicitar ao presidente Jair Bolsonaro liberação de pelo menos R$ 300 milhões para obras na capital


postado em 30/01/2020 04:00 / atualizado em 29/01/2020 22:25

Kalil aproveitou a coletiva para criticar os empresários que foram contra o Plano Diretor(foto: DÉBORAH LIMA/EM/D.A PRESS)
Kalil aproveitou a coletiva para criticar os empresários que foram contra o Plano Diretor (foto: DÉBORAH LIMA/EM/D.A PRESS)

Desastres, paciência e carnaval. Um dia após a capital mineira vivenciar mais uma noite de destruição por causa das chuvas, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) comentou os estragos provocados pela precipitação, pediu compreensão da população e não abriu mão do carnaval. “Ninguém esperava o tamanho da catástrofe que aconteceu em Belo Horizonte”, disse em entrevista coletiva concedida na tarde de ontem no Centro Integrado de Operações de Belo Horizonte (COP-BH), situado no Bairro Buritis, Região Oeste – uma das mais afetadas pela tempestade de terça-feira (28).
 
“É o maior desastre desta cidade em 120 anos. Tenham paciência: vamos reconstruir esta cidade”, afirmou Kalil. Ontem, foi possível ver o rescaldo da destruição em formato de lama e crateras que se formaram. Na Região Centro-Sul da capital choveu 183,4 milímetros em um curto período de tempo: das 19h50 às 22h50 da noite de terça-feira. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), esse volume representa 53,5% da média histórica de 329,1 milímetros para o mês de janeiro.
 
“Estamos acostumados com a guerra”, disse o prefeito, que enfrenta obstáculos com a chuva desde que assumiu seu mandato, em 2016. Desta vez, o temporal alagou ruas e avenidas, enxurradas arrastaram carros, motos e o que havia pela frente. No entanto, Alexandre Kalil sustenta que o órgão trabalha intensamente com organização e planejamento. “Não é invenção da Prefeitura de Belo Horizonte”, afirmou. Desde ontem, o prefeito deu ordem para dobrar a quantidade de máquinas e funcionários que trabalham com os rescaldos da chuva.
O chefe do Executivo garantiu que todos no COP permanecem em alerta durante 24 horas. “O que aconteceu ontem em Belo Horizonte inundaria Paris, Boston ou Nova York”, afirmou o prefeito.
 
Kalil também criticou os empresários que foram contra o Plano Diretor, e disse que eles foram diretamente atingidos, pois desta vez a destruição ocorreu em “bairros chiques”. Emocionado, o prefeito ainda elogiou o funcionalismo público durante coletiva de imprensa. “Nosso agradecimento a Deus, que mandou essas chuvas para esses secretários que sabem fazer”, declarou.
 
“Tenham paciência com o poder público. Se Deus quis que caísse na nossa mão, nós vamos resolver”, sustentou. E a solução, segundo ele, é trabalhar com organização, interlocução de todos secretários, equipamentos nas ruas e aumento de verba. Hoje, está prevista a visita do presidente da República ao território mineiro. O prefeito de BH afirmou que vai solicitar a Jair Bolsonaro (sem partido) uma ajuda financeira de no mínimo R$ 300 milhões.

ISENÇÃO DE IPTU Os proprietários de imóveis afetados pelas fortes chuvas em Belo Horizonte podem procurar a prefeitura para solicitar a isenção do pagamento do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU – exercício 2020). A remissão da taxa no caso de danos provocados por causas naturais é o perdão de parte da dívida ou total, com base no laudo da Defesa Civil e valores comprovados dos prejuízos sofridos pelo proprietário do imóvel, conforme previsto em lei. O contribuinte afetado deve informar à prefeitura, no prazo de 180 dias, as perdas materiais sofridas para obter o ressarcimento do prejuízo. A Secretaria Municipal da Fazenda terá 90 dias para analisar o pedido, concluir e enviar a resposta sobre a solicitação de remissão. Para mais informações, acesse o portal da prefeitura (prefeitura.pbh.gov.br/servicos), busque pelo serviço de “remissão” e, em seguida, clique em “Remissão – IPTU – Prejuízo por desastre natural”.

Prefeito garante carnaval em BH


Conquistando espaço aos poucos, Belo Horizonte começa a se tornar tradição para festividades carnavalescas. Apesar do desastre na cidade em decorrência das fortes chuvas, ao ser questionado a respeito de um possível cancelamento do carnaval este ano, o prefeito garantiu que não vai cancelar a festa: “Vai ter carnaval, sim. O carnaval não tem dinheiro público. O povo é obrigado só a sofrer? Nós temos que limpar e cuidar desta cidade agora”. O prefeito também criticou o imediatismo de alguns moradores da cidade: “Avião cai, querem fechar aeroporto. Tem uma tempestade e já falam em cancelar o carnaval”.
 
Ao mesmo tempo, Kalil confirmou que as obras para reconstruir os estragos causados na capital devem ocorrer apenas após o período chuvoso, previsto para março. Neste primeiro momento, a prefeitura trabalha no sentido de fazer a cidade andar. “Estamos limpando o estrago, desobstruindo vias. Só podemos começar a reconstrução da cidade na seca”, afirmou. “Aqui não tem ninguém irresponsável. Nós temos responsabilidade. Temos que parar com essa coisa de que estamos escondidos na montanha. Vamos trazer 5 milhões de pessoas em segurança para esta cidade no carnaval”, disse Kalil. “Esperando, até lá, que esta cidade esteja muito bem recuperada”, acrescentou.

*Estagiária sob a supervisão do subeditor  Frederico Teixeira

Mercado Central é palco de apreensão e solidariedade

Ivan Drummond

Durante o temporal da noite da terça-feira, uma imagem circulou pelas redes sociais e deixou muita gente alarmada. Vídeos mostravam o Mercado Central, um dos principais pontos turísticos de BH, praticamente ilhado. A impressão era de que a água havia invadidos as lojas. Mas, quando os portões se abriram, veio a constatação de que a água ficou apenas do lado de fora, no entorno do Mercado.
 
Assim, a preocupação foi com as lojas externas, principalmente as da Rua dos Goitacazes. Pela manhã, foi dada a ordem para a lavagem do passeio em frente aos estabelecimentos. E, para tranquilizar os lojistas, o diretor financeiro, José Agostinho Oliveira Quadros, afirmou que estuda não cobrar aluguel daqueles que tiveram prejuízo de mercadorias.
 
Também diretor financeiro da instuição, Ném do Mercado tem a explicação para o fato de que, apesar da grande quantidade de água, os prejuízos não tenham sido tão grandes: a prevenção. “Em outubro passado, fizemos uma revisão completa do prédio. Só no telhado (16 mil metros quadrados), foram trocados 75 mil parafusos e 120 mil arrebites. No balanço final, haviam apenas quatro goteiras. Esse é um trabalho que sempre fazemos.”
 
Já a situação fora do Mercado foi bem diferente. Nas lojas da Rua Curitiba, por exemplo, os prejuízos ainda não haviam sido contabilizados, mas foram grandes, de acordo com os comerciantes, que passaram o dia limpando seus estabelecimentos. Mas o mesmo espaço que foi palco de lamentações também se mostrou um grande exemplo de solidariedade.
 
Três estrangeiros, a porto-riquenha Nori Ortiz, de 26 anos, a norte-americana Jacqueline Daniel, de 26, a chinesa Jocelyn Li, de 25, e um brasileiro, o paulista Matheus Barros, de 21, integrantes do programa Jovens Com Uma Missão (Jocum), surpreenderam ao aparecer no local para ajudar.
 
“Recebemos mensagens nas redes sociais sobre o que havia acontecido. Conversamos e decidimos vir para cá, só para ajudar. Essas pessoas precisam de toda a ajuda que puder vir. Perderam muita coisa. As lojas precisam ser limpas e estamos aqui para isso”, conta Ortiz. Eles chegaram ao local por volta das 11h e foram direto pegando em rodos, baldes e ajudando na limpeza.
 
Anderson Oliveira da Silva, de 43, um dos proprietários da loja atingida pelas águas, disse ter ficado surpreso. “Aceitei na hora. Toda ajuda é bem-vinda. Mas não é uma situação que se vê muito entre brasileiros. Sem dúvida, um exem- plo.” Segundo ele, a água subiu cerca de 40 centímetros. “Grande parte da mercadoria se perdeu, pratos, travessas, e louças se quebraram.” Tudo o que estava sujo ou quebrado foi sendo colocado no passeio, em frente da loja, por funcionários e pelos voluntários inesperados.
 
Com Anderson estava Isaac Jorge Vilela, de 41, um ambulante, que conta ter crescido naquele espaço: “Sou vendedor, assim como meus irmãos. Foi aqui que crescemos, trabalhando, e olha, nunca vi nada igual ao que aconteceu aqui ontem”. Anderson conta que em 1989 enfrentou problemas em uma das lojas do grupo, mas por conta de uma enchente do Ribeirão Arrudas. “Nossa loja aqui tem 15 anos e é a primeira vez que isso acontece.”
 
Nas lojas vizinhas, mais desolação. Era meio-dia e a maioria ainda não havia começado a funcionar. “Demoramos quatro horas para limpar. Tudo aqui dentro era lama”, conta a manicure Raiane Santos, de 22. Ao lado dela, o barbeiro Diego Alves, de 32, contava que previa o pior quando fecharam o salão, na noite de terça. “Estávamos saindo daqui quando começou a chover, forte. Torcia para que nada acontecesse. Mas pouco depois de chegar em casa, vi as imagens do Mercado cercado de água. Pensei o pior. Viemos bem cedo pra cá. E, ao chegar, nos deparamos com um cenário apavorante.”
 
Na esquina, dois garis trabalhavam na remoção de lama e pedras, que ninguém sabe explicar de onde vieram. Segundo eles, somente naquela esquina foram retirados dois caminhões basculante de entulhos e rejeitos.
 
Mendelson de Barros Andrade, de 60, um dos sócios de uma loja que vende material e equipamento para eletricistas, marceneiros e obras em geral, falava que não compreendia de onde tinha vindo tanta lama. “Normalmente, vemos o pessoal da prefeitura fazendo a limpeza de bueiros, mas dessa vez foi muita água que caiu. Só não entendo a lama.”

Zema antecipa recursos para os municípios atingidos


Matheus Muratori

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), anunciou que antecipará pagamentos relativos a um acordo firmado entre a Associação Mineira de Municípios (AMM) e o governo. A medida é uma forma de apoio às cidades que estão em situação de emergência ou calamidade pública pelas chuvas que atingem o estado.
 
Segundo dados da Defesa Civil de Minas, 55 pessoas morreram em decorrência das fortes chuvas, distribuídas por 19 cidades. Uma pessoa está desaparecida, e outras 53.188 estão desalojadas ou desabrigadas.
 
“Cairão na conta das prefeituras R$ 336 milhões e anteciparemos os pagamentos de fevereiro e março para os municípios que têm decreto de situação de emergência reconhecido pelo estado. Lembrando que a grande execução das tarefas está a cargo dos prefeitos, mas o que está ao nosso alcance estamos fazendo, principalmente por meio da Defesa Civil”, disse.
 
Belo Horizonte ficou de fora do acordo firmado em 2019, mas Zema disse que a capital  receberá algum valor para auxiliar nos estragos causados pela chuva nos últimos dias. O mesmo vale para outros municípios que não firmaram a adesão, mas decretaram situação de emergência. 
 
A parcela de janeiro será paga amanhã, conforme previsto. Já a parte que seria repassada aos municípios em 28 de fevereiro foi adiantada para 12 do mesmo mês. A que entraria na conta em 31 de março, cairá em 12 de março.
 
Romeu Zema também disse que está em contato com o governo federal para garantir mais recursos às cidades atingidas. Segundo o gestor, os órgãos estaduais darão todo o apoio para que as cidades possam executar os trâmites burocráticos.
 
“A Defesa Civil está dando apoio total aos 124 municípios em estado de emergência para que tenham condições de fazer esses trâmites burocráticos e possam solicitar ao governo federal aquilo que foi disponibilizado”, ressaltou.
 
 

Cratera na Tereza Cristina


As últimas chuvas que desabaram sobre BH causaram mais um problema na Avenida Tereza Cristina, na Região Oeste de BH, que tem sofrido com seguidos alagamentos. Uma enorme cratera engoliu boa parte da pista no sentido Centro-bairro próximo ao viaduto da Avenida Amazonas, no Bairro Nova Suíça. Equipes da Prefeitura de BH começaram a trabalhar para reparar a via. Serão usados 11 caminhões de pedras e mais uma grande quantidade de concreto para preencher o buraco, que tem 16 metros de comprimento, cinco de largura e mais de quatro metros de profundidade, e dar sustentação à nova pavimentação que será implementada. Enquanto isso, a via permanece interditada em alguns pontos devido a outros estragos causados pelos temporais. 


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