Jornal Estado de Minas

Chuva

Mais de 200 famílias em áreas de risco

Na Rua Alcindo Vieira, próximo à Avenida Afonso Vaz de Melo, no Barreiro, asfalto foi arrancado pela força das águas (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)


Com previsão de mais chuvas de grande volume pela frente, prefeituras de Belo Horizonte e Contagem ainda se mobilizavam ontem para tentar pôr em ordem regiões atingidas pelas fortes precipitações de domingo. A Defesa Civil da cidade vizinha a BH ainda não conseguiu chegar a todas as nove vilas atingidas pelo temporal. De acordo com o coordenador do órgão, Samuel Martins Lara, equipes de outros municípios darão apoio a partir de hoje. A estimativa é de que haja mais de 200 famílias em áreas de risco. Ontem, a prefeitura deu início ao cadastramento para o Bolsa Aluguel.


Foi decretada situação de emergência em Contagem para agilizar a captação de recursos destinados aos reparos e ao atendimento às famílias afetadas. Por enquanto, elas estão em abrigos provisórios (a Escola Municipal Virgílio de Melo Franco, na Vila São Paulo, e a Escola Municipal Pedro de Alcântara Junior, no Bairro Jardim Industrial) e na casa de familiares e amigos.

Um plantão de atendimento foi montado na Secretaria Municipal de Educação para dar suporte às vítimas. Lara reconhece, entretanto, a dificuldade de atender a todas: “Sabemos que o momento é difícil, mas pedimos paciência”.



Morador da Vila Barraginha, Romildo Nunes Nascimento teve a casa interditada pela Defesa Civil e está abrigado na Escola Municipal Pedro Alcântara Júnior. “Já fizeram o papel falando que daqui a 10 dias é para eu ligar para conseguir a bolsa. Dá muita tristeza ver assim uma casa que custou muitos anos pra gente construir. Mas não podemos xingar a natureza de Deus. Deus sabe de todas as coisas”, disse.


Na Região do Barreiro, em BH,  as enxurradas pioraram a situação da Rua Alcindo Vieira, no trecho próximo à Avenida Afonso Vaz de Melo, que já estava emburacada e, com as chuvas, teve de ser interditada. Na manhã de ontem, era possível ver pedaços de asfalto arrancados pela força das águas e traços do antigo calçamento de pedras descoberto, além de trincas. “Neste momento, a realização de novos serviços no local vai depender das condições climáticas”, informou a Sudecap.

MAIS CHUVA Os números da chuva nos primeiros 20 dias deste ano impressionam. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) – que realiza as médias históricas –, a capital mineira já registrou quase metade do total de todo o ano passado. E a previsão é de tempo chuvoso até o fim de semana, com temporal especialmente na sexta-feira, próximo de 100 milímetros.

“É uma previsão e não precisão. Por isso que medimos diariamente e pode ser cedo para afirmar que o volume de chuva será distribuído todo na sexta-feira”, afirma o meteorologista Cléber Souza.


O índice pluviométrico entre 1º e 20 de janeiro de 2020 é de 474,1mm, mais que a média histórica para o mês, de 329,1mm. “O total de chuvas em janeiro'2020 já representa 47,5% de todo o volume registrado em 2019 em Belo Horizonte, que foi de 998,8mm”, diz o comunicado. Ainda segundo o Inmet, o janeiro mais chuvoso na capital mineira foi em 1985, 850,3mm. Já o mais seco foi em 1976, 32,2mm.

Até domingo, os dias devem ser de céu encoberto a nublado, com pancadas de chuva acompanhadas de rajadas de vento e trovões. As temperaturas não ultrapassam os 26°C. De acordo com o Inmet, amanhã e sexta-feira devem ser de chuva forte na Região Metropolitana de BH, na Zona da Mata, nos vales do Rio Doce, do Mucuri e do Jequitinhonha. Triângulo e Sul de Minas têm possibilidade de chuva, mas não significativa.