Já são 47 as notificações de casos de febre maculosa em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Desses registro, cinco casos da doença já foram confirmados, segundo boletim da Secretaria Municipal de Saúde divulgado nesta quarta-feira. Destas vítimas, quatro morreram em decorrência da doença. Os outros 42 registros ainda são de casos suspeitos.
O último caso confirmado é de um homem de 41 anos que percebeu os sintomas da febre maculosa em 27 de maio. Conforme a Secretaria, ele é morador da Rua Primeiro de Maio, no Bairro Nacional, onde surgiram os focos na cidade. Lá fica um terreno de 120 mil metros quadrados onde há vegetação. O terreno é dividido em 10 lotes e, em cada um deles, há pelo menos três casas.
A estimativa da Prefeitura de Contagem é de que pelo menos 128 pessoas tenham tido contato com a mata. No local, passam dois córregos – o Água Funda e o Gangorra – afluentes do Sarandi, que deságua na Lagoa da Pampulha. Às margens dos cursos d’água é comum a presença de capivaras, que também são hospedeiras do carrapato-estrela, parasita vetor da doença.
Desde então, a prefeitura vem realizando uma série de ações para tentar conter o avanço da doença na região. O terreno recebeu cal, produto que aumenta a acidez do solo e mata os carrapatos. Também foi aplicado carrapaticida em residências e cavalos de carroceiros que passam pela região para evitar que eles fossem picados e levassem o parasita a outros locais da cidade.
Equipes de educação ambiental têm percorrido as escolas de Contagem para conscientizar os estudantes sobre os riscos do contato com os carrapatos. Técnicas do Ministério da Saúde também realizam um levantamento da doença no município. A ação é realizada em conjunto com as secretarias de Saúde do município e do estado.
Temendo episódios violentos contra pessoas e animais, a prefeitura alerta a população sobre as formas de contágio. “(...) não hostilizem os carroceiros e nem maltratem os animais. Os cavalos são importantes para que não haja infestação de carrapatos. O banho de carrapaticida elimina os parasitas”, pede o Executivo Municipal. “O carrapato-estrela adquire a bactéria, causadora da febre maculosa, apenas de capivaras. Cavalos, cães, gatos e aves são hospedeiros do parasita e não amplificadores da doença”, pontua.
Minas Gerais
Em Minas Gerais, seis pessoas já morreram de febre maculosa neste ano. Até o último dia 7, o maior número de casos fatais tinha sido registrado justamente em Contagem, onde quatro pessoas morreram. Além da cidade da Grande BH, os municípios de Raul Soares e Faria Lemos, na Zona da Mata, também registraram mortes devido à doença. A última inclusive teve dois caso, sendo que o segundo não gerou óbito.
Ao todo, o estado registrou nove casos e os outros dois casos confirmados foram também em Contagem e em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce.
Apesar das mortes, o estado ainda vive situação bastante diferente do ano passado, em relação ao número absoluto de casos. Em 2018, Minas Gerais registrou 58 casos de febre maculosa e 22 mortes, alcançando uma taxa de mortalidade de aproximadamente 38%. O índice de letalidade deste ano é ainda maior, atingindo os 66% até 7 de junho - maior taxa pelo menos desde 2014, sendo que de lá até 2018, os números são referentes a todo o ano.
Como forma de diminuir os índices atuais, a Secretaria Estadual de Saúde (SES/MG) diz realizar diversas práticas de atenuação, como visitas técnicas nas regiões em pontos críticos, para orientações e investigação epidemiológica dos casos. Além disso, a pasta diz elaborar uma nota técnica para orientação da rede assistencial pública e privada dos municípios atingidos.
Belo Horizonte
Em Belo Horizonte, 33 casos estão em investigação; esses pacientes apresentam febres, condições ambientais e outros sintomas relacionados à Febre Maculosa. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, nos meses de abril, agosto e novembro, é realizado monitoramento ambiental dos carrapatos, por meio de vigilância acarológica.
“Entre os meses de abril e agosto, é realizado controle vetorial em equídeos (banhos carrapaticidas em cavalos). São, em média, oito banhos por animais. Esta ação é realizada pela Secretaria Municipal de Saúde em parceria com a Associação dos condutores de veículos de tração animal. A Prefeitura vai ampliar para todas as regionais a aplicação de carrapaticida para os cavalos”, finalizou.
*Estagiário sob supervisão da subeditora Regina Werneck
*Estagiário sob supervisão da subeditora Regina Werneck