Jornal Estado de Minas

PM promete flexibilizar bloqueios para facilitar a vida da população de Macacos


Após uma manhã inteira de negociações e reclamações de moradores, a Polícia Militar e a Defesa Civil de Minas Gerais anunciaram no início da tarde desta segunda-feira a flexibilização dos pontos de bloqueio montados em São Sebastião das Águas Claras, distrito de Nova Lima conhecido como Macacos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo o coronel Antônio Balsa, que é comandante da 3ª Região da PM, o acesso que era 100% restrito em cinco pontos já começa a ser permitido de forma moderada e monitorada por policiais e funcionários da Vale munidos de rádio de comunicação e outros equipamentos. O objetivo é acompanhar veículo a veículo para ter condições de tomar decisões rápidas em caso de rompimento da barragem B3/B4, da mineradora Vale, que mudou o fator de segurança do nível 1 para o nível 2 no último sábado e por isso gerou a necessidade de evacuação de famílias que ocupam a zona chamada de autossalvamento. 





Conforme o coronel Balsa, essa flexibilização já está valendo no ponto que dá acesso ao Bairro Capela Velha, parte de Macacos que ficou isolada após a implantação dos bloqueios e deixou a comunidade desorientada. A situação gerou, inclusive, um protesto de moradores locais nesta manhã. Nos demais pontos, a previsão é que a passagem monitorada já comece a ser viabilizada a partir desta tarde. "No caso da AMG-160 (entrada principal de Macacos pela BR-040) nós já fizemos uma modificação nesse bloqueio, descendo um pouco o fechamento para depois do conhecido Bar do Marcinho. Com isso já conseguimos atender uma parte da população que transitava entre a BR-040 e aquela área nas imediações desse estabelecimento", diz o coronel Antônio Balsa.

O tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador adjunto da Defesa Civil de Minas Gerais, esclareceu que não é toda a comunidade de Macacos que seria atingida em caso de rompimento da barragem que fica na área da Mina Mar Azul. Segundo o militar, alguns pontos mais baixos da comunidade, que servem de acesso para a parte alta da vila, podem ser atingidos. "Por esse motivo a PM fez o bloqueio em alguns pontos preocupada com a vida das pessoas. Esses problemas tendem a diminuir a partir do momento que a própria empresa atestar a segurança da barragem", diz Godinho.

Ainda conforme o tenente-coronel, duas empresas contratadas pela Vale para atestar a segurança da barragem B3/B4 entraram em discordância na hora de confirmar se a barragem é 100% segura. Isso fez com que o nível 1 de segurança subisse para o nível 2. Automaticamente, isso obrigou evacuação das famílias moradoras da zona de autossalvamento. O coordenador adjunto da Defesa Civil de Minas Gerais também disse que já foi acertado com a Vale a necessidade de atender a demanda de transporte público que foi severamente prejudicada nesta segunda-feira. A empresa ficou de suprir a ausência dos ônibus, mas não cumpriu o que prometeu, segundo a Defesa Civil e essa situação foi reforçada com a empresa para que seja possível atender com vans os moradores que precisam sair de Macacos para trabalhar. 





O coronel Antônio Balsa disse que novas reuniões ainda na tarde de hoje vão avançar em detalhes no assunto transporte. Está sendo discutida a abertura de uma passagem restrita da mineradora Vale, mas isso depende das conversas de logo mais, segundo o militar.

Desinformação

Moradores de Macacos acordaram nesta segunda-feira desnorteados por conta da falta de informações da Vale sobre situações diversas, como área de risco, transporte público e acessos de entrada e saída na vila. Com os nervos a flor da pele, várias pessoas iam ficando cada vez mais nervosas quando não conseguiam sanar suas dúvidas no centro comunitário do vilarejo. Na parte da manhã, o professor e artista plástico Almiro Mendonça, de 72 anos, se exaltou com a situação (veja vídeo abaixo) e protestou contra a falta de informações. "Minha esposa está traumatizadas pessoas não conseguem saber o que precisam. A Vale tem por obrigação desativar essa barragem urgente para que as pessoas possam ficar em paz", afirma.