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Estado de Minas

Volta às aulas tem respeito na frente de agentes de trânsito e falta de educação longe deles

O contraste nas portas das escolas leva pais a pedirem mais fiscalização, enquanto BHTrans apela à consciência dos motoristas


postado em 31/07/2019 06:00 / atualizado em 01/08/2019 13:27


A volta às aulas nas escolas de Belo Horizonte para o segundo semestre letivo revela duas situações distintas no trânsito da capital mineira. Nos locais escolhidos por autoridades como BHTrans e Polícia Militar para montar operações de tráfego, na porta das instituições de ensino, o desrespeito diminui consideravelmente, apesar de ainda ser possível observar pais encostando em fila dupla mesmo na frente de um agente de trânsito.

Já nos pontos em que não há fiscalização e orientações de educação, a falta de educação salta aos olhos, sem nenhuma preocupação dos pais em darem bons exemplos aos filhos. A reportagem do Estado de Minas flagrou um verdadeiro festival de fila dupla na porta do Colégio Santo Antônio, na Savassi, Centro-Sul de BH, onde não havia agentes de trânsito no início da manhã de ontem.

Em um dos casos, quase houve um acidente, já que uma criança que desceu de um carro parado de forma irregular quase foi prensada por outro veículo que saía de uma vaga sem perceber o garoto. Já no Santo Agostinho, com presença ostensiva de policiais e fiscais da BHTrans, o desrespeito diminuiu bastante.
 
Enquanto pais cobram mais fiscalização, a BHTrans destaca a necessidade de os próprios infratores colocarem a mão na consciência para evitar pôr em risco a segurança dos filhos, para dar bom exemplo aos pequenos e para evitar um efeito cascata no trânsito ao pararem na fila dupla.

Segundo o gerente de Ação Regional Centro-Sul da BHTrans, Luiz Fernando Libânio, essa é a conduta infracional mais cometida na porta de uma escola. Dados do Departamento Estadual de Trânsito de Minas Gerais (Detran/MG) mostram que de janeiro a junho foram 1.812 multas por esse motivo, considerando todos os tipos de fila dupla, não só na porta das escolas. Em média, são 10 registros todos os dias na cidade. Em 2018, foram 2.221 no primeiro semestre, o que configurou média ligeiramente superior, de 12 multas por dia.
 
“Primeiro temos a questão de segurança da criança. Ela acaba desembarcando no meio da via e pode acontecer um atropelamento ou outro acidente. Os congestionamentos também são problema sério. O próprio motorista acha que vai congestionar só aquele pedacinho, mas esse engarrafamento se estende e vai causar transtorno no entorno da escola”, diz Luiz Fernando Libânio.

SUSTO


O acidente mencionado pelo gerente da BHTrans quase ocorreu no início da manhã de ontem, na porta de uma das unidades do Colégio Santo Antônio. Em meio a um festival de motoristas encostando seus carros na fila dupla, uma criança por pouco não foi prensada entre dois carros ou, no mínimo, atingida por um veículo.

Quando o carro em que ela estava parou na pista de rolamento da Rua Pernambuco, bem ao lado, das vagas de estacionamento em 45 graus, o garoto desceu com sua mochila. Mas logo depois um dos carros localizados de forma correta deu ré, sem prestar atenção que havia uma criança e um veículo parado na rua.

Um homem que estava no banco do passageiro percebeu a situação e a buzina foi acionada, alertando o motorista do veículo que saía da vaga. A criança se assustou, mas nada aconteceu. Houve uma discussão verbal entre os dois homens e cada um seguiu seu caminho. “O pai tem que se programar e parar um pouco mais longe se não tiver vaga. É cooperar e não pensar só nele. Você tem toda a comunidade do entorno, não só os outros pais, mas quem usa as vias, além da segurança da criança”, acrescenta o gerente da BHTrans.
 
Pai de aluna do Santo Agostinho, o advogado Cláudio Santos, de 63 anos, buscou a filha ontem quando ocorria operação da BHTrans na porta do colégio. Ele opina que em determinados casos é necessário tanto os pais quanto a fiscalização de trânsito terem bom senso, pois muitas vezes é possível aguardar por alguns instantes a saída de algum carro de uma vaga sem prejudicar o trânsito e sem esquecer da segurança dos pequenos.

“É muito importante que os pais se conscientizem para evitar os problemas, mas só aqui no Santo Agostinho são 4 mil alunos, então muitas vezes é inevitável esperar alguns instantes”, diz ele. Uma mãe de aluno que não quis se identificar aproveitou a presença de agentes da BHTrans no fim da manhã de ontem para dizer que o respeito só ocorre quando eles estão ali. “Existe muita falta de respeito, os pais se preocupam muito mais com o tempo deles. Defendo a presença dos fiscais duas vezes por semana até educar as pessoas”, diz ela.
 
Em 2019, a BHTrans já mobilizou mais de 21 mil crianças e adolescentes em ações da Gerência de Educação para Mobilidade da empresa, com o objetivo de tentar sensibilizar alunos das escolas a criar consciência desde cedo. Para o fiscal Marcelo de Andrade, que é integrante dessa gerência, os pais precisam se lembrar que os filhos presenciam os momentos de desrespeito quando não há fiscalização.

“As pessoas têm que viver as questões dentro da escola e em frente a ela não pela legalidade, fazer o certo só quando tem alguém vigiando. Elas precisam viver dentro da ética, inclusive para dar exemplo aos filhos. Fazer o certo mesmo quando não tem ninguém olhando. Os próprios filhos estão olhando e se mirando nos pais como exemplo”, diz ele.
 

PARADA SEGURA


Orientações da BHTrans para os motoristas que buscam filhos nas escolas

Na porta das instituições de ensino

» Nunca pare ou estacione em fila dupla ou nas faixas de pedestre
» Não estacione em esquinas, passeios, portas de garagens, vagas reservadas para pessoas com deficiência e para idosos, pontos de ônibus ou de táxis ou em outros locais proibidos
» Atravesse sempre na faixa de pedestre, pois é mais seguro
» Nunca deixe as crianças desembarcarem no meio da rua
» Lugar de pedestre é no passeio. Evite acidentes
» Não pare no caminho das outras pessoas para não atrapalhar a passagem.
 
Novatos na escola

» Conheça com antecedência as principais ruas e avenidas de acesso à escola, além das vias locais, identificando lugares com vagas de estacionamento livre ou rotativo. Isso dá liberdade àqueles que desejam levar seu filho até a área interna da instituição de ensino
» Mudança de sala: certifique-se com a escola onde será a nova sala de aula de seu filho e se há um responsável que possa encaminhá-lo. Isso permite um gerenciamento melhor do tempo gasto na parada ou no estacionamento nas imediações e contribui para melhor mobilidade de todos
» Deixe o material escolar de forma mais acessível para a hora do desembarque.
 

Multas por fila dupla em BH*


1º semestre de 2018: 
2.221, média de 12 por dia

2018 (ano todo):
4.089, média de 11 por dia

1º semestre de 2019:
1.812, média de 10 por dia

*As infrações se referem a todos os tipos de fila dupla e não só na porta das escolas

Fonte: Detran/MG
 


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