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Estado de Minas TRAGéDIA

Reforço estrangeiro nas investigações

Universidade pública da Catalunha, na Espanha, passa a trabalhar em estudos para buscar as causas do rompimento da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, ocorrido em janeiro


postado em 28/11/2019 04:00

Barragem 8B, na Mina de Águas Claras, em Nova Lima, é a primeira a receber a descaracterização anunciada pela Vale em janeiro. Outras oito passarão pelo mesmo processo (foto: Vale/Divulgação )
Barragem 8B, na Mina de Águas Claras, em Nova Lima, é a primeira a receber a descaracterização anunciada pela Vale em janeiro. Outras oito passarão pelo mesmo processo (foto: Vale/Divulgação )

As investigações do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte – que deixou 256 mortos e 14 desaparecidos –, ganharam mais um reforço. A Universitat Politécnica de Catalunya (UPC) foi contratada para, por meio do Centro Internacional de Métodos Numéricos en Ingeniería (CIMNE), realizar estudos para determinar as causas da tragédia. Entre as análises estão os serviços de modelagem e simulação computacional.
 
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a contratação foi feita graças a acordo entre o órgão e a Vale. A mineradora vai arcar com os custos das atividades, consideradas “fundamentais para o término das investigações”. “As premissas básicas que orientaram a busca de instituições com expertise internacional para o desenvolvimento dos trabalhos foram a detenção de inquestionável capacidade técnica e a ausência de potencial conflito de interesse relacionado a organizações ligadas à Vale S/A, aspecto fundamental para a apreciação isenta a respeito das circunstâncias do evento sob investigação”, afirmou a força-tarefa.
 
Peritos do MPF e da Polícia Federal (PF) vão acompanhar os trabalhos. Além deles, consultores técnicos independentes vão participar dos serviços. O Estado de Minas entrou em contato com a Vale para falar sobre a contratação e aguarda posicionamento.

Indiciamento Em setembro deste ano, a PF indiciou 13 pessoas por causa do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho. Sete funcionários da Vale e seis da Tüv Süd, que concedeu o certificado de estabilidade do reservatório que rompeu, por falsidade ideológica e falsificação de documentos. Os crimes estão previstos na Lei de Crimes Ambientais. De acordo com o delegado Luiz Augusto Pessoa Nogueira, um dos responsáveis pelo inquérito, os crimes foram cometidos três vezes, uma em junho e duas em setembro de 2018, quando as empresas assinaram documentos que atestavam a estabilidade da barragem. Os indiciados ainda serão investigados por crimes ambientais e contra a vida.
 
Do lado da Vale, os funcionários são o gerente-executivo de Geotecnia Corporativa, Alexandre de Paula Campanha; as integrantes da Gerência de Geotecnia Marilene Christina Lopes de Oliveira Araújo e Andrea Leal Loureiro Dornas; a integrante do setor de Gestão de Riscos Geotécnicos Cristina Heloise da Silva Malheiros; o especialista em liquefação Washington Pirete da Silva; o assessor técnico do setor de Gestão de Riscos Geotécnicos Felipe Figueiredo Rocha e o geólogo César Augusto Paulino Grandchamp.
 
Da Tüv Süd estão na mira da Justiça os engenheiros Makoto Namba e Marlísio Cecílio de Oliveira, o consultor Arsênio Negro Júnior, a especialista em geotecnia e liquefação Ana Paula Toledo Ruiz e o executivo da empresa na Alemanha Chris-Peter Mayer. Nenhum diretor da Vale foi responsabilizado nessa etapa do inquérito. A mineradora se manifestou afirmando que continuará colaborando com as investigações.
 
O relatório da PF não pediu prisões, mas entrou com pedido de medida cautelar contra os indiciados. O objetivo é que eles sejam impedidos de prestar consultorias ou fazer novos trabalhos na área de barragens. O inquérito será encaminhado ao Ministério Público, que vai avaliar as provas. A partir daí, o MP decide se faz ou não a denúncia. Em caso de condenação, cada um dos envolvidos pode ter pena entre 9 a 18 anos.

Dez meses Na segunda-feira, o rompimento da barragem de Brumadinho completou 10 meses. O EM mostrou que o cenário de destruição provocado pela onda de rejeitos de mineração se transformou em um grande canteiro de obras. Em 25 de novembro, para marcar a data e honrar as vítimas, parentes e amigos fizeram um culto ecumênico na entrada da cidade, cobrando reparação mais justa e punição para os responsáveis pelos crimes ambiental e social.

Vale conclui obra em barragem

A mineradora Vale concluiu as obras de descaracterização da primeira das nove barragens a montante, anunciadas em 29 de janeiro – a decisão foi tomada quatro dias após o rompimento da Barragem B1 da Mina do Córrego do Feijão. Localizada na Mina de Águas Claras, em Nova Lima, o reservatório 8B teve as obras iniciadas em 17 de maio. O objetivo da mineradora é que nos próximos três anos todas estejam descaracterizadas ou com o fator de segurança adequado, sem oferecer risco às comunidades e municípios localizados abaixo das estruturas e ao meio ambiente.
 
De acordo com a Vale, as obras consistiram na remoção do alteamento que estava apoiado sobre sedimentos e na construção de um canal central com pedras para possibilitar o escoamento natural da água superficial. “Antes de iniciada a obra, que gerou 160 empregos diretos, toda a água superficial do reservatório foi retirada por meio de bombeamento. Para formar o enrocamento no canal central e no local onde ficava o barramento foi necessária a colocação de cerca de 50 mil toneladas de pedras”, informou a empresa.
 
Ainda segundo a Vale, a área onde ficava a barragem B8 está sendo revegetada. Foi aplicada uma manta vegetal em uma área de 12.700 m² e plantadas 1 mil mudas de espécies nativas da Mata do Jambreiro, reserva de proteção permanente preservada pela Vale onde estava localizada a 8B. Com a conclusão das obras, a empresa começou com os processos de formalização da descaracterização junto aos órgãos estaduais e Agência Nacional de Mineração.

Obras de contenção O projeto de descaracterização inclui também as barragens Sul Superior (Barão de Cocais), Vargem Grande (Nova Lima), Fernandinho (Nova Lima), B3/B4 (Nova Lima), Grupo (Ouro Preto) e Forquilhas I, II e III (Ouro Preto). A mineradora garante que em algumas estruturas estão sendo construídas barreiras de contenção a jusante para reforçar a segurança em caso de rompimento. As obras de descaracterização e de contenção estão orçadas em R$ 8,6 bilhões.
Até dezembro, devem estar concluídas duas barreiras localizadas a jusante das barragens Sul Superior, em Barão de Cocais, e B3/B4, em Macacos (Nova Lima). Já a obra de contenção do conjunto de barragens que reúne Forquilhas I, II e III, e Grupo, da Mina Fábrica, em Ouro Preto, deve estar concluída no final de fevereiro de 2020.

Os números da 8B

» Início da operação: 1974
» Fim da operação: 2002
» Capacidade total: 300 mil m3
» Número de empregos 
gerados: 160
» Área revegetada: 12.700  m²
» Mudas plantadas: 1.100
» Altura do enrocamento: 
1,5 metro
» Volume de rochas usadas no 
enrocamento: 50 mil toneladas


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