Jornal Estado de Minas

PBH espera concluir 80% das obras da Via 710 até dezembro

Próximo ao shopping, empresários são responsáveis por obras de conexão ao lado do metrô (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)

Prestes a completar cinco anos de obras, a Via 710, ligação viária entre as regiões Leste e Nordeste de Belo Horizonte, se aproxima da Avenida Cristiano Machado e indica avanços depois de uma série de entraves para a evolução da construção. Entre os principais problemas enfrentados desde setembro de 2014, quando a intervenção, que foi pensada para melhorar o trânsito para a Copa de 2014, enfim começou, estão 229 desapropriações referentes a terrenos regulares, e 89 remoções em áreas de ocupação irregular, que foram judicializadas. Mas a obra teve também outros obstáculos que ampliaram o prazo de execução, como árvores tombadas pelo patrimônio histórico e a necessidade de adequação de projeto em virtude da obra de ampliação do canal do Córrego Cachoeirinha. Ainda restam nove desapropriações pendentes e 28 remoções a serem resolvidas na Justiça, mas a redução desse número leva a Prefeitura de BH a estimar que a Via 710 chegará a 80% de conclusão este ano e será inaugurada em dezembro de 2020.


Pelo menos três situações revelam a aproximação da Via 710 na Avenida Cristiano Machado. A primeira delas é o canteiro de obras e as intervenções que já estão em andamento em frente ao Minas Shopping para adequação do traçado e constituição da nova via. Outro fator que aponta a evolução nesse sentido é o fechamento que a BHTrans promove a partir deste fim de semana da Avenida Cachoeirinha, entre a Rua Angaturama e a Avenida Pastor Anselmo Silvestre, no Bairro São Paulo. Com esse bloqueio, quem desce a Angaturama ou a São Paulo em direção ao shopping terá de retornar nas imediações da Estação São Gabriel e, depois, voltar novamente, desta vez na Avenida Bernardo Vasconcelos, para acessar o centro de compras.


É exatamente nesse trecho que será interditado o Córrego Cachoeirinha, curso d'água que junto com o Ribeirão Pampulha forma o Ribeirão do Onça. Segundo Henrique Castilho, que comanda a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), o novo canal do Cachoeirinha, que ainda será construído, passará exatamente embaixo do eixo da pista da Via 710, por isso foram necessários fazer estudos para que a futura obra de ampliação do canal do manancial, que é importante para prevenir enchentes na capital mineira, não implicasse destruição do que está sendo construído agora. O superintendente da Sudecap garantiu que agora o projeto desse segmento está 100% aprovado. “Esse trecho do encaixe da Via 710 com a Cristiano Machado deverá ser concluído em junho do ano que vem. Não temos mais nenhum entrave”, afirma Castilho.

Parceria com a iniciativa privada

Por fim, o terceiro ponto que mostra que a obra caminha em direção a um dos principais corredores da cidade é a conexão entre a parte da obra que é responsabilidade da Prefeitura de BH e o trecho que é de empreendedores da região, em contrapartida à instalação de empreendimentos como o Centerminas. Segundo Henrique Castilho, esses empresários tocam a parte da obra que vai do Leroy Merlin até a Cristiano Machado. A reportagem esteve na região e constatou que falta pouco para a junção dos dois trechos. “Nós reassumimos essa obra com 30% de conclusão e vamos até o fim deste ano chegar a 80%”, diz.


(foto: Arte: Soraia Piva)

Outro trecho que vai ficar para 2020, além do encaixe com a Cristiano Machado, é uma parte da Via 710 entre os bairros Horto e Santa Inês, especialmente em um segmento em que várias construções ficarão no meio dos dois sentidos de circulação. Nesse ponto, 18 árvores tombadas pelo patrimônio histórico obrigaram a Sudecap a refazer a geometria da ligação viária para desviar dos espécimes, que não poderão ser cortados. Esse é o principal gargalo da construção, previsto para ser concluído apenas em dezembro de 2020, quando chega ao fim a atual gestão municipal da cidade, do prefeito Alexandre Kalil.

Pendências no caminho da obra

Apesar de a Prefeitura de BH estimar a data de conclusão da obra, é importante destacar que ainda restam nove desapropriações a serem resolvidas na Justiça, das 229 previstas desde o início e que tornaram a retirada de moradores mais cara do que a própria obra. Enquanto são R$ 160 milhões previstos para indenizar moradores que tiveram e ainda terão que sair de casa, a obra em si custa R$ 120 milhões. As nove desapropriações pendentes estão no Bairro Boa Vista, na região bem perto da Avenida dos Andradas. Segundo a Sudecap, há previsão de despachos com o juiz responsável pelos processos ainda esta semana. As desapropriações são feitas quando os moradores estão em terrenos ocupados de forma regular.

No caso das ocupações irregulares, normalmente em áreas de vilas e favelas, a PBH faz remoções via Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel). Porém, nos casos judicializados, que são 89 referentes à Via 710, a Sudecap também acompanha. Desses 89, 30 já foram liberados, 31, referentes à Vila Arthur de Sá, foram cancelados, e restam 28. Quatro estão em um trecho que complica a evolução da obra no Bairro União, colados ao Viaduto Bolívar. Esse elevado é uma das partes da obra, construído para ligar os bairros União e Fernão Dias, na Região Nordeste. Segundo a Sudecap, a possibilidade que está sendo estudada para essas quatro que interferem mais diretamente no andamento da obra é o pagamento de aluguel social para liberação das casas e, posteriormente, o assentamento em prédios construídos pela prefeitura.