No mês passado, uma paciente dos Estados Unidos que aguardava havia oito anos na fila dos transplantes recebeu o esperado rim compatível e de uma maneira bem inusitada: um drone foi usado para levar o órgão até o hospital. O teste, bem-sucedido, foi o primeiro a usar esse tipo de equipamento para transportar órgãos humanos. Na Austrália, uma empresa iniciou operações com drones de delivery de comida, bebidas e até mesmo café quentinho. Novos usos para uma tecnologia que vem facilitando a vida das pessoas e que está mais próxima de nós do que imaginamos: um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) representará o Brasil na final da Artificial Intelligence Robotic Racing (AIRR), corrida inédita de drones autônomos, que será realizada nos EUA. Depois de derrotar mais de 400 equipes de todo o mundo na fase classificatória da competição, o time mineiro está entre os nove finalistas do torneio e é o único concorrente latino-americano na disputa. A equipe se de dedica ao máximo para obter o título e ganhar US$ 1 milhão. Porém, não basta ter se classificado entre os melhores dos sete cantos do mundo. O grupo precisa de ajuda financeira para ampliar os estudos e ir até o Hemisfério Norte para competir.
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Polícia Militar faz megaoperação contra a criminalidade em Minas GeraisCerco à maculosa: saiba quais cidades da Grande BH devem se unir contra doençaVaquejada de Governador Valadares pode não ocorrer pelo terceiro ano consecutivo Bombeiros usam drone em procura por jovem desaparecido em Minas Candidatos autodeclarados negros são avaliados por comissão de cotas da UFMGEm fevereiro, a equipe começou os trabalhos para participar do grande evento. A primeira fase da competição foi composta de três etapas eliminatórias, nas quais os grupos tiveram que demonstrar o seu conhecimento teórico e prático, passando por desafios que envolvem a concepção de estratégias e algoritmos para drones autônomos de corrida. “Passamos diversos fins de semana e feriados trabalhando. Só tinha a nossa equipe na UFMG. Ficamos focados no desafio pelo menos seis horas por dia. E em vários dias ficamos (trabalhando) até a madrugada”, lembrou o aluno de doutorado da UFMG Adriano Rezende, capitão da equipe.
“Ao fim, fomos informados que a nossa equipe foi qualificada entre as nove que vão disputar a segunda fase nos Estados Unidos, com drones reais. Somos a única equipe representando o Brasil e América Latina”, explicou. Agora, os brasileiros voltam suas atenções para o desafio presencial da competição, que foi dividido em cinco fases. Elas estão previstas para ocorrer entre julho e novembro. Os vencedores também enfrentarão uma disputa homem x máquina valendo U$$ 250 mil. “Trabalhamos com drones autônomos. Mas os vencedores competirão com equipamentos controlados por humanos”, completou.
FINANCIAMENTO Nem tudo já está resolvido. Os integrantes do grupo estão em busca de apoio financeiro para arcar, principalmente, com despesas de passagens aéreas e hospedagem nos EUA. O objetivo inicial é levar dois membros da equipe para três eventos da competição. O primeiro é um Workshop, no qual eles poderão fazer testes preliminares com o drone que será utilizado nas corridas. Os próximos consistem em duas corridas classificatórias para a final.
“Estimamos o valor de cada viagem, incluindo passagem aérea e hospedagem, em R$ 8.200. Assim, para dois integrantes participarem de três eventos, precisamos de R$ 49.200”, explicou. Henrique conta que a empresa responsável pela competição não banca os gastos. Para contribuir, basta acessar a campanha de crowdfunding na internet (https://www.kickante.com.br/campanhas/desafio-mundial-corrida-drones-autonomos) ou entrar em contato pelo e-mail xquad.alpha@gmail.com. Até o momento, além do apoio da UFMG – departamentos, programas de pós-graduação e Escola de Engenharia, o grupo arrecadou pouco mais de R$ 1 mil.
Adriano diz que a expectativa é muito “positiva” em relação a ganhar a competição e trazer o título e o conhecimento para a universidade mineira. “Trata-se de uma tecnologia nova no mundo inteiro. Já podemos pensar no drone como a nova forma de delivery. O drone, que vai percorrer 30 quilômetros em menos de cinco minutos, é ideal para uma cidade grande, que tem muito trânsito. E tem um custo muito menor do que outras tecnologias, é mais ágil e simplifica muitos setores”, completou. Ele acredita que em cinco anos os drones estejam ainda mais presentes no dia a dia do belo-horizontino: “Estamos trabalhando para isso.”