Jornal Estado de Minas

Palhaço sai de São Paulo e realiza sonho de criança em tratamento em BH

A função de um palhaço vai além de provocar risos no público. A prova disso é Gabriel Icasatti Leal Barbosa, de 9 anos, fã de Atchim & Espirro. O menino, que tem síndrome de Down, teve a dupla de palhaços como alicerce para recuperação de uma cirurgia no quadril. Ao saber de sua história pela internet, Atchim fez questão de conhecer Gabriel pessoalmente. Ontem, uma festa no Instituto Mano Down, em Belo Horizonte, teve a presença vip do palhaço.





A tarefa de trazê-lo à capital ficou a cargo da mãe do Gabriel. “Ele adora mexer no celular e assiste no YouTube aos vídeos do Atchim & Espirro. Um dia, fez um procedimento médico com anestesia. Quando saiu, o médico foi ver se ele estava bem e a primeira coisa que Gabriel fez foi pedir para ver o Atchim”, contou Karina Icasatti. Em abril, a criança passou por cirurgia de quadril no Hospital da Baleia, e, quando a mãe viu sua real paixão pelo palhaço, enviou uma mensagem na rede social e o palhaço respondeu dizendo que queria conhecê-lo.

Na quinta-feira, o palhaço Atchim enviou mensagem dizendo que conseguiu as passagens e que visitaria a criança se a família arcasse com a hospedagem. “Falei no Instituto Mano Down, que conseguiu o apoio do Hotel Mercure, e Atchim chegou hoje”, contou Karina.

Eduardo Reis – o palhaço Atchim – aproveitou as férias para fazer a boa ação. “A mãe postou o vídeo e acabou chegando a mim. Eu disse: ‘Quer saber, quero ir lá conhecer o Gabriel e os amiguinhos dele’”, contou. Junta, a dupla Atchim & Espirro coleciona 437 mil inscritos no canal do YouTube e mais de 126 milhões de visualizações nos vídeos. Sucesso que não o fez perder a sensibilidade. “É uma coisa que gosto de fazer. Sempre quando chegam até mim crianças que são fãs, costumo fazer. Mas nunca fui tão longe, pra falar a verdade. Costumo viajar dentro de São Paulo, no máximo 150 quilômetros”, contou.





A realização do sonho do Gabriel foi uma surpresa. A mãe contou que Gabriel ficou sem acreditar, só abriu um sorriso. “Ele está sem entender direito, parece estar pensando: ‘Aquele palhaço pequeno do celular está aqui comigo?’”, disse Karina.

Gabriel teve um acidente vascular cerebral (AVC) aos 4 meses de idade e precisou fazer cirurgia para ter a possibilidade de andar. Atualmente, ele faz fisioterapia rindo e brincando, assistindo aos vídeos do palhaço, e, ontem, o próprio Atchim estava com ele na sessão. Isso porque o palhaço se prontificou a ficar até quinta-feira acompanhando a rotina do pequeno.

AMADINHOS DOWN


A mãe de Gabriel é coordenadora do movimento Amadinhos Down em Belo Horizonte, que oferece apoio às famílias, instruindo e as situando em meio ao mar de dúvidas e desinformações que existem sobre a educação e inserção social de crianças com síndrome de Down. O movimento surgiu no Rio de Janeiro e acabou despertando o interesse de Karina para trazer o projeto para Minas Gerais. “Quando conheci pensei: 'Quero isso aqui em Minas, quero esse movimento! Quero que a minha filha possa conviver com os diferentes, sem achar aquilo diferente. Quero que seja natural para ela brincar”, conta Karina, que também é mãe de Marina Icasatti Leal Barbosa, de 9 anos.





Gabriel recebe apoio do Instituto Mano Down, que oferece atendimentos clínicos – médicos, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeuta ocupacional. O espaço, no Bairro Barroca, na Região Oeste de BH,  conta com aulas de dança, capoeira, zumba, teatro, percussão, slackline, hip hop e fotografia; atividades pedagógicas e mobilização para autonomia. Além da inclusão das pessoas com a síndrome no mercado de trabalho, por meio da metodologia do emprego apoiado, o instituto também desenvolve grupos de discussões, rodas de conversas, reunião de pais e de irmãos, visita aos hospitais e acolhimento. Para conhecer a instituição e ajudar, acesse www.manodown.com.br.
 
 
Saiba mais
Alteração genética

A síndrome de Down é uma alteração genética produzida pela presença de um cromossomo a mais no par 21. Essa modificação afeta o desenvolvimento do indivíduo, determinando algumas características físicas e cognitivas. De acordo com a Fundação Síndrome de Down, as pessoas com a alteração devem praticar atividade física para seu bem-estar físico e emocional. A maioria tem a trissomia 21 simples. Isso significa que um cromossomos extra está presente em todas as células do organismo, devido a um erro na separação dos cromossomos 21 em uma das células dos pais. 

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