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Praia no fim de ano? Confira se há óleo no seu destino

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(foto: Arte EM)


Com o fim do ano e as férias de janeiro se aproximando, mineiros que procuram agências de viagem chegam cercados de dúvidas e até repensam os planos para o período de veraneio, quando milhares de turistas do estado se deslocam para a costa do Nordeste e do Sudeste. Desta vez, eles também levam na bagagem o medo em relação às manchas de óleo que são avistadas desde agosto no litoral brasileiro. Embora haja quem tenha visitado destinos turísticos nessas regiões recentemente sem problemas, alguns já optam por cancelar a visita ou mudar o destino, e já há agências que acusam queda de até 80% nas compras em alguns dos meses mais procurados. Segundo o último balanço do Ibama, divulgado ontem, em três meses, o produto poluente já atingiu 724 localidades em 120 municípios de 10 estados, do Maranhão ao Espírito Santo.

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Moradores de Belo Horizonte, a jornalista Thaíne Belissa e o marido já estavam com as passagens compradas para João Pessoa (PB) desde julho e pretendiam ir até a Região Metropolitana de Recife (PE) neste mês. Também reservaram diárias em uma pousada em Olinda, onde visitariam uma amiga. Já estava tudo preparado quando, no fim de setembro, começam as primeiras informações sobre o óleo no litoral Nordeste. “Estava muito difícil conseguir informações precisas nos noticiários, quais praias tinham sido afetadas mesmo, se o óleo causava algum problema de saúde... Eu não conseguia saber para tomar uma decisão”, conta.

O jeito foi tentar levantar informações por conta própria. “O que fiz foi entrar em contato com as pessoas que eu conhecia na região, com quem trabalha e mora por lá. Aí deu mais certo, porque as pessoas começaram a me trazer os relatos reais do que elas viram, por exemplo: 'A praia x está contaminada'. No meio de outubro, um amigo de João Pessoa mandou uma mensagem falando que o mar tinha trazido mais óleo, que boa parte das praias que a gente queria visitar estava cheia de óleo, e vieram aquelas notícias de que não podia comer peixe, camarão”, disse.



Diante da possibilidade de se frustrar na viagem ao litoral, eles resolveram cancelar os planos e se informar sobre seus direitos, pesquisando orientações do Procon. Thaíne conta que, por sorte, conseguiu escapar da multa da companhia aérea, porque a empresa havia remarcado o voo várias vezes por iniciativa própria. Assim, ela teve o valor restituído. Da reserva da pousada, feita em um site especializado, conseguiu recuperar uma parte.

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Como ainda havia tempo, o casal decidiu viajar para o litoral de São Paulo, onde as manchas de óleo não chegaram, ao menos por enquanto. Lá, se livraram da poluição, mas acabaram surpreendidos pelo mau tempo. Ela conta que eles não foram os únicos turistas a mudar de rota por causa da situação. “Quando pegamos um Uber para ir ao hotel, o motorista falou que tinha pegado várias pessoas que antes iam para o Nordeste, tinham desistido e foram para Ubatuba”. Isso já faz com que moradores locais esperem muito mais visitantes neste fim de ano.

Cancelamentos


A situação em outubro e no início de novembro era crítica para as vendas de pacotes turísticos, mas começou a mudar agora no fim deste mês. “Porém, a melhora não é nem em termos de Brasil, mas de destinos internacionais”, disse, nesta sexta-feira, a agente de viagens Joyce Versiani, que trabalha na área há 15 anos. “Nordeste é o principal produto que vendemos. Outubro costuma ser um dos melhores meses de venda, quando pessoas compram visando ao embarque em janeiro, que é altíssima temporada. Desta vez não foi, devido a esse terrível 'incidente'”, disse. “Temos passageiros com embarques para dezembro que estão assustados e estudando o cancelamento”, afirma.

Segundo ela, na empresa onde trabalha houve queda de quase 80% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado. Com a mancha de óleo rondando o Nordeste, alguns clientes optaram por ir para o Sul do Brasil. “Vamos ter que esperar. E rezar para essa mancha sumir da mesma maneira que apareceu”, disse.

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Negociação


O presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) em Minas Gerais, Alexandre Brandão, orienta as pessoas que compraram pacotes em agências e não querem mais viajar que procurem os escritórios para ver o que pode ser feito. “É possível trocar o destino ou adiar a viagem. Tem que ser visto caso a caso, porque somos uma cadeia. Tem hotelaria, receptivo, a passagem aérea. A companhia (aérea) não abre mão das multas”, afirma. “Quando se usam tarifas promocionais, a remarcação fica mais cara do que pagar um bilhete novo. De qualquer maneira, a gente recomenda que seja negociado caso a caso”, conta. A orientação da negociação também é válida para quem solicitou os serviços individualmente, diretamente com hotéis, companhias aéreas, receptivos, etc.

Porém, ele considera que o cenário de desistências não é tão grave. “Está sendo uma coisa muito pontual. Em Minas, os maiores destinos (de quem sai do estado) são Bahia e Espírito Santo. Na Bahia, houve poucos problemas com o óleo. Em Arraial D'Ajuda (BA), Guriri, em São Mateus (ES), Conceição da Barra (ES), as porções que chegaram são do tamanho de uma moeda de R$ 1. Quem não comprou, ainda está esperando a Black Friday, que vai vir com ofertas”, sustenta.

De toda forma, antes de fechar a viagem é aconselhável que o turista se informe sobre a situação das praias no destino, seja por meio de contato com moradores, outros turistas ou visitando sites das prefeituras das localidades. Além disso, diariamente, o Ibama publica em seu site a lista dos locais atingidos pelas manchas de óleo em todo o país. Os arquivos podem ser acessados por meio do endereço www.ibama.gov.br/manchasdeoleo-localidades-atingidas. Lá também há respostas para as perguntas mais frequentes e outros detalhes. A Marinha do Brasil também tem uma página com atualizações sobre o litoral: www.marinha.mil.br/manchasdeoleo.

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Fiocruz recomenda cuidado com saúde


O óleo continua chegando a algumas praias do Nordeste e, mais recentemente, ao Espírito Santo, um dos destinos mais procurados pelos mineiros. Mas já é possível também encontrar praias sem vestígios do poluente. Na terça-feira, o Ministério da Agricultura divulgou nota informando que amostras de pescado recolhidas em 28 e 29 de outubro na costa do Nordeste não ofereciam perigo para o consumo.

Mesmo assim, é preciso evitar contato com as manchas, onde elas ainda ocorrem. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) atua junto ao Centro de Operações de Emergência (COE Petróleo), do Ministério da Saúde, para monitorar o impacto da substância na saúde da população. Foi criado um grupo de trabalho para avaliar o problema e propor soluções.

A Fiocruz ressalta que ainda é preciso saber o qual é o tipo de óleo que está chegando às praias, mas nota técnica divulgada no site da instituição fala dos riscos que o contato com o petróleo em geral pode trazer ao organismo. “A contaminação pelas substâncias tóxicas pode ocorrer por sua ingestão, inalação ou absorção pela pele”, diz o texto. “A exposição a esses produtos poderá provocar irritações na pele, rash cutâneo, queimação e inchaço, sintomas respiratórios, cefaleia e náusea, dores abdominais, vômito e diarreia. O efeito mais temido de longo prazo é a ocorrência de câncer, em especial alguns tipos de leucemia. Os pesquisadores da Fiocruz alertam que a exposição a esse produto deve ser reduzida ao mínimo. Quem chegar perto deve usar roupas protetoras e depois descartá-las de forma adequada”, diz o texto.



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