A concentração de metais pesados no Rio Paraopeba, em decorrência do rompimento da barragem de rejeitos de minérios B1 do Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, vem diminuindo, à medida que o tempo passa e o material é diluído nas águas do manancial. No entanto, os níveis dos elementos poluentes no rio ainda estão acima dos limites permitidos. É que aponta o último boletim do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) sobre o monitoramento da qualidade da água do Paraobeba, realizado pelo órgão, juntamente com Agência Nacional de Águas (ANA), o Serviço Geológico do Brasil (CPMR) e a Copasa, desde o desastre, ocorrido em 25 de janeiro.
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Após atraso, Vale conclui instalação de 1ª membrana de contenção no Rio ParaopebaCustos da União com Brumadinho serão cobrados da Vale, diz AGULama acaba com reduto de canoagem no Rio Paraopeba, em BrumadinhoDuas barreiras instaladas pela Vale começam a operar no Rio ParaopebaVale: sirenes não funcionaram em razão da velocidade do rompimento da barragemAinda de acordo com a ANA, a chuva também provocou o aumento da turbidez da água do Rio Paraopeba. “Após a chuva, (..), foi observado um aumento de turbidez e a formação de uma segunda pluma (mancha formada pelos rejeitos e outros elementos carreados para dentro do rio). Esta pluma (chamada aqui de pluma 2) está com a sua frente localizada a jusante da BR-381 onde foram observados valores altos de turbidez’, informa o boletim.
Conforme divulgado anteriormente pela própria agência, no dia 26 de janeiro, foram verificadas concentrações de chumbo total e mercúrio total no Rio Paraopeba – 21 vezes maior do que o limite permitido pelas normas ambientais. A alta contaminação de chumbo e mercúrio foi constada a estação de captação da Copasa em Brumadinho (a 19,7 quilômetros da barragem) e em outro ponto, Fecho do Funil (a 24,2 quilômetros do local do desastre). Na ocasião, também foram constadas a presença no rio de outros metais como níquel, cádmio e zinco, acima dos valores que podem ser tolerados.
No boletim de sexta-feira, a ANA informa que: “no dia 26 de janeiro de 2019, primeiro dia após o desastre, foram observadas as maiores concentrações.
PRECISA DE ANALISES MAIS PROFUNDA SOBRE METAIS
O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba (CBH Paraopeba), Winston Caetano de Souza, salienta que, apesar do monitoramento feito pelos órgãos ambientais, serão necessárias analises mais profundas para saber a dimensão da contaminação do rio por metais pesados, principalmente, em relação aos organos-clorados. “Dai, poderemos fazer uma avaliação mais acertada”, observa.
“São aproximadamente 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minérios. Portanto, ainda é cedo para fazermos uma avaliação nesse momento”, afirma Souza. Por outro lado, ele lembra que os comitês de bacias, os órgãos ambientais e os municípios aguardam o plano de recuperação ambiental a ser apresentado pela Vale.
O presidente do Comitê da Bacia do Paraopeba lembra que os danos ambientais provados pela lama de rejeitos de minério que vazou da barragem de Brumadinho são imensuráveis. Ele lembra que os rejeitos causaram a morte do Córrego do Feijão, e do manancial Ferro-Carvão e, por consequência, atingiram também o Rio Paraopeba, atingindo a flora e a fauna. Além disso, a lama comprometeu as águas da região. “E ainda não sabemos os impactos no lençol freático, entre outros danos”, destaca o ambientalista..