Jornal Estado de Minas

Febre maculosa: UBS vai atender mais de 100 pessoas picadas por carrapatos em Contagem

Ações contra a febre maculosa em Contagem começaram a ser realizadas ainda no domingo - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press

Cerca de 120 moradores de uma área na Vila Boa Vista, na região do Bairro Nacional, em Contagem, na Grande BH, devem receber atendimento médico nesta segunda-feira após terem contato com o carrapato-estrela, transmissor da febre maculosa. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, elas são da mesma família ou têm ligação com as duas pessoas que morreram de febre maculosa no município. Todas elas teriam sido picadas quando participavam de um mutirão para cercar o terreno que alegam possuir. 

De acordo com a Secretaria, as pessoas têm casas em um terreno que alegam ter herdado. Há cerca de 30 dias, eles se organizaram para cercar a área, que tem um córrego ao fundo. O curso d'água é habitado por algumas capivaras e essas famílias também criam cavalos. Esses animais são hospedeiros do carrapato que transmite a doença. 

Os sintomas da febre maculosa costumam aparecer em pelo menos 15 dias depois da picada do carrapato. De lá para cá, quatro pessoas morreram e outras 13, da mesma família, apresentaram sintomas da doença. Dos óbitos, dois já foram confirmados pela prefeitura de Contagem como sendo por febre maculosa. 

Conforme a Secretaria Municipal de Saúde da cidade, os moradores do terreno serão atendidos por duas infectologistas na Unidade Básica de Saúde (UBS) Nacional, no bairro de mesmo nome. 

Ainda nesta tarde, cavalos capturados na região serão vermifugados e devem receber um banho de carrapaticida no curral municipal, que fica no Bairro Darcy Ribeiro. 

Demora para diagnóstico

A médica infectologista da Secretaria de Saúde de Contagem, Tânia Marcial, afirmou que não houve demora no diagnóstico, como alegado por alguns dos moradores.
“Primeiro faz exame para dengue, depois para outras doenças. A medida que vai dando negativo, você vai testando. Não houve demora, está dentro do protocolo do estado. Eu entendo que não houve descaso. Foi feito tudo dentro do protocolo”, disse. 

De acordo com a secretaria, 15 casos ainda estão em investigação.

Recomendações

A médica não recomenda que a população tome antibiótico de forma preventiva, pois pode influenciar no diagnóstico. “Ao primeiro sinal de febre deve procurar atendimento. O antibiótico preventivamente pode atrapalhar a evolução da doença, podendo ainda prolongar o período que chamamos de ‘incubação’.
Dessa forma, a situação pode ser pior do que quando inicia o tratamento após o diagnóstico da doença”, explica.

Medidas tomadas 

De acordo com a Prefeitura de Contagem informou que desde quinta-feira, quando os casos foram notificados, folhetos foram distribuídos para a conscientização da doença

O médico veterinário José Renato de Rezende Costa, da diretoria de Vigilância Ambiental e Controle de Zoonoses, afirmou que os prefeitos de Contagem e Belo Horizonte estão em contato para alinhar medidas de prevenção.

“Ambos os municípios estão trabalhando nessas ações casadas em relação as capivaras. É um trabalho que depende de uma ação de longo prazo e de ajuda da população para sinalizar onde essas capivaras estão sendo encontradas” afirmou. 

Segundo o médico, ainda deve ser feito banho de carrapaticida nas capivaras. A programação é de quatro aplicações por, no mínimo, de sete em sete dias. Além da castração para evitar a proliferação desses animais. 

“A capivara pode viver até dez anos. É uma questão de vigilância constante”, disse. “Nosso principal objetivo é que não tenhamos mais óbitos”, completa.


Carrapato em animais domésticos

E os pets também estão no radar do carrapato. Segundo José Renato, a atenção deve ser redobrada. “O carrapato não é de uma única espécie, então, boi, cavalo, cachorro, gato, ave e eventualmente algum outro animal transportam os carrapatos no ambiente.
Contudo, quem faz a manutenção e amplificação da doença são as capivaras”, alerta.

“Quem tem animal doméstico naquela região, deve procurar fazer o banho carrapaticida com orientação de um médico veterinário” completou.

* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.
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