Jornal Estado de Minas

PAISAGEM

Baixa umidade e frio esticam espetáculo dos ipês em BH e arredores



A primavera vai começar exatamente às 4h50 do dia 23, mas as cores fortes da estação já dominam ruas, avenidas, praças, parques e, principalmente, estradas que unem a capital aos demais municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Como destaque na paisagem, pontifica o ipê-amarelo, árvore símbolo do Brasil e considerada por muita gente a de copa mais resplandecente. Este ano, a combinação de baixa umidade e frio deixou os ipês ainda mais bonitos, explica a bióloga com formação em botânica, Míriam Pimentel Mendonça, do Jardim Botânico da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB).



Nesses dias de sol, e com a chuva ainda sem dar as caras, basta dar um giro para ver os exemplares de todos os tamanhos e no tom vivo do ouro, como se fizessem uma despedida do inverno em grande estilo. Quem está ansioso por chuva, para apagar a poeira, espanar a sujeira do ar e dar um “brilho” no verde da natureza vai ter que esperar sentado. Setembro será seco, devendo as primeiras chuvas darem o ar da graça, na capital e arredores, apenas no fim do próximo mês. As águas só virão com força, mesmo, em outubro, dando início à estação chuvosa que perdura até março. Com a secura do ar e dias ensolarados, nunca é demais a recomendação para hidratar muito e abusar do filtro solar.

Flores de ipê amarelo cobrem calçada na Alameda do Ipê Branco, no Bairro São Luiz (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)


Segundo o meteorologista Ruibran dos Reis, do Climatempo, os próximos 15 dias serão de sol e calor, favorecendo, portanto, a contemplação das árvores. A tendência, informa, é de queda da umidade relativa do ar, que, na quinta-feira, deverá estar abaixo de 20%, o que exige cuidado redobrado com a saúde. “Em São João del-Rei, na Região do Campo das Vertentes, por exemplo, está em 17%”, disse Ruibran. A partir dos próximos dias, a tendência é aumento da temperatura em Belo Horizonte, batendo na casa dos 32 graus.

Beleza pura


Nesses tempos de incêndios florestais e céu coberto de cinza em muitas cidades, devido à fumaça resultante de queimadas, dá gosto ver o amarelo dos ipês tornando mais bonito a paisagem urbana. Com mestrado em ecologia, Míriam conta que há, no país, várias espécies do ipê-amarelo, que encontra solo fértil na mata atlântica, na floresta amazônica, cerrado e outras regiões.



“Amo os ipês-amarelos, não tem flor mais bonita no mundo”, declara sua paixão Rosana Paula Dias, que trabalha numa lanchonete no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de BH e mora no Conjunto Cristina, no distrito de São Benedito, em Santa Luzia. “Quando venho trabalhar, fico olhando a paisagem, da janela do ônibus, e isso me encanta. O ipê é perfeito. Acho até que deveria se chamar 'iperfeito'”, brinca a sorridente Rosana.

Ipê amarelo florido no Bairro Mangabeiras (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Em Belo Horizonte, predominam o ipê-roxo, chamado popularmente de rosa de bola, e o branco. Na Pampulha, há ruas que “explorem” nas tonalidades, deixando ainda mais especial o conjunto moderno reconhecido como Patrimônio da Humanidade. No caso específico do “rosa de boa”, Míriam alerta para a exploração, tendo em vista o uso da madeira para múltiplas finalidades. “Torna-se mais do que necessário a recuperação de áreas”, avisa a botânica, lembrando que o ipê-roxo ou rosa de bola não está na lista de árvores ameaçadas.

Em Minas, há 20 espécies diferentes de ipês – com incidência, em Belo Horizonte, dos amarelos, rosa, roxo e branco, que é o de floração mais efêmera. Nas estradas que ligam a capital às cidades vizinhas e comunidades rurais, é possível ver uma profusão dos espécimes amarelos, formando uma massa dourada que fica mais reluzente em dias ensolarados. Os moradores da metrópole também não precisam se queixar: basta simplesmente olhar para cima e admirar as copas das árvores ou ir até o alto de um prédio se encantar com as flores a poucos metros dos olhos.

Árvore protegida


Ipê amarelo também no Bairro Mangabeiras, Região Centro-Sul de BH (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)

O ipê-amarelo é uma espécie protegida, informam os técnicos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Em Minas, há uma legislação específica que traz as regras para corte e compensação Trata-se da Lei Estadual 9.743/1988. Portanto, toda atenção é pouca diante de uma frondosa árvore dessa, que dá sombra, atrai passarinhos e embeleza a cidade.