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Mil imóveis em risco: por que perfil da chuva dividiu o foco de alertas em BH

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(foto: Arte EM)


Depois de enfrentar um longo período de estiagem, Belo Horizonte ainda não superou os problemas de abastecimento causados pela seca, mas já volta a entrar em alerta com a chuva. Temporais localizados levaram órgãos de segurança e defesa civil a colocar em prática protocolos de fechamento de vias da capital onde são comuns alagamentos. Apesar das precauções, a cidade já contabiliza a primeira morte do atual período chuvoso. Trata-se de um homem de 33 anos que foi arrastado pela enxurrada no Bairro Santa Mônica, em Venda Nova. Outros três óbitos foram registrados em Minas Gerais desde outubro (veja quadro).

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Além dos alagamentos e enxurradas que preocupam durante as chuvas intensas, a previsão de precipitações não tão fortes, mas ininterruptas, faz disparar outro alerta. O solo encharcado aumenta o risco de quedas de muros, deslizamentos, escorregamentos de terra, erosões, trincas e rachaduras em imóveis. A previsão dos meteorologistas é de que o tempo instável continue ao menos até domingo, com possibilidade de se estender durante a próxima semana. Com isso, as preocupações se voltam, principalmente, para locais onde estão os 1,1 mil imóveis em áreas consideradas de risco na capital. A recomendação é que população adote medidas de autoproteção se algum indício de risco geológico for detectado.

Belo Horizonte já registrou chuva por seis dias consecutivos. Com a previsão de que a instabilidade continue, o risco geológico aumenta, devido à saturação do solo. Ocorrências já registradas neste período chuvoso, que teve início em outubro, comprovam a necessidade de cuidados. De acordo com a Defesa Civil Municipal, já foram atendidas na atual estação cinco ocorrências de desabamento parcial de muro de arrimo, e oito episódios de deslizamentos de encosta ou escorregamentos. Todos durante precipitações pontuais, sem dias seguidos de instabilidade.

Após emitir alerta para o risco geológico na cidade, a Defesa Civil Municipal está de prontidão. Equipes da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) iniciaram, desde janeiro deste ano, medidas para mitigar os danos, com obras em terrenos instáveis e orientação para moradores. Esse tipo de ameaça ainda ronda 1,1 imóveis na capital, mas, apesar de o total ainda ser alto, esse número já chegou a 15 mil.

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“O trabalho em relação ao risco geológico acontece todo o ano em áreas de vilas e favelas, há 25 anos em BH. Em 2019, fizemos 60 obras de erradicação de risco, e temos mais 65 em andamento”, afirma Isabel Volponi, diretora de Áreas de Risco e Assistência Técnica da Urbel.

Durante o período chuvoso, os trabalhos são intensificados, principalmente na orientação dos moradores para evitar tragédias. “Temos que desenvolver a cultura do risco, para saber o que faz piorar o risco e entender a situação. É fundamental que a população tome medidas de autoproteção. Não é só obra que resolve, a postura do cidadão de não se expor a situação de risco é muito importante”, ressalta.

Os moradores devem ficar atentos a sinais que podem indicar os riscos de escorregamentos, como trincas nas paredes e rachaduras no solo. Também devem verificar a situação de muros de arrimo. “Os muros que são construídos devem ter manutenção periódica. Tem alguns que são construídos e não sabemos se foram feitos corretamente. Há o risco de escorregamento e da queda desse tipo de barreira”, comentou a diretora da Urbel.

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As medidas de autoproteção são importantes para evitar mortes, que neste período chuvoso já ocorrem em Belo Horizonte e outras três cidades, conforme a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec). Na capital, a vítima foi Aurélio Pereira de Jesus, de 33 anos, arrastado pela enxurrada para um córrego no Bairro Santa Mônica, na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte. Uma testemunha contou aos militares que havia conversado com a vítima. Em seguida, entrou em casa e, quando saiu, viu o homem sendo levado pela correnteza durante a chuva de segunda-feira. O corpo foi encontrado no dia seguinte, preso a arbustos no Córrego Isidoro, próximo ao Bairro Juliana.

No estado, a primeira morte no período chuvoso foi de João Paulo Gonçalves dos Santos, de 29, vítima de uma descarga atmosférica em Januária, no Norte de Minas. Em 24 de outubro, em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, Hilda Leandro de Jesus Silva, de 46 anos, foi atingida pelo tronco de um eucalipto às margens do Rio Sapucaí, durante uma tempestade de granizo. No dia seguinte, Roberto Rodrigues do Vale, de 50 anos, resgatou o filho que caiu em um buraco aberto dentro de uma casa em Viçosa, na Região da Zona da Mata. Porém, ele não conseguiu sair e foi arrastado pela correnteza.

Previsão


Moradores de Belo Horizonte devem se preparar para o tempo instável até pelo menos o domingo. “Essa sequência de chuva está sendo ocasionada pelo fluxo de umidade da Região Centro-Oeste ou Amazônica do país, o que é comum nesta época do ano. A previsão é de que permaneça nesta situação até pelo menos o domingo em Belo Horizonte”, explicou o meteorologista Claudemir de Azevedo, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

No interior de Minas não deve ser diferente. “A instabilidade afetará todas as regiões do estado. No Noroeste e Vale do Jequitinhonha, a perspectiva é de chuva até domingo. No Norte, a chuva deve diminuir a partir do sábado”, disse o especialista.



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