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Estado de Minas ARTE AO VIVO

Palco dos gladiadores do bem


postado em 16/12/2019 04:00 / atualizado em 16/12/2019 10:53

Abram passagem, reconheçam e respeitem os 43 anos de história e luta da cultura hip-hop no Brasil. A arte que nasceu em São Paulo, na Rua 24 de Maio e no Metrô São Bento – de onde saíram nomes como Thaíde, DJ Hum, Racionais MC's e Rappin Hood –, ocupou ontem definitivamente seu espaço, reivindicado por direito e merecimento. Na grande final nacional do Duelo de MC's, na Praça da Estação, a maior batalha de rimas do país declarou vencedor o MC Charles, do Ceará.

Um dos favoritos e já com muitos fãs, MC Charles fez o duelo final com MC 90, do Espírito Santo, e levou a melhor diante de 20 mil pessoas, público formado especialmente por jovens sonhadores, gente batalhadora e amante da arte de rua com identidade e ideologia. No grito “vai matar ou vai morrer”, MC Charles mandou a rima mortal.

Depois de enfrentar um processo seletivo intenso, realizado em todo o país entre maio e novembro com participação de mais de 3 mil MCs de cerca de 300 cidades dos 27 estados, a batalha final foi emocionante e mostrou a grandiosidade do evento. O vencedor recebeu R$ 15 mil, além de apoio para produções musicais e audiovisuais.

Do mineiro Djonga ao paulista Emicida, passando pelo baiano Baco Exu do Blues, as estrelas do rap nacional que mobilizam legiões de fãs são a ponta do iceberg, a galera do mainstream, diante de um mar de talentos que estão construindo sua história. Isso ficou claro no palco da Praça da Estação, com nomes menos conhecidos do grande público e da mídia, mas com milhares de seguidores. Verdadeiros ídolos e exemplos para muitos, como Bispo (RR), MCharles (CE), Tonhão (CE), Vinicius ZN (PE), Neo (RJ), Noventa (ES), Lauro (PR), Ornaghi (PR), Jhon (DF) e Hate (DF), entre muitos mais.

Depois de 12 anos, a batalha de rimas voltou para o espaço onde tudo começou com 20 pessoas e som portátil. Com direito, agora, a reconhecimento oficial: o Duelo de MCs Nacional 2019 fez parte das comemorações dos 122 anos de Belo Horizonte, festejados com programação gratuita.

SURPRESA

Léo Cezário, um dos idealizadores do evento, disse que a ficha ainda não caiu: é preciso tempo para digerir e visualizar a dimensão que o evento tomou. As batalhas debaixo do Viaduto de Santa Tereza já não comportavam mais tanto público e seguidores: “Tínhamos noção de que seria diferente, com maior fluxo de pessoas, mas fomos surpreendidos pela receptividade.”

Claro, há sempre o que melhorar. “Falta à cidade, enquanto gestão, aprender a fazer melhor. Tivemos suporte efetivo da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, mas há normas e leis rígidas no processo e é preciso boa vontade de todos os lados. Temos de estudar melhor. Todos aprendemos. Antes, falávamos que a praça tem de ser aberta, mas lidamos com vidas humanas e temos de entender que para o movimento crescer, é importante segui-las”, avaliou Léo Cezário. Para 2020, ele pensa no Mineirão: “Sonho alto e grande. Precisamos de mais patrocínio para circular com mais poder pelas seletivas e fazer um evento ainda mais grandioso em BH”.

Hora de 'celebrar de comungar'


Pedro Valentim, o PDR, também organizador do Duelo de MC's, confessa: ainda não é possível mensurar tudo o que ocorreu. “Só sei que precisamos de mais dinheiro, de patrocínio e mais políticas públicas para fazer do jeito que acreditamos. O recurso é um gargalo. E temos de criar uma relação mais leve com as instâncias públicas, já que, ao ocupar a cidade, há processo engessados. Poderíamos ter mais público, por exemplo, mas nosso licenciamento foi para 20 mil pessoas”, disse.

Mas PDR está feliz: “Este momento é a festa de fim de ano do hip-hop. Batalha e shows acabam sendo o momento de encontro com todos os amigos. Então, celebrar e comungar são as palavras que nos definem”.
O rapper Samora N'Zinga, cria das batalhas, destacou tudo o que envolve a realização do Duelo mineiro: “É muita luta, trabalho e gente envolvida que acredita no sonho e na cultura hip-hop. Um sonho que começou com 20 pessoas e, agora, se depara com 20 mil. Multiplicou exponencialmente.” Ele também destacou a mistura de gerações: “Muitos falam em new school, old school, mas defendo a true school, somos todos a verdade.”.

Wallison Culu, artista dançarino morador da Serra, onde comanda projetos sociais com foco na arte, cultura, lazer e dança urbana, faz parte da Cia. Fusion, fundada há 16 anos. Ele acompanha as batalhas de rimas desde o início. “Ver a evolução é sensacional, rico e eficaz. Ver isso hoje, aqui, diante dos meus olhos, faz com que o hip-hop, a produção e a família toda ganhem força para viver e executar esta arte”, comemora Culu.

História
Realizado pela primeira vez em 2012, o Duelo de MCs nacional se tornou um marco do hip-hop brasileiro. Em sete edições, o projeto passou por todas as regiões do país e recebeu grandes nomes em seu palco, com destaque para Djonga (MG), Cris SNJ (SP), Tamara Franklin (MG), Emicida (SP), Rappin Hood (SP), Marechal (RJ), DJ Nyack (SP), Matéria Prima (MG), Potencial 3 (SP), DJ Roger Dee (MG), Slim Rimografia (SP), Gustavo Pontual (PE), Bruno BO (PA), DJ Erick Jay (SP), Melanina MCs (ES), DV Tribo (MG) e Rico Dalasam (SP).


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