Jornal Estado de Minas

Kalil determina a contratação de 500 cobradores de ônibus, após ameaçar barrar reajuste


A queda de braço entre a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e as empresas de ônibus que atuam na cidade continua. O Prefeito Alexandre Kalil determinou, nesta terça-feira, a contratação imediata de 500 cobradores. A medida foi apresentada durante reunião com representantes dos consórcios. No último sábado, o prefeito voltou a dizer que sem o retorno dos agentes de bordo para os coletivos não haverá aumento da passagem em 2019 na capital mineira.  


A determinação foi apresentada aos representantes da prefeitura e das empresas que atuam na cidade. O prefeito ainda apontou que equipes da administração municipal irão monitorar as contratações. “Em reunião convocada nesta terça-feira, na sede da Prefeitura, o prefeito Alexandre Kalil determinou aos representantes das empresas de ônibus a contratação imediata de 500 cobradores, sem desvio de função e de maneira definitiva. Todos os cobradores terão que ser contratados até o final de setembro. Foi acordado ainda que as listas dos contratados sejam enviadas semanalmente para acompanhamento e fiscalização da Comissão de Transporte da Câmara Municipal e da BHTrans”, informou a prefeitura, por meio de nota.

Por lei, a BHTrans só permite a saída do agente de bordo no horário noturno, a partir das 20h30 até as 5h59, definido pela comissão paritária e registrado em ata. O desrespeito a legislação está sendo comum na capital mineira. Foram aplicadas 5.098 multas em seis meses, média de mais de uma por hora na cidade, ligeiramente superior à média de 2018, quando o ano terminou com 9.379 autuações.

O Estado de Minas mostrou, na edição de 24 de agosto, que as empresas que oferecem o serviço de transporte indicam que são favoráveis à diminuição cada vez maior dos chamados agentes de bordo. O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra/BH), Joel Paschoalin comparou a figura dos cobradores com o cargo de ascensorista, que tem sido cada vez mais raro, e disse que é necessário investir em tecnologia para evoluir o sistema e avançar, retirando o dinheiro de dentro dos coletivos.


Paschoalin também disse que o sindicato das empresas discorda das autuações aplicadas pela BHTrans por entender que existem mais linhas além das 25 troncais do Move que também são consideradas do sistema e por isso poderiam rodar em qualquer horário sem cobradores, além de questionar o horário da obrigatoriedade dos agentes de bordo. Para as empresas, a liberação deveria ocorrer a partir das 18h e não das 20h30, por entenderem que nesse período ocorre o maior percentual de uso do cartão BHBUS nas viagens. 

A reportagem procurou o Setra/BH para que o sindicato de classe se posicionasse. Em curta nota, a organização informou que foi convocada para a “reunião impositiva na prefeitura de Belo Horizonte” e “que vai acatar a determinação do prefeito Alexandre Kalil de contratar 500 novos agentes de bordo até o final de setembro”.