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Estado de Minas

Ciclistas defendem turismo em Macacos


postado em 01/04/2019 05:04

O analista de sistemas Flávio Coelho foi um dos que tiveram que deixar a cidade às pressas(foto: Elian Guimarães/EM/D.A Press)
O analista de sistemas Flávio Coelho foi um dos que tiveram que deixar a cidade às pressas (foto: Elian Guimarães/EM/D.A Press)


Uma bicicleata na manhã de ontem teve o propósito de chamar a atenção de turistas para a estrada alternativa que leva ao Centro Histórico do povoado de São Sebastião de Águas Claras, distrito de Nova Lima. A rodovia Campo do Costa liga o condomínio Vale do Sol ao Bairro Jardim Amanda, no Centro Histórico de Macacos, como é conhecido o lugar, com 10 quilômetros de extensão, e é o único acesso que não oferece riscos aos transeuntes, por não estar nos limites das sete barragens existentes na região.

O acesso ao povoado pela Estrada Campo do Costa foi liberado pela Vale depois da interdição de outros caminhos. O lugar era fechado ao público e o único que não oferece qualquer risco em caso de acidente, uma vez que não há barragem ou represa que possa atingi-la. “Ela passa atrás da barragem de contenção de águas Pasárgadas e, além de não oferecer riscos, tem paisagem exuberante”, explicaFlávia Stortini, da Aspas Pasárgada, entidade que compõe a Rede Águas Claras, união de associações de moradores e movimentos socioambientais da região.

Macacos, que tem no turismo sua principal atividade econômica, está praticamente paralisada depois do alerta de rompimento da barragem de rejeito B3 e B4 da mineradora Vale, em 16 de fevereiro, ocasião em que a população passível de ser atingida foi evacuada e os principais acessos fechados. A arquiteta Márcia Taveira que mora no povoado há 37 anos, precisou deixar sua casa às pressas e fechou seu restaurante, Fazenda do Engenho, dias depois do primeiro alarme. “São vários estabelecimentos fechados e a economia está paralisada.” Ela mora com a família em um hotel, em Belo Horizonte, para onde foi transferida pela Vale. “O turismo acabou na cidade. As pessoas precisam entender que não se trata apenas de Macacos, mas o risco de comprometimento do abastecimento de grande parte da população da Região Metropolitana de BH, uma vez que as bacias do Rio das Velhas e do Paraopeba, com a tragédia em Brumadinho, foram atingidas e põem em risco uma extensa região.”

O analista de sistema Flávio Ernesto Coelho também precisou sair de sua casa às pressas, depois que soaram os alarmes. O condomínio onde mora, o Mata do Engenho, não seria afetado. Entretanto, a única entrada estaria na rota da lama em caso de rompimento, e precisou ser mudada de local.

O protesto marcou também o encerramento das celebrações do “Mês das Águas” (março), dedicado ao cuidado com nossos mananciais. Pessoas de todas as idades e de todas as partes se reuniram no Vale do Sol, e seguiram pela Estrada Campo do Costa até o Bairro Jardim Amanda, na entrada de Macacos, que permanece em estado de alerta. Stortini considera o movimento importantíssimo para chamar a atenção das pessoas sobre a necessidade da abertura definitiva da estrada “que é uma via pública encampada pela Vale dentro de sua área e ficou fechada à população até fevereiro”. Ele lembra que essa é uma luta não só da população atingida mas de toda a sociedade. “Uma barragem que se rompe compromete uma série de nascentes, contamina o solo e, no nosso caso, pode comprometer o abastecimento de grande parte da região Centro-Sul de Belo Horizonte”, alerta.

PROTEÇÃO Além de reivindicar o descomissionamento imediato e seguro das barragens, a Rede Águas Claras também alerta para a importância de impedir novos empreendimentos minerários predatórios na região e ampliar áreas de proteção ambiental – como a Estação Ecológica de Fechos, responsável pelo abastecimento de água de 29 bairros da capital e outros seis de Nova Lima. O ato também chama a atenção e convoca turistas e ciclistas a não abandonarem Macacos, pois, mais do nunca, o distrito precisa explorar seus atrativos ecológicos, culturais e esportivos.“Nós, que não dependemos de empregos na mineração, não tínhamos noção de como era executada a atividade no país”, explica Flávia, mesmo reconhecendo ser necessária para a economia e para a sobrevivência de muitas famílias, “ela precisa ocorrer de forma consciente, zelando pela preservação da vidas e do meio ambiente”, conclui.

O engenheiro flotestal Paulo Neto, integrante do Movimento Fechos Eu Cuido, disse que, de imediato, é preciso resolver os problemas emergenciais das pessoas que foram evacuadas. “São vários problemas, com pessoas morando em hotéis, que saíram de sua casa e estão sem renda, além da perda de turistas. A médio e longo prazos precisamos pensar na segurança das barragens. Elas precisam ser descomissionadas e todas as sete existentes na região precisam ser repensadas no seu sistema operacional. A empresa tem que atuar com responsabilidade. A ideia é fortalecer o turismo de Macacos e pensar em outras atividades produtivas, já que temos enorme potencial, pois a mineração não pode ser único modal de desenvolvimento do local.”


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