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Fé e arte

Com fé unida à arte, festa dos 60 anos da padroeira de MG pode ter show a 4 vozes

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Ermida abriga a imagem da padroeira esculpida pelo mestre Aleijadinho, uma das joias do complexo (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 18/7/19)


Música nas alturas para comemorar os 60 anos da proclamação de Nossa Senhora da Piedade como padroeira de Minas Gerais. Um clipe com a canção Mãe da Piedade, gravado por Elba Ramalho, Leo Chaves, Daniel e Denise Gomes, lançado no domingo, deu início às festividades do santuário em louvor à protetora dos mineiros e localizado em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A programação vai até 15 de setembro, dia da padroeira, com ponto alto do Jubileu de Diamante em 31 de julho – haverá uma série de atrações, “com possibilidade de um show dos quatro artistas”, informou, ontem, o reitor do Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade, padre Fernando César do Nascimento. Na tarde de ontem, na Arquidiocese de BH, na capital, o religioso participou de reunião para definir os caminhos em 2020, sob comando do arcebispo metropolitano de BH e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo.


Na programação dos 60 anos está a novena do jubileu, marcada para todo dia 15, com o convite a arquidioceses e dioceses. “Queremos que todos venham à Serra da Piedade, afinal, Nossa Senhora da Piedade é padroeira de todos os mineiros”, destaca padre Fernando. Há outras duas novidades: a inauguração de um velário (para receber velas), perto da Basílica Estadual Nossa Senhora da Piedade – Padroeira de Minas Gerais, ex-Igreja Nova das Romarias; e a construção da estação que ficará na Praça Antônio da Silva Bracarena, antes chamada Praça da Cavalhada. Na antiga ermida fica a imagem esculpida por Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814).

A estação sinaliza a melhoria do acesso ao topo do maciço, que com os dois templos, foi chamado de “magnífica arquitetura divina” pelo segundo arcebispo de BH, dom João de Resende Costa (1910-2007). A ideia é colocar em movimento uma locomotiva, com pneus e movida a diesel, a fim de levar os romeiros da Praça Antônio da Silva Bracarena à Praça Dom Cabral, em um total de 2,5 quilômetros. Para operação do novo meio de transporte, estão sendo acertados os trâmites com o governo do estado. A Serra da Piedade recebe cerca de 500 mil visitantes por ano e um dos gargalos, além dos perigos da rodovia BR-381 no sentido Vitória (ES), está no fluxo de veículos que, em dia de festividades, causa congestionamento no topo da serra.

Divina música


A canção Mãe da Piedade foi composta pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, dom Vicente de Paula Ferreira, sendo o clipe idealizado pelo titular da Paróquia Bom Jesus do Vale, padre Alexandre Fernandes, também responsável pela direção executiva. Os cantores abriram mão do cachê – “doaram suas vozes para o Jubileu de Diamante”, diz o padre Alexandre, acrescentando que o projeto nasceu de um entendimento com o arcebispo dom Walmor. Ele afirmou que Elba Ramalho e Daniel são cantores com “grande devoção mariana”. A produção musical e arranjos são de Rogério D’Avila e, na avaliação do clero, a canção encanta “pela força de sua poesia”.


A proclamação de Nossa Senhora da Piedade como padroeira de Minas Gerais ocorreu em 31 de julho de 1960, fato que motivou uma grande festa na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul da capita. A oficialização foi feita pelo papa João XXIII (1881-1963), atendendo ao pedido dos bispos mineiros, entre eles o então arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Antônio dos Santos Cabral (1884-1967), e do arcebispo coadjutor e administrador apostólico, dom João Resende Costa, bem como do então governador do estado, José Francisco Bias Fortes (1891-1971). Nesse processo, destacou-se também o trabalho de dom Carlos Carmello de Vasconcelos Motta (1880-1982), mais conhecido como Cardeal Motta, nome que hoje batiza a praça em frente da ermida.

Com altitude de 1.740 metros, a Serra da Piedade abriga histórias de fé e até política. Foi no alto, por exemplo, que o ex-presidente Tancredo Neves (1910-1985) deu início à campanha de redemocratização do país, em 1984. Em dias muito claros, é possível vislumbrar a Serra do Caraça, o espelho d’água de Lagoa Santa, toda a cidade de Caeté, com o pontilhão ferroviário, e outros municípios do entorno. O ponto principal, sem dúvida, é a ermida que dá exatamente o clima de “pedacinho do céu” de manhã bem cedo, quando nuvens baixas tomam conta do topo da serra.

Ermitão


A fama do lugar teria começado entre 1765 e 1767, conforme a tradição oral, com a aparição de Nossa Senhora, com o Menino Jesus nos braços, a uma menina, muda de nascimento, cuja família vivia na comunidade de Penha, a seis quilômetros da serra. Nesse momento, a menina teria recuperado a fala. Mais tarde, em 1773, o templo seria construído pelo ermitão português Antônio da Silva, o Bracarena.


Considerada patrimônio histórico, cultural, paisagístico e ambiental, a Serra da Piedade oferece ao visitante um vista de 360 graus da Região Metropolitana de BH. Do sopé da montanha até o topo, muitas descobertas no caminho de quase seis quilômetros, começando pela imagem de São Francisco de Assis recentemente inaugurada. No alto está a imagem de Cristo no Horto das Oliveiras, rodeada por 75 oliveiras plantadas em 2017. Para dom Walmor, trata-se de “um sítio ecológico, um jardim com muitas particularidades, um lugar que devemos preservar”.

O Horto ou Jardim das Oliveiras foi recriado no alto das montanhas de Minas, em comunhão total com a natureza e em um ponto perfeito para orações e contemplação da paisagem. Feito em pó de granito, pesando uma tonelada e embelezado pelo paisagismo de Maria das Graças Drumond Souza Lima, a obra da artista Vilma Nöel, também criadora da imagem do “protetor da natureza”, fica perto da Arena da Amizade e se tornou mais uma atração turística para brasileiros e estrangeiros.