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Apuração sobre surto de febre maculosa em Contagem se estende à Região da Pampulha, em BH

Após descartar a presença de bandos de capivara em Contagem, equipes vão monitorar área da capital em busca de grupos do roedor que possam ter levado a doença à cidade da Grande BH. O animal é hospedeiro do carrapato-estrela, vetor da enfermidade infecciosa


postado em 18/06/2019 06:00 / atualizado em 18/06/2019 09:36

Córrego de Contagem na área onde ocorreram casos de maculosa: hospedeiras do carrapato, capivaras não foram encontradas no manancial(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Córrego de Contagem na área onde ocorreram casos de maculosa: hospedeiras do carrapato, capivaras não foram encontradas no manancial (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Belo Horizonte volta a ter ações contra a febre maculosa. Uma área atrás do zoológico da capital mineira será avaliada nos próximos dias, na tentativa de encontrar indícios que possam determinar as causas do surto em Contagem, na Grande BH. O número de notificações da doença não para de aumentar e já chega a 55. Quatro mortes e seis casos foram confirmados. Segundo a Prefeitura de Contagem, um mapeamento das capivaras foi feito sem que se encontrasse nenhum bando do roedor, um dos hospedeiros do carrapato-estrela, nos córregos da cidade. Por isso, novas pesquisas serão realizadas para tentar encontrar a origem dos parasitas infectados. Outra hipótese é que os carrapatos tenham sido transportados por cavalos.

Dias após a confirmação dos primeiros casos da doença em Contagem, que começaram a surgir no fim de maio, foi levantada a hipótese de a enfermidade ter ligação com a Lagoa da Pampulha. A hipótese deve-se ao fato de  moradores diagnosticados com febre maculosa viverem em uma terreno no Bairro Nacional nos fundos do qual passa o Córrego Água Funda, afluente do Córrego Gangorra, que, por sua vez, é ligado ao Sarandi, tributário da Lagoa da Pampulha.

As prefeituras de Belo Horizonte e Contagem fizeram uma parceria para monitorar as capivaras. O estudo realizado nos córregos de Contagem não encontrou nenhum bando dos roedores. “Esse relatório está sendo preparado de forma conjunta. Fizemos um trabalho de campo nas margens dos córregos e nas matas no entorno do local de infestação. Não encontramos nenhum bando das capivaras estabelecido. O que conseguimos constatar é que a área é uma rota de passagem. Os animais passam a noite procurando alimento. Pode ser nesse que a contaminação tenha ocorrido nesse percurso”, explicou o secretário municipal de Meio Ambiente de Contagem, Wagner Donato.

Uma das hipóteses levantadas é que esses animais vivem em uma mata atrás do Zoológico de Belo Horizonte. “Percebemos que atrás do zoológico há capivaras que não estão sendo monitoradas pela Prefeitura de BH. Então, começaremos o trabalho de monitoramento noturno. Equipes vão fazer campana para visualizar os animais, determinar sua quantidade e verificar se o percurso deles seria o mesmo”, explicou Donato. “A partir daí, vamos montar um plano de manejo. Se forem esses roedores, vamos apreender, fazer a castração e aplicar o carrapaticida”, completou.

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) confirmou a realização de vistorias nas margens dos córregos de Contagem e que nenhum animal foi identificado. Porém, ressaltou que não há conclusão sobre a rota nem sobre a origem da doença na cidade vizinha. A administração municipal confirmou que será realizada uma ação nas proximidades do zoológico, em data ainda indefinida.

Caso as capivaras que habitam a área do zoológico não sejam as que levaram a doença para Contagem, o foco das ações será voltado para os cavalos que vivem no Bairro Nacional, onde os casos se espalharam. “Outra possibilidade que está sendo examinada são os cavalos que vivem nos oito hectares. Algum dos equinos pode ter indo a uma cavalgada, ou outro evento, e ter levado o carrapato. Os cavalos são os principais hospedeiros transportadores de carrapato que têm um contato mais próximo com os humanos”, comenta o secretário. Os técnicos da cidade trabalham com a hipótese de a capivara ser o único animal no qual a bactéria se multiplica, o que é contestado por alguns especialistas.

MAIS CASOS As notificações da febre maculosa continuam aumentando. Já são 55 registros de suspeitas da doença. Seis casos foram confirmados. O último deles é de uma mulher, de 25 anos, moradora do Bairro Vila Boa Vista. Ela procurou atendimento médico em 31 de maio. Segundo a Prefeitura de Contagem, a paciente já teve alta na unidade de saúde e continua o tratamento da enfermidade em casa. A doença, que tem uma letalidade alta, já matou quatro pessoas na cidade neste ano.

Outras medidas tomadas pela Prefeitura de Contagem já foram concluídas. Na sexta-feira, o Executivo municipal finalizou o trabalho de aragem e aplicação de oito toneladas de cal na área onde a doença se alastrou. A ação vinha sendo realizada desde o dia 4. Ao mesmo tempo, o poder público finalizou o terceiro dos quatro ciclos de aplicação de veneno nas casas próximas. A Defesa Civil do município liberou a área onde ocorreram as transmissões, que estava interditada desde o início do mês. Mesmo assim, o monitoramento no terreno será feito durante aproximadamente três anos.

Os carroceiros podem continuar procurando a prefeitura para dar banho de carrapaticida nos cavalos que vivem próximo ao Bairro Nacional. Ainda estão ativos dois ecopontos onde os serviços são oferecidos. Os banhos devem ser realizados a cada 15 dias. O trabalho deve ser ofertado até agosto.

De olho nas capivaras


Confira a cronologia das ações para barrar a maculosa em BH

O alerta para a necessidade de manejo dos animais na Pampulha foi ligado em 2011, quando, em Campinas (SP), quatro funcionários de um parque foram diagnosticados com febre maculosa. Mas foi em 2012, quando houve aumento significativo da população desses roedores na Pampulha, com a destruição dos jardins de Burle Marx, que a administração de BH começou a se mobilizar em torno do tema. Nesse momento teve início a discussão sobre a inviabilidade da convivência dos animais no espaço urbano.

(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 18/05/2016)
(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 18/05/2016)


2013
» A polêmica em torno das capivaras da Pampulha teve início em julho, depois que os animais começaram a atacar os jardins do paisagista Burle Marx, na orla da lagoa. O então vice-prefeito de BH, Délio Malheiros, propôs ao Ibama um plano de manejo para a retirada dos roedores

2014
» Empresa responsável pela captura dos animais só foi contratada em março. Somente depois de ajustes impostos pelo Ibama a PBH começou o isolamento, em setembro
» Em novembro, exames realizados nas capivaras capturadas detectaram a contaminação pelo causador da febre maculosa, o que acendeu o alerta entre moradores

2015
» Em março, denúncia de maus-tratos contra os animais que estavam isolados levou o MP a pedir a soltura dos roedores. Dos 52 capturados, 20 morreram. A Justiça rejeitou o pedido do MP

2016
» Após um ano de discussão, a Justiça Federal deferiu pedido do Ministério Público e determinou a soltura dos animais em 4 de março. Apenas 14 sobreviveram
» A morte de um garoto de 10 anos contaminado por febre maculosa reacendeu o alerta
» A pedido da Associação de Moradores do Bairro Bandeirantes, o desembargador federal Souza Prudente, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, determinou que os animais fossem novamente isolados, mas não estipulou prazo
» Como a decisão não foi cumprida, em 11 de novembro o desembargador determinou que o isolamento ocorresse em cinco dias
» Prazo para isolamento das capivaras se encerrou em 24 de novembro

2017
» Em fevereiro, foi assinado termo de ajustamento de conduta (TAC) entre a Secretaria de Meio Ambiente e o Ministério Público, a fim de encerrar a controvérsia envolvendo as capivaras. Pelo acordo, a secretaria teria dois anos para fazer o controle dos animais e acabar com o problema.
» Em outubro, um homem de 42 anos, morador de Contagem, morreu de febre maculosa. Ele visitou a Pampulha antes de manifestar os sintomas. Diante da situação, o secretário municipal de Meio Ambiente, Mário Werneck, anunciou que o início do manejo das capivaras ocorreria na mesma semana
» Alguns dias depois, técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente começaram a fazer o trabalho de dedetização da área externa, capina e limpeza de contêineres onde seriam realizadas as cirurgias
» Em novembro, O Ibama deu sinal verde para os trabalhos de esterilização das capivaras que vivem no entorno da Lagoa da Pampulha

2018
» Depois de atingir 50% do manejo no início do ano, em julho, a Prefeitura de Belo Horizonte começou uma nova fase do trabalho. Foram instalados três novos bretes para captura das 30 capivaras restantes do lado de fora do Parque Ecológico para que fossem esterilizadas.
» Em 30 de novembro, a prefeitura anunciou que o manejo das capivaras que vivem na orla da Lagoa da Pampulha foi concluído. Mais de 50 animais foram esterilizados e nos próximos anos a área continuará sendo monitorada

(foto: Arte/Soraia Piva)
(foto: Arte/Soraia Piva)


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