Jornal Estado de Minas

Saiba como se proteger

Onda de frio eleva risco de doenças como a gripe, que já matou nove pessoas em BH

  
Em 40 anos, Belo Horizonte não tinha registrado uma temperatura tão baixa quanto no início da manhã de ontem. Os termômetros posicionados na estação do Cercadinho, na Região Oeste de BH, marcaram 5,7°C, patamar nunca alcançado desde 1979 na capital mineira. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostram que a sensação térmica alcançou -9°C no Cercadinho, dando a dimensão real do inverno em BH. Em Minas, novo recorde. A temperatura abaixo de zero em Monte Verde, distrito de Camanducaia, no Sul do estado, alcançou -2,1°C, a mais baixa de 2019. Em BH, quem precisou sair de casa no domingo teve que usar um bom casaco para encarar o inverno que, enfim, deu demonstrações de ter chegado. O clima gelado e possibilidade de umidade abaixo de 30% no estado à tarde agravam o risco para as doenças respiratórias. Na capital, nove pessoas já perderam a vida depois de contrair o vírus Influenza, sendo que oito pelo tipo H1N1, que provocou uma pandemia em 2009.





A mistura de tempo frio e seco é um dos principais motivos para o aumento dos casos de doenças respiratórias. Dados da Secretaria Municipal de Belo Horizonte (SMSA) mostram que o número de doentes vem aumentando. Já são 61 casos confirmados de gripe provocados pelo vírus Influenza. Destes, 86,8% foram provocados pelo H1N1. Também foram registrados um caso por H3N2, seis por vírus não subtipáveis e um por Influenza B. Já em relação às mortes, foram oito por H1N1, e uma pelo tipo A não subtipável. Apesar de a cidade ter batido  a meta de vacinação do público-alvo, os moradores ainda correm o risco de serem infectados e/ou terem outros tipos de doenças típicas da época, como alergias, resfriados ou enfermidades respiratórias provocadas por bactérias.

Hábitos simples de higiene são a chave da prevenção, dado que a concentração de pessoas em ambientes fechados favorece a circulação de diversos tipos de vírus respiratórios, inclusive o da influenza. De acordo com o Ministério da Saúde, o vírus permanece vivo no ambiente por até 72 horas e, em superfícies como corrimões, maçanetas e torneiras, por até 10 horas. Por isso, é importante evitar tocar olhos, nariz e boca depois de contato com essas superfícies. É recomendado ainda higienizar as mãos com água e sabão, ou com álcool gel, principalmente depois de tossir ou espirrar; depois de usar o banheiro; antes de comer; antes e depois de tocar os olhos, a boca e o nariz. As medidas valem para outras doenças contagiosas.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o simples ato de lavar as mãos reduz em até 40% o risco de contrair doenças como gripe, diarreia, infecção estomacal, conjuntivite e dor de garganta. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) lembra que é recomendado usar água limpa e sabonete, lavar integralmente toda a superfície da mão, iniciando pelas palmas, com atenção também às pontas dos dedos, com o espaço entre eles, com as unhas, o dorso da mão e lavando até a região do punho. Esse processo pode ser complementado pelo uso de álcool em gel.



(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
 
(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)


CRIANÇAS E IDOSOS Outra ação que faz diferença é evitar proteger a tosse e o espirro com as mãos, usando para isso, preferencialmente, lenço de papel descartável. Também se deve evitar contato com pessoas que apresentem a síndrome gripal. Os cuidados de higiene devem ser redobrados com crianças e idosos. O Ministério da Saúde chama a atenção que, no caso das crianças, é recomendável – especialmente no ambiente escolar – que além das mãos, os brinquedos e objetos de uso comum sejam lavados com água e sabão ou higienizados com álcool gel a 70%. Nas creches, também é importante evitar que as crianças durmam muito próximas. A distância ideal entre elas é de um metro.

Já para os idosos, o perigo está nas complicações advindas da gripe, como a pneumonia e agravamento de doenças crônicas, entre elas a hipertensão e diabetes. Uma, entre as várias formas de prevenção, é a vacina contra a gripe, que foi ofertada durante a campanha de imunização ocorrida entre abril e maio.

Beber bastante líquido (água, chá e sucos naturais) é também fundamental para ajudar o organismo a combater a infecção causada pela gripe ou resfriado. A ingestão de líquido facilita ainda a eliminação da secreção que entope o nariz e deixa o pulmão carregado.





Massa polar mantém termômetros em baixa


O recorde de frio ontem chegou acompanhado de muito vento em diferentes pontos da capital mineira, o que reforçou a sensação térmica baixa, como normalmente é esperado para os períodos de inverno mais intenso. Na Avenida Afonso Pena e na Feira Hippie, centenas de pessoas só saíram à rua encapotadas. Tudo isso por causa de uma massa de ar polar que atuava no Sul do Brasil e chegou a Minas Gerais no sábado, com perspectiva de ainda mais frio na madrugada e manhã de hoje. A expectativa dos meteorologistas é que a passagem dessa massa de ar polar mantenha as temperaturas baixas por mais três dias em todo o estado, com mínima de 6°C hoje em BH e -1°C no Sul do estado. Na Grande BH pode chegar a 4°C.

Belo Horizonte não registrava uma temperatura tão baixa desde 1979, quando os termômetros marcaram 3,1°C em 1º de junho daquele ano, de acordo com os registros do Inmet. Considerando apenas os meses de julho, não fazia tanto frio desde 7 de julho de 1975, quando os termômetros marcaram a mínima de 5,4°C na capital.O frio também bateu recorde na região serrana do Sul de Minas, trazendo a temperatura mais baixa de 2019 em Monte Verde, distrito de Camanducaia. Os termômetros no famoso destino turístico marcaram -2,1°C às 3h da madrugada, provocando muito frio no lugarejo. Antes dessa marca, o recorde em 2019 tinha sido obtido em 5 de junho, quando a temperatura chegou a 1,6°C em Maria da Fé.

No Sul de Minas, a mínima foi de -2,1°C em Monte Verde, distrito de Camanducaia, a menor marca deste ano. A geada cobriu a vegetação (foto: Associação de Hotéis e Pousadas de Monte Verde/Divulgação)


Outras cidades do estado também sentiram o frio na manhã e madrugada de ontem. Em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, cidade conhecida pelo calor intenso, os termômetros marcaram -0,1°C. Outras temperaturas negativas foram registradas em São Sebastião do Paraíso, no Sul de Minas, com -0,5°C, e Maria da Fé, na mesma região, com -2,0°C. O frio em Maria da Fé também produziu belas imagens na cidade do Sul do estado.Em Uberaba, no Triângulo Mineiro, fez 3,5°C. Juiz de Fora, na Zona da Mata, marcou 7,3°C e Barbacena, no Campo das Vertentes, registrou 5,7°C. Em Poços de Caldas, no Sul do estado, agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) encontraram o terreno do posto da corporação coberto por geada.





E os moradores devem se preparar. A presença de massa de ar frio polar vai continuar deixando as temperaturas baixas no território mineiro. “A onda de frio ainda segue presente neste início de semana sobre Minas Gerais. A umidade relativa do ar tende a atingir valores inferiores a 30% à tarde em grande parte do estado”, explicou o Inmet em seu boletim diário. “Há previsão de formação de geada em pontos isolados da região sul do estado”, alertou.

O frio vai atingir todas as regiões do estado. De acordo com o Inmet, no Sul do Estado, os termômetros devem marcar temperaturas negativas, de até -1°C. Em BH, pode chegar a 6°C, no Noroeste do Estado, 9°C, Norte, 10°C, Jequitinhonha, 8°C, no Rio Doce e Mucuri, 11°C, Zona da Mata, 6°C, Oeste, 5°C, Triângulo e Alto Paranaíba, 4°C, e na Região Central, 9°C. (GP)

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