Jornal Estado de Minas

Prefeito de Matipó, na Zona da Mata, fica 48 horas fora de casa por causa de enchentes

A Matriz de São João Batista, cartão postal da cidade, foi tomada pela água (foto: Reprodução/Redes Sociais)


“Desculpa se não atendi muito bem, mas tem 48 horas que eu não fico em casa”, contou o prefeito de Matipó após entrevista ao jornal Estado de Minas. A cidade da Zona da Mata sofre desde a última quinta-feira com enchentes dos rios e córregos que passam pelo município. O chefe do Executivo municipal, Valter Mageste De Ornelas (PSDB), decretou estado de emergência mas afirma não ter recebido auxílio financeiro do estado.



A Matriz de São João Batista, cartão postal da cidade e recém-restaurada, foi tomada pela água. “A igreja estava linda, bonita, maravilhosa. Agora é tentar recuperar, buscar recursos e inovar”, disse Valter. A enchente que entrou na igreja deixou os bancos espalhados, sujou de lama as novas pinturas e cobriu os bancos da praça no entorno.

O prefeito acredita que o que deixou a cidade debaixo d'água é o encontro de vários rios e córregos, que ocorre nas partes baixas de Matipó. “São várias cabeceiras. Tem o Rio Matipó, encontro do Rio Santa Margarida e São Domingos e Pedra Bonita com vários córregos. Quando junta tudo no meio da cidade, enche muito”, explicou.

Segundo ele, o nível da água ficou durante 48 horas sem parar de subir, assustando moradores que passaram duas noites em claro. A água levou pontes, passarelas e arrancou asfalto. “Vamos passar por uma catastrófica recuperação.”





Morte na cidade 


Um deslizamento na zona rural da cidade deixou uma vítima em óbito. O trajeto até o atendimento médico também foi conturbado por causa dos estragos de chuva. No meio na estrada, a mulher teve que ser carregada pois não havia mais passagem. Ela chegou ao hospital ainda com vida, mas com pulso fraco, segundo os médicos.

“Teve momentos na madrugada passada que eu pensei que fosse morrer muitas pessoas. Todo mundo subindo no segundo andar. Gente tirando outras pelas mãos, carregando nas costas, com barcos e corda”, relatou o prefeito.

O comércio da cidade foi todo devastado pela chuva. A prefeitura avalia que aproximadamente 280 famílias ficaram desalojadas. Isto equivale a cerca de 600 pessoas que estão alojadas em escolas de Matipó. Segundo dados da prefeitura, o volume de chuva entre quinta e sábado foi de 250 milímetros.