A rotina da Praça Santa Rita no Bairro Esplanada foi alterada com a chegada de dois alienígenas. A dona de casa Natália Andrade, de 67 anos, tentou entender que eram os dois forasteiros que mudaram o cotidiano da vizinhança. "Vão ficar o dia inteiro assim? São contorcionistas? São de outro planeta?", perguntou. Ela se referia à dupla de atores do grupo Os cabeçudos, que fez intervenções teatrais na manhã de terça (30) na praça e nas ruas. A dupla chama atenção pelo tamanho das cabeças e pelo olhar distante, permitido por óculos que simulam o olhar e não permitem que o espectador confronte diretamente com os artistas.Com direção de Mônica Ribeiro, a performance é feita por Dayane Lacerda e Led Marques.
Os cabeçudos são dois amigos inseparáveis. São "sujeitos desprovidos da capacidade de sentir, analfabetos emocionais". O grupo não faz referência a nenhum grupo. Por isso, escolheram representar "alienígenas". As intervenções são: o sono, quando, inquietos, buscam local para descansar; o conhecimento, construído tanto do que as pessoas sabem de si quanto do que sabem da cidade; o banho, um tempo na loucura do dia a dia para esse momento; o ócio, quando movimentos são feitos sem propósito algum; o jogo, uma representação das múltiplas disputas; e o alimento, a relação com a abundância e a falta.
Os cabeçudos fizeram três intervenções de um leque de possibilidades que podem apresentar. Na primeira, caminharam reconhecendo o espaço e as pessoas do lugar. No segunda, cada um, segurando um travesseiro, buscou lugar para descansar.
A intervenção incomodou quem parou para ver. "Inicialmente, não dá para entender. Eles atrapalham a vivência de todo mundo.