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Estado de Minas

Agora é real: a reflexão de Dudude Herrmann sobre a tragédia da Vale

Bailarina, professora e coreógrafa mineira revela indignação com o desastre ambiental de Brumadinho e a mineração no estado


postado em 20/02/2019 09:19 / atualizado em 20/02/2019 11:29

(foto: Leo Santana/Arquivo Pessoal)
(foto: Leo Santana/Arquivo Pessoal)

Nós daqui do Quadrilátero Aquífero, que moramos em Belo Horizonte e cercanias, estamos vivendo um filme de terror.

Por anos a fio, desde pequena, a mineração do entorno sempre foi para mim uma constante indagação.

Ao olhar do avião, chegando em BH, constatamos uma região que só se esburaca. Como pode? Isso não vai ter fim? Precisamos de tragédias para dizer CHEGA?

Nunca ouvi notícia de recuperação quando uma mina se esgota, a maioria abandona o local e deixa um PASSIVO, e esse passivo nada mais é que uma barragem a montante, largada para a natureza cuidar, ou então uma outra mineradora qualquer inventar que irá consertar mas antes necessitará de minerar.

(foto: Leo Santana/Arquivo Pessoal)
(foto: Leo Santana/Arquivo Pessoal)


Sempre achei um desastre, porque sempre vi arrancarem da terra tudo, dinamitarem sem o menor pudor. Você assistir um lugar onde havia água, verde, bichos, santuários ecológicos mesmo, ser transformado sem dó em crateras lunares e sabendo que isso é para sempre?! Como pode?

Nós, brasileiros, não temos ninguém lúcido para dizer "CHEGA, desse jeito não pode, a terra não aguenta mais"?

Foram chegando os homo sapiens do poder fazendo negócios, enricando, enquanto terra, água, gente, bicho sendo largado para lá. ISSO É MUITO SÉRIO!

Temos, todos nós, sociedade civil, dizer em alto e bom som CHEGA!
(foto: Leo Santana/Arquivo Pessoal)
(foto: Leo Santana/Arquivo Pessoal)


Muitos anos atrás fui a Macacos e havia acontecido um rompimento de barragem. Na época, em vez de MAR AZUL, (todas têm um nome tão ecológico e natural que até espanta), era Mineração Rio Verde. Vi uma instalação de Leo Santana no rio, ele havia colocado no leito do rio esculturas com pedaços de corpo, pés, mãos, cabeças, carros emergindo da lama. Essas imagens me deixaram impactada e as carrego comigo até hoje. O que ele fez simbolicamente é real, as cabeças, os pedaços de corpos são reais, são de pessoas iguais a mim, a você, a todos nós.

Agora é a vez de essa empresa, a Vale, fazer a mea culpa, paralisar, reverter toda sua missão de empresa e, ao invés da destruição planetária, trabalhar na recuperação planetária.
SIM!

Pode ser Utopia, mas quero acreditar que não é possível uma empresa ser constituída de monstros. Todos nós temos família, todos nós almejamos amor e paz na vida.
(foto: Leo Santana/Arquivo Pessoal)
(foto: Leo Santana/Arquivo Pessoal)


Quando viajamos de férias, procuramos por lugares onde a natureza existe.
As montanhas de Minas são mares sem fim. 

 

Agora é o momento de REINVENTAR.


Tristemente faço esse relato, com uma vergonha imensa de ser mineira, brasileira e pertencer à raça humana.

(Dudude Herrmann, artista da dança)


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