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Estado de Minas

Passarela da Lagoinha ganha mural colorido de 400 metros

Quatro artistas, sendo três de BH e uma italiana, trabalham na pintura do espaço, que deve ser concluída em 2 de maio


postado em 24/04/2019 06:00 / atualizado em 24/04/2019 09:06

Pintado por quatro artistas, o mural vai ocupar toda a passarela que liga a Praça Vaz de Melo ao Terminal Rodoviário, num total de 400 metros(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A. PRESS)
Pintado por quatro artistas, o mural vai ocupar toda a passarela que liga a Praça Vaz de Melo ao Terminal Rodoviário, num total de 400 metros (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A. PRESS)

A passarela que liga a Praça Vaz de Melo ao Terminal Rodoviário, passando pelo acesso da estação de metrô na Lagoinha, na região Noroeste de Belo Horizonte, testemunha todo dia o vai e vem de milhares de pessoas que chegam e partem da rodoviária e do metrô. Nos últimos dias, porém, os passos apressados deram lugar ao caminhar vagaroso e a um olhar atento ao que tem no entorno. Os passantes param para ver as pinceladas de três artistas de Belo Horizonte, Clara Valente, João Gabriel dos Santos Araújo e Gabriel Dias, e da italiana Alice Pasquini, que fazem um grande mural na extensão de toda a passarela e no baixio do Complexo da Lagoinha.

Os pincéis cobrem os 400 metros de concreto com referências a detalhes, muitas vezes, despercebidos. Um exemplo são as palmeiras, que embelezam o entorno da rodoviária e foram escolhidas por Clara para a composição. Vão para o mural símbolos do Bairro Lagoinha, como a Casa da Loba, uma das primeiras edificações da região, que tinha a estátua da lendária loba que alimentou os fundadores de Roma no mito de fundação da cidade. Também são homenageados coletivos como os Hortelãos, que fazem uma horta urbana nos canteiros da Avenida Antônio Carlos, e o Viva Lagoinha, movimento de valorização da região.



As pinturas também terão a Noiva do Bonfim, a lendária fantasma do cemitério do mesmo nome; Cintura Fina, figura mítica do Bairro da velha guarda da cafetinagem e malandragem, e a vila Pedreira Prado Lopes, de onde foram retiradas as pedras para a construção de Belo Horizonte no fim do século 19. “Vou usar símbolos para representar, como o calango para fazer referência à Pedreira e à navalha do Cintura Fina”, conta João Gabriel. O mural começou a ser feito na segunda-feira e deverá ser entregue à população de BH em 2 de maio.

O mural é uma das ações propostas pelo Movimento Gentileza, que há um ano e meio, sob a coordenação da primeira-dama da capital, Ana Laender, realiza ações de inclusão cultural e para requalificação do espaço urbano por meio da arte. A ação de revitalização dá sequência à pintura realizada em 30 de março, sob a curadoria do coletivo Rupestre, que convidou 100 artistas para colorir os muros do Conjunto IAPI.

O Bairro Lagoinha foi fundado por imigrantes italianos, que vieram trabalhar na construção da capital mineira. A participação dos italianos nesse momento histórico fez com que o Consulado da Itália se tornasse parceiro do Movimento Gentileza, com convite feito à artista Alice Pasquini, que está empenhada na pintura dos pilares do baixio do Complexo da Lagoinha.

Ela concebeu para os desenhos imagem de duas mulheres e um homem, representando a composição múltipla dos fundadores do bairro: italianos, africanos e brasileiros. “É como se fossem os pilares. Queria expressar cada uma dessas identidades no meu trabalho”, afirma a artista, que pintou murais em Roma, sua cidade natal, em Los Angeles, na Califórnia (EUA), e em São Paulo (SP).

 

Moradores

A criação do mural vai ao encontro de ações empreendidas pelos coletivos locais, como o Viva Lagoinha, para valorizar o bairro do ponto de vista arquitetônico, cultural e, sobretudo, valorizar os moradores que lá viveram e ainda vivem. “A gente recebe de muito bom grado e de coração muito aberto as cores no Lagoinha. Começar a por cor em lugar que exala cultura é uma coisa muito boa. A história da cidade começa na Lagoinha”, afirma Filipe Thales, um dos idealizadores do Viva Lagoinha. Os coletivos querem transformar a região em distrito  da economia criativa.

 

As paredes da passarela foram transformadas em telas à céu aberto,  o que faz com que os artistas tenham contato com as milhares de pessoas que circulam por ali. “Tem um fluxo de pessoa muito grande. Elas vão poder apreciar a arte na rua o tempo todo”, diz Clara Valente. E aposta nos desenhos como alívio para o estresse da cidade grande. “É um descanso para os olhos. Queremos fazer da passarela um lugar acolhedor”, completa.

 

Gabriel Dias está habituado com a interação com as pessoas enquanto pinta. “Meu trabalho é na rua”, diz. As pinceladas atacam a “a monotonia da cidade”, desbancando o cinza do concreto que toma conta de tudo. “O objetivo principal é trazer cores e formas para tocar na afetividade das pessoas”, diz.  Morador do Lagoinha há 15 anos, João quer também que mais pessoas possam conhecer os símbolos do bairro. “Busquei referências do bairro, Lagoinha: Casa da Loba, Praça Vaz de Melo. Conhecerem um pouco da história daqui”, completa.  

 

 


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