Jornal Estado de Minas

Homem que dirigia embriagado é indiciado por morte de estudante em Contagem


A Polícia Civil concluiu o inquérito que apurou um acidente de trânsito, ocorrido em julho deste ano, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na ocasião, uma jovem morreu e outras três vítimas ficaram feridas. As investigações apontam que a principal causa do acidente foi a embriaguez do motorista, que fugiu do local sem prestar socorro.



Além do condutor do veículo, outras duas pessoas foram indiciadas por tentar alterar a cena do crime e dificultar o trabalho da polícia. Os detalhes da investigação, que levou três meses para ser concluída, foram repassados pelos delegados Rodrigo Bustamante, Luciano Guimarães do Nascimento e Saulo de Tarso Castro, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira.

O motorista Albert Morais dos Santos, de 25 anos, trabalhava fazendo frete entre Contagem e Belo Vale, na Região Central do estado, onde ele mora. De acordo com a polícia, no dia 13 de julho, ele saiu de Belo Vale para ir à uma casa noturna no Bairro Buritis, Região Oeste de Belo Horizonte. No caminho, ele buscou quatro colegas.

A estudante Camila Morrana o conhecia há cerca de 10 dias. Ele a buscou no Bairro Cabral, em Contagem, onde ela morava. Quando todos estavam no veículo com destino da boate, Albert perdeu o controle do veículo em uma curva e bateu em um poste. Camila morreu e os outros três passageiros ficaram feridos.



Embriaguez

De acordo com a polícia, Albert alterou a cena do crime e depois fugiu. Testemunhas contaram que ele chegou a retirar cerveja do carro e descartar. Uma dessas testemunhas chegaram a contar que o motorista ofereceu dinheiro para que não contasse sobre o álcool para a polícia.

Alta velocidade

As investigações apontam que o motorista dirigia em alta velocidade. Segundo o delegado Saulo de Tarso, uma testemunha chegou a falar em depoimento que o carro estava a 200 km/h. Versão que também com comprovada com imagens do laudo pericial.

De acordo com os depoimentos das testemunhas, durante o percurso, um dos ocupantes do carro teria pedido que o motorista diminuísse a velocidade, pois estavam inseguros. 

Não foi preso

Três dias após o acidente, Albert compareceu na delegacia com advogado e negou todas acusações. Segundo Dr. Saulo de Tarso, ele somente assumiu um pequeno excesso de velocidade, dizendo que estava a 90 km/h. No local do acidente, a velocidade máxima permitida é de 60 km/h.



De acordo com o inquérito, Albert deve responder por três lesões corporais e um homicídio culposo com embriaguez ao volante. Segundo o delegado, os três passageiros que estavam no banco de trás do carro não estavam com cinto de segurança.

Comparsas

A Polícia Civil concluiu ainda que haviam outras duas pessoas envolvidas no crime. Um dos amigos de Albert que estava no carro e outro colega que esteve no local e tentou assumir o acidente. Entretanto, a Polícia Militar em registro de boletim de ocorrência descartou a possibilidade.

Os dois rapazes também foram indiciados e vão responder por crime de fraude processual, do Art. 347 do Código Penal que prevê detenção de três meses a dois anos por “inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito”.


O delegado Saulo de Tarso Castro disse que os três suspeitos respondem pelos crimes em liberdade. O inquérito foi remetido à Justiça e o suspeito foi denunciado pelo Ministério Público.

Carta de mãe da vítima

A mãe da vítima, em carta, agradeceu o trabalho da 7ª Delegacia de Polícia Civil em Contagem e disse que deseja que este caso sirva de exemplo para outras pessoas, que não devem ingerir bebida alcoólica se forem assumir o controle da direção.

“Eu, juntamente com toda a minha família, agradecemos a 7ª Delegacia de Polícia Civil de Contagem pelo trabalho realizado com excelência na investigação desse trágico acidente. Somos gratos pelo profissionalismo do delegado, do inspetor e de toda a equipe. Agradecemos também a todos que contribuíram de forma indireta durante o processo e em especial os funcionários da Ciretran, pelo apoio e dedicação à família nesse momento de profunda tristeza. Confiamos nas autoridades de Contagem e esperamos que as demais instâncias tratem o fato com a mesma presteza que a Polícia Civil que investigou e encaminhou o caso ao Judiciário”, disse.
 
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.