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Estado de Minas

Orações pelas vítimas da chuva marcam celebração na Igreja São José, em BH

Nas celebrações dos 120 anos da paróquia, orações e lembrança das vítimas das enchentes em Minas e no Espírito Santo


postado em 28/01/2020 06:00 / atualizado em 28/01/2020 07:52

Celebração dos 120 anos da Paróquia São José reuniu fiéis: lembrança dos atingidos pelas enchentes(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Celebração dos 120 anos da Paróquia São José reuniu fiéis: lembrança dos atingidos pelas enchentes (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)


Orações pelos mortos e flagelados e pelas famílias das vítimas das enchentes em Minas e no Espirito Santo. Com uma corrente de fé e solidariedade, teve início ontem a celebração dos 120 anos da Paróquia São José, que tem a igreja localizada na Avenida Afonso Pena, no Centro de Belo Horizonte, como monumento de religiosidade e cultura. “Vamos rezar com nosso coração mineiro, com nosso coração brasileiro”, pediu, na escadaria do templo, o pároco José Cláudio Teixeira. Exatamente às 12h, os sinos tocaram durante um minuto, seguindo-se palmas para um dos patrimônios mais importantes do estado. “Esta igreja abençoa a cidade”, ressaltou padre Cláudio.

Logo após a abertura, houve apresentação da Banda do Exército/4ª Brigada Militar, de Juiz de Fora (Zona da Mata), sob a regência do subtenente Josuel da Silva. No repertório, o dobrado Ponto Futuro, Ave Maria, em ritmo de samba, Senhor, eu sei que tu me sondas, Oh, Minas Gerais, Brasileirinho e o hino do Exército. “Sempre que venho a BH, entro na Igreja São José. Meu filho pede assim: 'Mamãe! Vamos entrar no castelo do Papai do Céu'. Desta vez, fomos atraídos pela música”, disse a assistente social Luciana Dias da Cruz Gramacho, acompanhada do filho, Pietro, de 5 anos, e da irmã, Luana Dias da Silva, moradores de Contagem, na Grande BH.

Luciana, Pietro e Luana participaram das orações com fervor. “Precisamos rezar muito. Além das pessoas que morreram nos últimos dias, lembrei também das vítimas da tragédia em Brumadinho”, disse Luciana, em referência ao rompimento da Barragem da Mina do Córrego do Feijão, da Vale, que completou um ano no sábado e deixou 259 mortos e 11 desaparecidos. “Ficaram cicatrizes”, disse a mãe de Pietro, ao que Luana acrescentou: “Neste momento, a música é importante para diminuir o sofrimento”.

À noite, houve missa em ação de graças na Igreja São José, presidida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de BH, dom Geovane Luís da Silva, e concelebrada pelos padres da congregação dos redentoristas. Na oportunidade, foi lançado o concurso Fotografe a São José, de âmbito nacional, aberto a profissionais e amadores, com premiação programada para 19 de março, dia do padroeiro da matriz, pai adotivo de Jesus, protetor das famílias e dono de uma legião de devotos na capital.

Força e fé

Moradora do Centro de Belo Horizonte, a aposentada Elza Tarquínio simbolizava, com os braços elevados e palavras de fé, que a São José é um “marco” da cidade, expoente de religiosidade e cultura. Com a restauração, a igreja ficou “maravilhosa”, observou a aposentada, que também rezou pelas vítimas das inundações em Minas. “Gosto muito daqui, tenho devoção, pois meu pai se chamava José.” O trabalho de restauro interno e externo trouxe de volta à fachada as cores originais (vermelho, laranja, amarelo e mostarda) do projeto elaborado por Edgard Nascentes Coelho, em maio de 1901, quando a capital ainda se chamava Cidade de Minas.

No interior, 'tesouro' artístico


Antes da fachada, o projeto de restauro incluiu o interior do templo, que ostenta as pinturas parietais – feitas diretamente nas paredes e teto, sobre o reboco, moda em BH no início do século 20 –, que consumiram dois anos de trabalho, entre 1911 e 1912. Considerado o maior conjunto desse tipo de ornamentos em igrejas da capital, o interior reúne uma variação de motivos religiosos e alguns pagãos: há figuras de 28 santos – de um lado, os homens, e, do outro, as mulheres –; o patrono no alto do arco-cruzeiro, com a inscrição “Rogai por nós”; os evangelistas; painéis mostrando José do Egito, que nada tem a ver com o pai adotivo de Jesus, sendo vendido pelos irmãos e depois em sua volta triunfal; Nossa Senhora ao lado dos apóstolos; e até os símbolos do zodíaco, que, para os religiosos, representam constelações. A decoração pictórica de São José foi feita pelo alemão Guilherme Schumacher, entre 1911 e 1912.

Também acompanhando a abertura dos 120 anos, o desenvolvedor de sistemas Lucas Aguiar, de 28, morador do Bairro Santa Inês, na Região Leste, destacou a relevância do espaço sagrado no Centro da cidade, pois representa um lugar de tranquilidade no meio da ebulição urbana. Com as obras de restauro concluídas, faltam agora as intervenções na área de acessibilidade e mais ações de prevenção e combate a incêndio, já com aprovação do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte. “Por isso, a campanha São José é 10 continua”, avisa o vigário paroquial, padre Flávio Campos. Para as obras, a comunidade se mobilizou (barraquinhas, festas, dízimos etc.) e conseguiu os recursos necessários, de R$ 7,5 milhões.

História


Criada em 27 de janeiro de 1900 a partir do desmembramento da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, por determinação do então bispo da diocese de Mariana dom Silvério Gomes Pimenta (1840-1922), a São José, recém-restaurada após sete anos de intervenções, recebe diariamente cerca de 1,5 mil pessoas. Com uma história que se confunde com a da capital, inaugurada em 12 de dezembro de 1897, a igreja terá até o fim do ano exposição com registro do amplo acervo fotográfico pertencente aos redentoristas e também dos premiados no concurso, relançamento do livro escrito pelo padre João Batista Boaventura, falecido há três anos, sobre o templo construído entre 1902 e 1907, a tradicional novena dedicada ao santo (de 10 a 19 de março) e selo comemorativo alusivo à data, em agosto.


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