Sem rodeios e em bom Português, estudantes do colégio Loyola se manifestaram contra a anulação de uma prova aplicada nessa segunda-feira (7) aos alunos do 2º ano do Ensino Médio . O cancelamento se deu a pedido de um grupo de pais, indignados com o fato de o exame de Língua Portuguesa trazer questões baseadas em textos do escritor Gregório Duvivier e do cientista político Mathias Alencastro, ambos publicados em agosto deste ano na Folha de São Paulo. A direção do colégio informou que o a nova avaliação será facultativa.
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Repúdio
Na visão dos estudantes que assinam a carta, a adoção do texto de Gregório Duvivier - que é crítico ao governo Bolsonaro -, não visou à doutrinação ou à propaganda política, ou mesmo ofende àqueles que, eventualmente, apoiem o presidente, como sustenta o grupo que pediu a anulação do exame.
"O texto apresentado ia de acordo às diretrizes da disciplina de Língua Portuguesa, que, ao longo de todo o ano letivo, trabalhou, em sala de aula, os diferentes gêneros textuais, como artigos de opinião, crônicas e resenhas. Ademais, é importante destacar que, das quatro questões referentes ao texto, uma é relacionada à colocação pronominal, e as outras três à estrutura característica dos textos de humor.” afirma a carta.
O documento faz ainda uma defesa da liberdade de expressão, além de denunciar o que classifica como ataques direcionados ao corpo docente e ameaça a autonomia dos professores em sala de aula.
Na percepção de Maria Fernanda Paixão Lages, aluna do 2º ano do Ensino Médio, o clima entre os funcionários do colégio após o polêmico episódio é de certo receio. "A professora de Português responsável pela prova apenas nos comunicou sobre a anulação do exame, sem comentar muito a respeito. Os outros professores só falam sobre o assunto quando nós questionamos. Nós fizemos isso e eles se posicionaram todos a favor da professora, assim como nós", diz a adolescente.
"Decisão técnica"
Após o anúncio do cancelamento da prova, a direção do colégio Loyla afirmou que a realização do novo exame será facultativa. "Quem não quiser fazer a nova avaliação terá a nota obtida na prova anterior mantida", informa o diretor acadêmico Carlos Alberto de Freitas.
De acordo com Freitas, a decisão de anular a avaliação não configura endosso às críticas feitas pelos pais dos estudantes ao texto de Duvivier - a mãe de um aluno (que pediu anonimato para preservar o filho) escreveu uma carta endereçada à direção classificando a obra de panfletária, além de "mal escrita", "rasa", salpicada por termos chulos e abordagem inadequada sobre suicídio.
O dirigente nega que a escola tenha cedido à pressão do grupo conservador. Ele argumenta que a decisão de cancelar a avaliação foi técnica, calcada em um documento elaborado pelo colégio que norteia a abordagem de temas sociais em sala de aula. As provas, conta o diretor, passam pelo crivo de pelo menos dois profissionais antes de serem aplicadas. Freitas identifica que, no caso do exame em questão, houve uma falha nos processos internos do Loyola, o que fez com que o material chegasse aos alunos sem oferecer também um contraditório ao ponto de vista dos autores Gregório Duvivier e Mathias Alencastro.
"Em tempos de polarização, entendemos que o cuidado dispensado à abordagem de questões políticas deve ser intensificado. No caso da elaboração dessa prova, reconhecemos que nos faltou essa prudência - acredito que em função do nosso final de ano atribulado. Por isso, vamos oferecer uma nova versão do exame, que incluirá também textos com visões divergentes do Duvivier e do Alencastro", explica Freitas.
Questionado sobre o clima de receio de retaliação e perseguição denunciado por estudantes e outros membros da comunidade escolar, o diretor nega que o espisódio vá gerar qualquer tipo de punição e exalta a iniciativa dos autores da nota de repúdio. "Nós não esperávamos outra outra coisa dos nossos alunos. Se eles não se posicionassem, não seriam alunos do colégio Loyola, pois a formação de seres humanos críticos é uma de nossas premissas".
De acordo com Freitas, a decisão de anular a avaliação não configura endosso às críticas feitas pelos pais dos estudantes ao texto de Duvivier - a mãe de um aluno (que pediu anonimato para preservar o filho) escreveu uma carta endereçada à direção classificando a obra de panfletária, além de "mal escrita", "rasa", salpicada por termos chulos e abordagem inadequada sobre suicídio.
O dirigente nega que a escola tenha cedido à pressão do grupo conservador. Ele argumenta que a decisão de cancelar a avaliação foi técnica, calcada em um documento elaborado pelo colégio que norteia a abordagem de temas sociais em sala de aula. As provas, conta o diretor, passam pelo crivo de pelo menos dois profissionais antes de serem aplicadas. Freitas identifica que, no caso do exame em questão, houve uma falha nos processos internos do Loyola, o que fez com que o material chegasse aos alunos sem oferecer também um contraditório ao ponto de vista dos autores Gregório Duvivier e Mathias Alencastro.
"Em tempos de polarização, entendemos que o cuidado dispensado à abordagem de questões políticas deve ser intensificado. No caso da elaboração dessa prova, reconhecemos que nos faltou essa prudência - acredito que em função do nosso final de ano atribulado. Por isso, vamos oferecer uma nova versão do exame, que incluirá também textos com visões divergentes do Duvivier e do Alencastro", explica Freitas.
Questionado sobre o clima de receio de retaliação e perseguição denunciado por estudantes e outros membros da comunidade escolar, o diretor nega que o espisódio vá gerar qualquer tipo de punição e exalta a iniciativa dos autores da nota de repúdio. "Nós não esperávamos outra outra coisa dos nossos alunos. Se eles não se posicionassem, não seriam alunos do colégio Loyola, pois a formação de seres humanos críticos é uma de nossas premissas".