A polícia ainda tenta esclarecer detalhes da atuação da organização criminosa que promoveu um ataque cinematográfico a bancos na cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, na madrugada de quinta-feira. Para fechar o inquérito, que deve ser encerrado em 30 dias, é preciso elucidar a hipótese de um avião ter dado fuga a alguns dos integrantes da quadrilha. A Polícia Civil de Minas também apura se R$ 2,5 milhões apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal ontem, na BR-116, em São Paulo, são provenientes do ataque. A quantia foi encontrada na altura da cidade de Registro, no painel de uma picape 4x4. O condutor do veículo acabou preso, mas alegou não ser dono da quantia. Disse que apenas a transportava de um shopping da capital paulista para Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
Em entrevista, concedida na tarde de ontem, o delegado Francisco Gouvea Motta, chefe de departamento de Polícia Civil da cidade, afirmou que foram identificadas pistas clandestinas na região, o que reforça a possibilidade. “Temos pistas em que os donos de propriedades rurais usam aviões agrícolas. Sabemos que essas pistas são usadas por traficantes. Estão acostumados em fazer isso, principalmente à noite, o que é muito arriscado”, disse, sem confirmar que parte do bando tenha deixado a cidade em aeronaves. Os dez presos pelo ataque foram interpelados pelos delegado Gustavo Anai, da Delegacia Especializada em Investigação e Repressão ao Roubo a Banco, mas permaneceram calados. “Após o recebimento do registro da Polícia Militar foi iniciado o auto de prisão em flagrante dos 10 indivíduos. Desde então, já estavam com advogados e se reservaram o direito de permanecer calados”, afirmou o delegado. Segundo ele, as pessoas que foram feitas reféns em um caminhão também prestaram depoimento.
Os dez homens foram autuados por latrocínio tentado, explosão, posse e porte de arma de calibre restrito e sequestro. Todos foram encaminhados para a penitenciária local onde foi feita audiência de custódia. Em seguida, foram encaminhados para uma unidade do sistema prisional de Minas. Por motivos de segurança, o local não foi divulgado.
O delegado Gustavo Anai ressaltou que os criminosos são de alta periculosidade e destacou o trabalho das forças de segurança de Minas. “O que podemos adiantar é que são indivíduos de extensa ficha criminal. Não estamos lidando com qualquer quadrilha de furto de galinha. Quero destacar a atuação das forças de segurança. A resposta que nós demos no modo de enfrentamento e nas prisões em flagrantes não são é para qualquer um”, afirmou.
*Estagiário sob supervisão do editor Roney Garcia
Perseguição segue pelo Sul de Minas
Mateus Parreiras
As buscas por integrantes da quadrilha do Novo Cangaço que atacou agências bancárias em Uberaba na quinta-feira, transformando a cidade do Triângulo em uma praça de guerra, se estenderam ontem até o Sul de Minas. Informações da Polícia Militar deram conta de que várias unidades, inclusive uma aeronave da corporação, foram deslocadas para a região da Serra da Canastra, tendo como base o município de São Roque de Minas. Pelo menos 15 criminosos podem ter escapado com valores ainda não divulgados, mas o número de fugitivos, segundo estimativas da polícia, pode chegar a 20. O cerco na região permanece por rodovias pavimentadas, a cargo da Polícia Militar Rodoviária, e em vias vicinais, com auxílio da Polícia Militar de Meio Ambiente. Em ambos os casos há participação de unidades locais.
O grupo atacou Uberaba por volta das 3h30, chegando ao Centro, onde usou caminhões como barricadas e o fogo cerrado de fuzis de guerra para tentar intimidar as forças de segurança pública. A resposta policial, no entanto, foi praticamente imediata e os assaltantes tiveram de fugir, com a polícia em seu encalço. Três pessoas ficaram feridas, sendo duas levemente e uma mulher de 21 anos, que está em estado gravíssimo.
Em um dos cercos policiais, os assaltantes tomaram sete pessoas que estavam numa fazenda como reféns, obrigando-as a entrar em um caminhão. Após mais de duas horas de negociações, 10 criminosos se renderam. Foram apreendidas armas de alto poder de fogo: 11 fuzis e carabinas calibres 5.56 e 7.62, um fuzil adaptado calibre .50, uma pistola 9 milímetros, outra .40, além de dezenas de carregadores, farta munição e coletes balísticos.
Quadrilha interestadual
Confira quem são os 10 presos pela polícia em Uberaba
» Anderson Félix do Rosário (Campinas), 40 anos
» André Ribeiro Marinho (Campinas), de 32
» Diego Macedo do Carmo (Jundiaí), de 35
» Eldo Aparecido Correia (Campinas), de 44
» Jefferson Aparecido Neves (Santa Bárbara do Oeste), de 34
» Leandro Barros da Silva (Campinas), de 38
» Marcelo Klinke Severo (Indaiatuba), de 38 anos
» Nilson Roberto Augusto (Campinas), de 43
» Renato de Almeida Capello (Campinas), de 38
» Vitor César do Rosário (Campinas), de 51