Jornal Estado de Minas

Vale diz que talude deve deslizar para a cava de mina em Barão de Cocais



A mineradora Vale, responsável pela Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, Região Central de Minas, disse nesta terça-feira que as últimas análises do talude norte apontam que, em caso de ruptura, há "grande possibilidade" de o material deslizar para dentro da cava, diminuindo a hipótese de impacto na Barragem Sul Superior. 

Em um vídeo divulgado hoje, o diretor de Operações da Vale, Marcelo Barros, dá um panorama das medidas preventivas realizadas na cidade em caso de rompimento da barragem e fala sobre o paredão, que nesta manhã apresentava deslocamento de 23,9 centímetros/dia. “Tanto o talude quanto a barragem são monitorados 24 horas por dia e toda a previsão é revisada diariamente. Há uma grande possibilidade de o talude, uma vez deslizando, se acomode dentro da cava, sem maiores consequências”, afirma Barros no vídeo. 

A mineradora afirma que mesmo que a barragem não se rompa com a queda do talude, ela continua no nível 3, que indica risco iminente. Assim, foram realizados simulados e preparação das comunidades e que, junto às autoridades, foram tomadas todas as decisões preventivas "para qualquer cenário". O diretor afirma que todas as pessoas que moram nas Zonas de Autossalvamento (ZAZ) foram realocadas. Além disso, 3 mil animais foram retirados da área e peças de arte sacra foram transferidas. 



A mineradora também afirma que não serão realizadas obras na cava para garantir a segurança. “Já as obras de contenção continuam. A maior das obras é a construção de uma espécie de bacia que, no caso extremo de rompimento da barragem, ajudaria a reter parte dos rejeitos de minério.
Além disso, estão sendo colocadas telas e blocos de granito para diminuir a velocidade do rejeito”, informou a mineradora, por meio de nota. 

Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), por volta das 17h de ontem a movimentação em alguns pontos isolados era de 21,5 centímetros/dia. Às 8h de hoje, o deslocamento chegou a 23,9 cm/dia. A deformação na porção inferior do talude norte também aumentou de 18 cm/dia para 19,5 cm/dia. 

A Barragem Sul Superior, da Vale, se tornou centro das atenções após a ruptura dos barramentos 1, 4 e 4A, em Brumadinho, responsável pela morte já confirmada de 243 pessoas e por 27 desaparecidos, quando 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos foram despejados sobre o Vale do Rio Paraopeba. A tragédia foi o gatilho para uma crise no setor, com revisão dos critérios de estabilidade das represas de rejeitos. Em 9 de fevereiro, a barragem de Barão de Cocais foi declarada como sem garantia de estabilidade, atingindo o nível três de alerta, que indica risco iminente de ruptura. 
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