Jornal Estado de Minas

Temporal de sexta-feira em BH: o mapa das chuvas e horários esperados



Com a chuva intensa que se instalou sobre a capital mineira, a Prefeitura de Belo Horizonte mapeou 80 pontos de risco de deslizamento e alagamento na cidade. A atenção é redobrada em nove locais, onde medidas preventivas foram adotadas para evitar danos. A característica da precipitação, contínua e distribuída por toda a capital, aumenta o alerta para deslizamentos de encostas, embora não descarte possibilidade de alagamento.


Até o momento, 17 famílias foram retiradas de suas casas preventivamente. Ontem, a chuva não deu trégua. Até as 20h, os maiores volumes haviam sido registrados na Região da Pampulha (110,2 milímetros), e Venda Nova (98,4mm). Para hoje, há alerta de chuva para 90 municípios de Minas Gerais: na capital e região metropolitana (34 no total) e outras 56 cidades de Minas Gerais



O gabinete do prefeito Alexandre Kalil foi transferido para o Centro Integrado de Operações de BH, no Bairro Buritis, na Região Oeste, onde estão reunidos representantes de todos os órgãos públicos envolvidos na força-tarefa. “Estamos torcendo para não vir o pior, mas nos preparando para o pior”, afirma Kalil, em frente ao telão em que 1.800 câmeras espalhadas na cidade monitoram vias, córregos e áreas de risco.

Apesar da ameaça maior de deslizamentos, a possibilidade de alagamentos não foi descartada. Os principais pontos de alerta são a Avenida Tereza Cristina, Avenida Francisco Sá, no Bairro Prado; a Avenida Otacílio Negrão de Lima, na Região da Pampulha; a Avenida Vilarinho, em Venda Nova; a Avenida Sebastião de Brito, no Bairro Dona Clara; a Rua Joaquim Murtinho, no Bairro Santo Antônio; a Avenida Barão Homem de Melo, no Bairro Nova Suíssa; a Avenida Cristiano Machado com Avenida Bernardo Vasconcelos, no Bairro Ipiranga; e a Avenida Silviano Brandão, no Bairro Sagrada Família.

“As chuvas que estamos registrando em BH têm uma característica de permanência e distribuição na cidade. Os riscos relacionados aos alagamentos não nos chamam tanto a atenção, embora haja perigo”, ressalta o subsecretário de Proteção e Defesa Civil, Waldir Figueiredo Vieira. “Em compensação, o risco geológico chama a atenção”, observa.




Em áreas com risco de deslizamento de terra, a Defesa Civil alerta ser necessário observar sinais anormais como trincas, rachaduras, abaulamentos. A orientação é que, a qualquer um dos sinais, as pessoas não permaneçam no local e acionem o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil.

“Os lugares mapeados onde há risco geológico estão estabelecidos e a prefeitura está nas proximidades observando esse movimento geológico”, ressalta Kalil, que tratou as áreas de risco como “invasões” e afirmou que a prefeitura atua para proteger essa população. “A prefeitura não dá alvará em nada que pode despencar. O que não vamos é deixar morrer. Vamos fazer de tudo pra salvar. Isso é um problema social”, diz.

Equipes da Defesa Civil e da Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) estão nos principais locais de risco. A prefeitura também deslocou maquinário para 11 pontos na cidade, incluindo caminhões, retroescavadeiras, geradores, entre outros. Somente na tarde de ontem, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais foi acionado para atender a pelo menos sete ocorrências de vistoria em locais com riscos de desabamento.


No Bairro Santana do Cafezal, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, a base de uma casa foi colapsada pela correnteza da água. Parte da moradia caiu sobre a outra e corre o risco de desabar. A Defesa Civil Municipal esteve no local e interditou as duas casas. Havia apenas uma pessoa no momento do tombamento. O morador conseguiu sair antes do incidente. Ninguém ficou ferido.



A administração municipal está trabalhando em regime de plantão, 24 horas por dia, na força-tarefa para minimizar possíveis impactos da chuva. Estão envolvidos nos trabalhos a Defesa Civil, Sudecap, SLU, Urbel, BHTrans, Assistência Social, Secretaria Municipal de Saúde, além da Polícia Militar (PM), Corpo de Bombeiros (Cobom), Cemig e Copasa.

Inicialmente, o gabinete do chefe do Executivo municipal ficaria até sexta-feira no COP, mas funcionará no local por tempo indeterminado. Até a tarde desta quinta-feira, as equipes atuaram na remoção de 17 famílias na Vila Biquinhas, Região Norte de BH.


A Defesa Civil de BH também registrou um deslizamento no Bairro Santo André, Região Noroeste da capital, que levou à interdição de três moradias, sem nenhuma vítima. Por causa do risco de alagamento, a Avenida Vilarinho foi interditada pela BHTrans, que gerencia o trânsito da capital.



Apesar do esforço para minimizar danos, a solução para o risco de alagamentos numa cidade que enterrou seus rios e se cobriu de asfalto depende de obras. Desde outubro, foram retirados das vias públicas 533 caminhões de rejeitos, num total de 1.600 toneladas de material carreado pelos temporais. O prefeito prometeu para o fim do período chuvoso, em abril ou maio, o início das obras contra as enchentes na Avenida Vilarinho.

“São quase R$ 700 milhões e só o projeto vai demorar um ano”, diz o prefeito, que também põe a “responsabilidade” pelos danos ao temporal. “Chuva de 40 minutos com 100mm não tem bacia de contenção que segure não. Nenhuma cidade do mundo está preparada para uma chuva de 100mm em 40 minutos”, ressalta.

A prefeitura decretou estado de emergência nesta semana, já aceito pelo governo federal, e negocia linhas de financiamento junto ao governo federal e ao Banco Mundial para outras obras.