Jornal Estado de Minas

sul de minas

Tragédia em cachoeira de Guapé

 
Eduardo Oliveira

Sander Kelsen
(Da TV Alterosa)

Pelo menos três pessoas, todas da mesma família, morreram em Guapé, no Sul de Minas, depois que um fenômeno conhecido como cabeça d'água atingiu um córrego que corta o Parque Ecológico do Paredão, provocando o súbito aumento do volume de uma cachoeira muito frequentada por banhistas. Testemunhas relataram que pelo menos 50 pessoas aproveitavam o feriado próximo à queda d'água, quando chuvas intensas na cabeceira provocaram a enchente. A rapidez com que o nível do curso subiu dificultou que muitos escapassem. Devido à dificudade de acesso e à falta de sinal de celular no local, as informações sobre número de vítimas foram desencontradas e chegou-se a falar em cinco mortes.


 
De acordo com a Defesa Civil estadual, até a noite de ontem todos os corpos já haviam sido localizados pelo Corpo de Bombeiros, e não havia mais desaparecidos. As três vítimas eram de uma família que aproveitava o recesso de ano novo no local, mas a identidade delas não havia sido informada até a noite de ontem.
 
O helicóptero Arcanjo dos Bombeiros foi acionado para a operação-resgate. Equipes se deslocaram para a cidade, onde militares confirmaram que pessoas ficaram ilhadas após o fenômeno. Testemunhas que estavam no parque relataram que muitos banhistas chegaram a ser arrastados pela água. O coordenador-adjunto da Defesa Civil estadual, tenente-coronel Flávio Godinho, se deslocou para Guapé para se inteirar sobre a situação. Bombeiros de Varginha, Passos e Boa Esperança também foram acionados para ajudar nas buscas.

DESESPERO O Parque Ecológico do Paredão, onde fica o complexo de cachoeiras em que ocorreu a tragédia, fica a cerca de 15 quilômetros do Centro de Guapé, cidade às margens do Lago de Furnas. A comerciante Naide Conceição Pereira, de 40 anos, que estava na unidade de conservação, relatou que os visitantes ficaram desesperados com a força da água. “Eu estava sentada em uma pedra e minhas filhas vieram me pedir para ir para outra cachoeira, mas eu disse que não, que já estava tarde. Naquele momento alguém gritou 'tromba d'água'. Foi quando eu vi aquele mundo de água descendo da cachoeira de repente. Comecei a pegar as coisas e vi muita confusão de gente saindo”, disse.
 
Ainda segundo a comerciante, muitos pararam para filmar o fenômeno, o que acabou atrapalhando a saída de quem procurava se salvar. “As pessoas começaram a sair por uma trilha de pedra que é pequena, mas quem passou primeiro ficou parado para filmar e não abria caminho para os demais saírem. Eu comecei a gritar e a pedir para que todos fossem rápidos. Em questão de cinco a 10 segundos já estava tudo tomado de água, não se via uma única pedra. Só com muito custo a gente conseguiu sair de lá”, completou.