Jornal Estado de Minas

Governo de Minas aponta redução na criminalidade, mas feminicídios têm alta

Campanhas de conscientização têm sido utilizadas para alertar as vítimas sobre a importância de denunciar estes crimes para tentar reverter o quadro - Foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press - 6/5/18


Queda inédita em todos os nove índices de crimes violentos em Minas Gerais – comparando os primeiros semestres de 2018 e 2019. Pelo menos é o que garante o diagnóstico da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais, apresentado ontem, com a presença de autoridades, na Cidade Administrativa. Os dados, apurados junto ao Observatório de Segurança Pública Cidadã, garantem que os casos de homicídios, estupros e estupros de vulnerável, sejam tentados ou consumados, estão em queda em Minas. O mesmo vale para os números de roubos, extorsão mediante sequestro e sequestro e cárcere privado.
 
No total, a redução foi de 26,8% nos primeiros seis meses deste ano. As ocorrências caíram de 46.987 no ano passado para 34.379 neste ano – recorde desde 2012, quando o governo substituiu os boletins de ocorrência pelo Registro de Eventos de Defesa Social (Reds). Entretanto, enquanto a maioria das estatísticas caem, os índices de violência contra a mulher sobem em Minas Gerais. Segundo levantamento da Polícia Civil, 17 mulheres foram agredidas por hora no estado, de janeiro a junho deste ano.
 
De acordo com os dados do governo, a maior redução percentual fica por conta das ocorrências de estupro tentado, que caíram de 191 (2018) para 118 (2019): uma taxa negativa de 38,22%. Diminuição significativa também de roubos consumados: foram 41.066 no primeiro semestre do ano passado e 29.355 no desse ano, queda de 28,52%.
Ou seja, segundo o levantamento da secretaria, 65 pessoas por dia deixaram de ser roubadas em Minas neste ano.
 
Se houve quedas bruscas nas modalidades de crimes citadas acima, os dados de extorsão mediante sequestro ficaram praticamente estagnados: 34 em 2018 e 32 neste ano. O mesmo vale para sequestro e cárcere privado e estupro consumado, que caíram, respectivamente, de 127 para 114 e de 667 para 599. Nos três quesitos, a diminuição não ultrapassa a marca de 11%. "Estamos estudando por que esses indicadores não acompanham a média. Estamos formulando políticas para colocá-los no mesmo patamar. Isso não é fácil, por causa da peculiaridade desses indicadores", analisou o secretário de Justiça e Segurança Pública, general Mário Lúcio Alves de Araújo.


 
Indicador internacional de violência, o número de vítimas de homicídios também está em queda em Minas. Segundo os dados do governo, a diminuição de janeiro a junho de 2019 é de 18,1% em relação ao mesmo intervalo de tempo de 2018 – queda de 1.624 para 1.330.
De acordo com o Executivo estadual, 677 cidades do estado, ou seja, 79,4% dos municípios mineiros, não tiveram qualquer registro de tal ocorrência. Na Grande BH, foram 478 vidas perdidas.

A redução de homicídios se estende, ainda, às comunidades vulneráveis, onde há atuação dos programas de prevenção à criminalidade da secretaria. Houve 112 homicídios nos seis primeiros meses deste ano nos 201 bairros que compõem os territórios em vulnerabilidade social. Ainda conforme o levantamento, o dado é o menor da série histórica computada desde 2012 – o recorde pertencia ao primeiro semestre de 2013, quando foram registradas 208 ocorrências deste tipo.

INTEGRAÇÃO As mudanças positivas, segundo ao Executivo estadual, se devem, principalmente, à integração das forças de segurança, a partir, por exemplo, de políticas públicas de gestores passados, como as bases comunitárias móveis da Polícia Militar e os programas Fica Vivo! e Mediação de Conflitos. “Eu não tenho o menor constrangimento de dizer que governo A, B ou C implementou uma medida que deu certo. Aliás, nós somos resultado de uma construção que veio ao longo dos anos, às vezes para baixo e às vezes para cima. Nós olhamos para aquilo que dá certo”, ressaltou o secretário Mário Lúcio Alves de Araújo.
 
A apresentação contou com a participação do governador Romeu Zema (Novo). Ele também ressaltou as conquistas dos órgãos de segurança no período.
“São avanços extremamente significativos. Minas Gerais é um estado abençoado por ter as melhores forças de segurança do Brasil. Nós sempre estivemos na dianteira”, comemorou. Representantes das polícias Militar e Civil, do Corpo de Bombeiros e do sistema prisional também estiveram presentes no Palácio Tiradentes.

Ataques às mulheres na "contramão"


- Foto: Arte EM

Cada vez mais presentes no noticiário nacional, os casos de feminicídio vão na contramão da maioria dos índices de criminalidade em Minas e estão aumentando. Dados apurados pelo Estado de Minas junto à Polícia Civil mostram que 64 vidas foram perdidas no primeiro semestre de 2019 contra 62 no ano passado. Em Belo Horizonte, seis mulheres foram mortas no período relacionado a esse ano. De janeiro a junho de 2018, duas morreram. No entanto, os feminicídios tentados apresentaram queda: 126 de janeiro a junho de 2018 e 104 em 2019.
 
Nesta semana, dois casos chamaram a atenção em Minas. Em Lavras, na Região Sul do Estado, Irene Aparecida Borges, de 52 anos, foi assassinada com golpes de madeira e a facadas pelo marido, que confessou o crime. Familiares relataram que o relacionamento do casal era conturbado, inclusive com outras agressões por parte do homem.
O caso aconteceu no domingo.
 
Na Grande BH, em Matozinhos, Miquéias de Oliveira, de 32, matou a ex-companheira, Karoline dos Santos, de 28, a facadas. Ele foi preso pela Polícia Militar na última segunda-feira, mesmo dia do fato, após uma perseguição na BR-040. O suspeito chegou ao cúmulo de enviar áudios para uma amiga da vítima debochando da jovem morta.
 
Os dados de violência doméstica em Minas Gerais também assustam. No primeiro semestre deste ano, a Polícia Civil computou 73.457 ocorrências deste tipo. No ano passado, foram 71.406, ou seja, houve aumento de 2,8%. Os dados mostram que 17 mulheres foram agredidas por hora no estado entre janeiro e junho de 2019. Em Belo Horizonte, onde os dados diminuíram de 9.003 para 8.962, duas mulheres foram agredidas por hora. 
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