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Estado de Minas

Confira como BH, Betim e Contagem tentam enfrentar epidemia de dengue e superlotação

Cidades mais populosas da região metropolitana deflagram ações de emergência para fazer frente à explosão de casos. Na capital, gripe é motivo a mais para demanda nas Upas


postado em 12/04/2019 06:00 / atualizado em 12/04/2019 07:40

Com unidades de pronto-atendimento, como a UPA Leste, sobrecarregadas, capital abrirá centros de saúde aos sábados. Recomendação é de que pacientes procurem primeiro os postos(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Com unidades de pronto-atendimento, como a UPA Leste, sobrecarregadas, capital abrirá centros de saúde aos sábados. Recomendação é de que pacientes procurem primeiro os postos (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)


Com a epidemia de dengue instalada e pacientes se espremendo nas unidades de saúde dos três mais populosos municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, a capital se uniu a Betim e Contagem na adoção de ações de emergência para enfrentar a doença e combater focos do mosquito transmissor. Enquanto BH estende atendimento em postos para os sábados e prepara a instalação de postos de hidratação para atender à demanda, os municípios vizinhos já puseram esse segundo plano em ação.

Na capital, além da extensão do atendimento nas unidades básicas, profissionais, entre eles médicos, serão contratados por meio de chamamento público. São respostas ao avanço de dois tipos do vírus causador da doença, que ameaça instalar um caos na saúde pública. Por causa da epidemia, as unidades de pronto-atendimento (UPAs) de BH encaram um aumento de 40% na demanda usual. Como mostrou o Estado de Minas em sua edição de ontem, a cidade é uma das 128 que, nas últimas quatro semanas epidemiológicas, registraram incidência de dengue considerada epidêmica, acima de 300 casos por 100 mil habitantes, taxa que sobe ainda mais se considerados os casos prováveis contabilizados desde o início do ano (veja arte). Ajuda a complicar o quadro de superlotação nos consultórios a multiplicação dos diagnósticos de gripe.

Belo Horizonte está entre as cidades mineiras que enfrentam explosão dos diagnósticos de dengue em relação aos dois últimos anos. Até o início da semana foram 10.984 casos prováveis, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde. De acordo com números da prefeitura, 2.398 haviam sido confirmados até o fim da semana passada. Em relação à gripe, até o último dia 5 a capital teve oito pacientes vítimas de síndrome respiratória aguda grave. Desses, sete foram contaminados pelo vírus Influenza A H1N1, o mesmo que causou epidemia mundial de gripe suína em 2009, e um por Influenza B. Já dezenas de outros casos sendo investigados.

As doenças provocaram uma corrida às nove UPAs da capital mineira. “O que percebemos na unidade de pronto-atendimento é que, com a dengue e a síndrome respiratória, houve um aumento da demanda nas portas de emergência de 40% do usual. A alta está concentrada, principalmente, nos serviços pediátricos, com idosos e com pacientes com outras doenças associadas”, explicou Alex Sander Sena, gerente de Urgência e Emergência da Secretaria Municipal de Saúde.

Diante do cenário, a pasta traçou estratégias para atender os pacientes. “A partir deste fim de semana, vamos fazer a abertura dos centros de saúde em regionais nas quais notamos fragilidades e aumento no atendimento. Serão abertos os postos nas regiões Nordeste, Pampulha e Barreiro”, afirmou o gerente. As regionais apresentam grande número de pacientes com dengue. O Barreiro lidera, com 543 casos. Em seguida, vem a Nordeste com 339. A Pampulha não é a terceira em número de infectados, mas já tem 267 pacientes com a doença e recebe demanda de cidades vizinhas. 

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


GARGALOS
Se aos sábados a ideia é desafogar as UPAs, durante a semana gargalos em centros de saúde terminam por pressionar essas mesmas unidades de pronto-atendimento. Com uma rotina determinada pelo acolhimento de grupos de pacientes divididos segundo o dia de atuação de cada equipe de Saúde da Família, quem precisa de médico, mas não está no período ideal de atendimento acaba descartando a busca por cuidados primários na unidade básica para ir direto ao posto mais avançado. Foi o que fez ontem a técnica em enfermagem Mônica Maria de Jesus Garcia, de 50 anos, que esteve na UPA Leste acompanhando o filho Jenerson Carlos Correia Filho, de 23, com suspeita de dengue. Eles chegaram às 9h. Entraram para o consultório às 14h.

Moradora do Bairro Goiânia, na Região Nordeste de BH, ela nem chegou ao centro de saúde do bairro. “Se não for o dia da sua equipe, você não é atendido. Ou espera a data certo ou, se estiver muito mal, passa pela triagem depois que todos os pacientes da equipe do dia forem atendidos, para então chegar o médico”, relata. E, com a dengue e a gripe em alta, quem sofre de outros males também padece na fila. Nayara Neular, de 21, estava com dor nos rins e procurou a UPA Leste. “Nem fui ao centro de saúde, pois hoje não é o dia da minha equipe”, disse, reforçando a dificuldade dos pacientes.

Na porta da UPA os ânimos estavam acirrados. A Pediatria era uma das maiores reclamações. Segundo os pacientes, o atendimento começou às 14h e havia apenas um médico. A cabeleireira Silmara Dornelas chegou no início da tarde com a filha Alana, de 11 meses, que bateu a cabeça numa queda e estava com o peito chiando há dias. Moradora do Bairro Santa Tereza, também na Região Leste, ela conta que o atendimento no centro de saúde é uma via-sacra. “A pediatria funciona apenas das 9h às 11h. Tem que ter praticamente sorte para conseguir. O jeito vai ser voltar para casa e ver o que farei”, afirmou. 

REFORÇOS
Diante das dificuldades, a Prefeitura de BH anunciou que vai abrir também 12 leitos extras para internação pediátrica no Hospital Odilon Behrens. Outra medida que será adotada será a contratação de profissionais. A expectativa era de um chamamento público ainda ontem. Haverá reforço também nos insumos. “Estamos fazendo um incremento de pessoas para as unidades de pronto-atendimento e para as redes. São mais de 200 profissionais para contratação imediata, dos quais 87 médicos. São principalmente pediatras e clínicos, para suprir a escala de trabalho”, disse Alex Sena, da Secretaria Municipal de Saúde. “Também estamos reforçando os insumos de hidratação, os laboratórios, para pedidos de exames, e incrementos físicos, como macas e cadeiras extras nas unidades, para dar mais conforto a esses pacientes”, completou.

O gerente ressalta que os moradores também devem procurar as unidades básicas, caso tenham condições, em vez de ir diretamente para as UPAs. “Em qualquer caso suspeito é preciso procurar o atendimento médico com urgência. Os pacientes que têm condições de ir até a unidade básica por meios próprios, e se a saúde permitir, devem ir, pois lá serão triados e referenciados para as UPAs. Por isso vamos reforçar no fim de semana. Claro que, se há gravidade ou falta de transporte, vai para UPA”, concluiu o gerente.

Confira endereços dos centros de saúde que abrem neste sábado em Belo Horizonte

Centro de Saúde Alcides Lins – Nordeste       
Rua Panema, 275 – Concórdia

Centro de Saúde Santa Terezinha – Pampulha           
Rua Senador Virgílio Távora, 157 - Santa Terezinha

Centro de Saúde Tirol – Barreiro         
Avenida Nélio Cerqueira, 15 – Tirol


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