O celular do fotógrafo marca 17h29, mas quem passar diante do prédio da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e conferir algum dos quatro relógios lá instalados pode se confundir e até perder um compromisso de trabalho, o encontro romântico ou a sessão de cinema. No melhor estilo “deu a louca nos ponteiros”, equipamento público registrava 17h15 no relógio do alto da fachada lateral, e 12h10, na que fica virada para a Avenida Afonso Pena. Vale lembrar que esse último está parado.
Como a sabedoria popular diz que “relógio que atrasa não adianta”, é bom ficar esperto a qualquer momento. Também ontem foram registrados vários horários pelo repórter: às 17h16, os ponteiros do lado esquerdo (de quem olha para o prédio) marcavam 7h50, enquanto os de trás, virados para a Rua Goiás, estavam ligeiramente adiantados (17h45) em relação ao horário de Brasília (DF).
Mesmo que hoje quase todo mundo tenha um telefone à mão, “não fica bem ficar consultando o celular no meio da rua”, disse um morador que saía da caminhada no Parque Municipal. “O mais apropriado, mesmo, é manter o relógio sempre acertado, a fim de evitar atrasos para a população, pois, com medo de ladrão, relógio de pulso virou artigo raro”.
A volta do relógio funcionando normalmente ainda não tem “hora marcada”. De acordo com a PBH, está sendo revisado o contrato com a empresa responsável pela manutenção do equipamento da sede do Executivo. Para quem sente saudade dos modelos digitais, que apresentavam também a temperatura, segue a informação oficial: “A licitação dos relógios digitais foi suspensa em agosto de 2015 por determinação do Tribunal de Contas do Estado, e a prefeitura está avaliando a possibilidade de abrir uma nova licitação”.
História
Tombado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município, o edifício-sede da PBH apresenta estilo art-déco, com projeto oficialmente assinado pelo arquiteto Luiz Signorelli (1896-1964), embora revelando em suas linhas, conforme estudos, o estilo do italiano Raffaello Berti (1900-1972), “caracterizado pela forte tendência à geometrização, destacando-se a imponência de seu torreão lateral esquerdo, vazado por grandes vitrais de concreto armado”. Os vãos, os fechamentos e a descrição dos enfeites têm resquícios da arquitetura italiana e alemã das décadas de 1920 e 1930.
Projetado em cinco andares, a sede da prefeitura, na Avenida Afonso Pena, 1.212, tem amplas escadarias na entrada. Devido à imposição do terreno, dispõe de um porão reservado para os serviços de almoxarifado e depósitos, além de uma área para estacionamento de automóveis de serviço. O saguão central com farta iluminação é ventilado e encimado por um moderno telhado de vidro e concreto armado, dando um aspecto de grandiosidade na singeleza de suas linhas. Já no segundo andar, o destaque fica por conta do salão nobre.