Jornal Estado de Minas

Terreno cede, derruba muro e danifica imóveis no Bairro Prado



Um terreno cedeu no início da manhã desta quinta-feira, destruindo um muro e danificando casas em um quarteirão do Bairro Prado, Região Oeste de Belo Horizonte. O incidente ocorreu na Rua Monte Negro. Segundo a Defesa Civil da capital, que vistoria a área, não há vítimas. 






O analista de sistemas Daniel Saraiva, de 36 anos, mora com a família em dois imóveis ao lado do terreno que estava em obras. Segundo ele, um prédio era construído na área e as intervenções estavam na fase de fundação. “Já há alguns meses apareceram umas trincas na minha casa, nas casas ao lado. O pessoal da obra veio e falou que era uma consequência normal da obra, mas que quando terminassem, fariam o reparo das trincas”, explicou. Segundo ele, até então a situação era estável. 

Quem percebeu o problema foi o cunhado dele, Lucas Antunes Guimarães, de 19 anos, que dormia com a mãe e um irmão nos cômodos dos fundos da residência principal. “Por volta das 3h, meu cunhado e minha sogra estavam dormindo no quarto que desabou. Ele sentiu poeira caindo sobre ele, viu que era da trinca e nos chamou. Estalou durante umas duas ou três horas e desabou às 6h”, contou. Segundo ele, por pouco os dois filhos pequenos não estavam dormindo no cômodo. 
 
Lucas contou que, na madrugada, começou a sentir pedras e poeira caindo no rosto. "Levantei desesperado. Olhei para trás e tinha uma rachadura enorme na parede, atrás da gente. Estava dando muito estalo. Cada estalo mais alto que outro. Chamei minha mãe e meu irmão que estava em outro quarto para saírmos. Disse: 'tá caindo tudo. levanta aí'", contou. 


 
O jovem de início pensou que pudesse ser uma goteira. "Pensei que pudesse ser chuva. Estava meio gelado. Estava difícil de respirar por causa da poeira. Quando olhei para trás vi que estava caindo". A mãe do jovem, Sandra Antunes Guimarães, de 52 anos, disse que a casa da família foi construída há 60 anos e nunca apresentou nenhum problema. "Começaram a construir o prédio. Todo mundo avisou que estava tendo trinca. Fui até a obra e falei: 'gente, esse muro não vai conter esse tanto de terra'. Ele disse que era muito seguro, que poderíamos ficar tranquilos que não aconteceria nada." Ela disse que, por várias vezes, avisou que a rachadura na casa estava aumentando. "Estou traumatizada, revoltado. Foi avisado".
 
Juliana Antunes fala sobre o desabamento



Vídeos registrados por vizinhos mostram o momento do desabamento do muro. A residência da família de Daniel aparece do lado esquerdo das imagens.  Pelo menos três cômodos foram destruídos. “Interditaram a casa ao lado e o prédio. O quarto foi todo embora. Tem um corte bem grande, desceu bastante terra. A casa do meio desceu o muro inteiro”, explicou. Segundo ele, representantes da empresa responsável pela obra estiveram no local, mas até por volta das 9h não haviam entrado em contato com ele. “O imóvel foi interditado pela Defesa Civil. Vamos ver o que será feito. Tive notícias que pagariam”, comentou. 
 
O engenheiro responsável pela construção do prédio vizinho Antônio Carlos Araújo disse que a construtora deve tomar medidas imediatas de contenção. "O prédio não corre risco desde que sejam tomadas as providências. Hoje, a situação está estável", disse. Mas ele lembra que se não forem adotadas medidas de contenção e chover a edificação pode ficar instável. O prédio foi evacuado na madrugada.  "Está prevista chuva para hoje. A construtora vai ter que jogar uma lona e preservar isso aqui", afirmou a síndica Magda Barbosa, de 63 anos.   



De acordo com a Defesa Civil de Belo Horizonte, os moradores ligaram para o 199 por volta das 4h. “Imediatamente uma equipe de deslocou e removeu as pessoas dos imóveis que ladeiam a obra. O muro desabou por volta das 5h55. A ação imediata e preventiva da Defesa Civil resultou em um desastre sem vítimas”, informou o órgão. A Defesa Civil confirmou que já havia vistoriado o local em outubro.



A assessoria de imprensa do órgão confirmou que esteve na Rua Rio Negro, que ladeia a obra, em 28 de outubro do ano passado para atender ao chamado de um morador para avaliar possíveis riscos construtivos. “A vistoria da época constatou trincas e fissuras no muro de divisa e no piso do corredor de acesso aos fundos do imóvel. No momento da vistoria, as anomalias visualizadas foram classificadas como de risco baixo”, diz a Defesa Civil. “O morador e o supervisor de obras foram orientados a adotar ações corretivas e a monitorar preventivamente para manter a segurança e estabilidade do local. Não existem registros de ocorrências e solicitações de vistorias nos imóveis circunvizinhos a obra.”, pontuou o órgão.