Jornal Estado de Minas

Ex-secretário de Barão de Cocais é preso por participação em esquema ilegal de mineração

Uma operação da Polícia Civil de Minas Gerais prendeu dois proprietários de uma mineradora que estaria extraindo minério de ferro ilegalmente em Mariana. Apelidada de “Curupira”, a operação ainda teve como resultado a prisão do gestor ambiental da empresa. O nome dos três executivos não foram divulgados pelos investigadores.



No entanto, conforme a reportagem apurou, um dos presos é o ex-secretário municipal de Meio Ambiente de Barão de Cocais, Nivaldo Nunes de Souza. Entre 2005 e 2012, ele ocupou diversos cargos na prefeitura municipal. A suspeita é de que ele fazia parte do esquema ilícito da mineradora. Ainda não se sabe se ele era um dos sócios da empresa ou o gestor ambiental.

De acordo com o delegado Luiz Otávio, da 2ª Delegacia de Crimes Ambientais, os sócios da empresa são um casal. As investigações concluíram que eles tinham ciência da extração ilegal, já que o homem ia ao local com uma certa frequência, assim como a mulher, que morava em Mariana.

De acordo com delegado, empresa falsificou documentos para conseguir licenciamento ambiental (foto: Divulgação/PCMG)


A prisão dos três envolvidos foram classificadas como temporárias. Ou seja, eles ficarão presos por cinco dias, com possibilidade de prorrogação de mais cinco.

Ainda segundo o delegado, a empresa fraudava os documentos de licenciamento ambiental. “Está sendo apurada a inserção de informações falsos no licenciamento ambiental, além da própria extração de forma ilegal e interferência em área de preservação permanente e em recurso hídrico”, explicou o delegado. Todos os bens foram da empresa foram bloqueados. 



Os investigadores ainda apuraram que, mesmo com a falsificação de informações, a Superintendência Regional de Meio Ambiente (Supram) - órgão ligado à Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - negou a licença à mineradora. Mesmo assim, a empresa continuou extraindo minério na região.  O Corpo de Bombeiros também já teria negado alvará para as operações no local.

Por telefone, o advogado do ex-secretário, Antônio Eustáquio de Almeida, informou que seu cliente permanece sozinho em uma sala da delegacia de Mariana. A defesa ainda está se inteirando do teor das acusações e aguardando para conversar com o delegado e com Souza e só depois disso se manifestará sobre o assunto.

Caso os presos sejam condenados, eles podem pegar até 11 anos de prisão. "(A operação) salta os olhos, ainda mais se tratando do município de Mariana, onde há 3 anos e meio ocorreu uma tragédia e, mesmo assim, as pessoas estão operando à margem da lei, afirmou o investigador.



Buscas e apreensões

Além das prisões, os investigadores cumpriram cinco mandados de busca e apreensão nas cidades de Barão de Cocais, Santa Bárbara, Mariana, além da capital mineira. As cidades abrigam sedes e escritórios da empresa e guardavam mídias e documentos.

De acordo com o delegado, um dos alvos da busca e apreensão foi o contador da mineradora. A Polícia Civil investiga se a empresa também participava de esquema de lavagem de dinheiro. Ao todo, 60 policiais participaram  da operação, que segue em busca de elucidações.

* Estagiário sob supervisão da subeditora Ellen Cristie